Mural https://mural.blogfolha.uol.com.br Os bastidores do jornalismo nas periferias de SP Mon, 27 Dec 2021 13:12:41 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Projetos do Campo Limpo disputam Prêmio Jabuti de incentivo à leitura https://mural.blogfolha.uol.com.br/2019/10/30/projetos-do-campo-limpo-disputam-premio-jabuti-de-incentivo-a-leitura/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2019/10/30/projetos-do-campo-limpo-disputam-premio-jabuti-de-incentivo-a-leitura/#respond Wed, 30 Oct 2019 17:40:26 +0000 https://mural.blogfolha.uol.com.br/files/2019/10/IMG-20191029-WA0013-320x213.jpg https://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=16949 Cléberson Santos

Duas iniciativas atuantes na região do Campo Limpo, zona sul de São Paulo, estão concorrendo ao Jabuti 2019, o principal prêmio literário do País. 

Estão entre os 10 semifinalistas da categoria “fomento à leitura”, o Sarau do Binho e a Rede LiteraSampa. 

Os finalistas serão divulgados pela CBL (Câmara Brasileira do Livro (CBL), organizadora da premiação, na próxima quinta-feira (31). A cerimônia de premiação será no dia 28 de novembro, em cerimônia no Auditório Ibirapuera, em São Paulo.

O Sarau do Binho é um dos principais encontros entre poetas no Campo Limpo e existe desde 2004. Assim como outro importante sarau da região, o da Cooperifa, ele também ocorria em um bar. Isso até 2012, quando a prefeitura determinou o fechamento do local.

Desde então, Binho passou a organizar encontros em escolas e espaços culturais. Hoje, o sarau é realizado em um teatro em Taboão da Serra, na região metropolitana de São Paulo, e na Praça do Campo Limpo.

“É como uma chancela. Nos impulsiona a continuar com nossas ações e sermos mais criativos ainda, buscando soluções que possam ajudar as pessoas a terem o encontro com o livro”, afirma Suzi de Aguiar Soares, 53, organizadora do Sarau.

Além disso, o coletivo também é responsável por outras ações de incentivo à leitura, como a Kombiblioteca e a Felizs (Feira Literária da Zona Sul), que teve a quinta edição no mês passado.

Mara Esteves é articuladora da Rede LiteraSampa e gestora da Biblioteca Comunitária Djeanne Firmino, no Jardim Olinda (Cléberson Santos/Agência Mural/Folhapress)

Já a LiteraSampa é uma rede de bibliotecas comunitárias espalhadas por diversas regiões da capital e também na Grande São Paulo. Segundo Mara Esteves, 35, articuladora da LiteraSampa, a rede surgiu após uma reflexão durante um edital de criação de bibliotecas em 2011.

Ela comenta que muitos projetos foram encerrados após o fim de financiamentos. “Para que isso não fosse tão cotidiano, foi dialogado para se criar a rede e, assim, a gente tivesse mais potência de captação de recurso e de conhecimento distribuído por igual para todos”, explica.

Hoje, a Rede LiteraSampa conta com um total de 11 bibliotecas, sendo três na Grande SP (duas em Mauá e uma Guarulhos), uma no centro, uma na zona oeste, duas na zona leste e outras quatro na zona sul, como a de Parelheiros, que fica dentro do cemitério da região. 

A LiteraSampa também promove intervenções artísticas em suas bibliotecas e também seminários sobre a importância da leitura, inclusive para leitores mirins. 

Mara aponta que a indicação da LiteraSampa representa um olhar mais atento da organização do Jabuti às iniciativas da periferia.

Fiquei surpresa. Nós que acompanhamos o setor da literatura e do livro no Brasil estamos acostumados a ver esses espaços serem ocupados somente por iniciativas que estão vinculadas à elite”, diz. “É um divisor de águas no resultado de um dos prêmios mais tradicionais do país”.

Além do Sarau do Binho e da Rede LiteraSampa, também disputam o prêmio de “incentivo à leitura” projetos ligados ao SESC, SESI, Senac, Itaú e também o poeta Sérgio Vaz, da Cooperifa, e a youtuber Isabella Lubrano, do canal Ler Antes de Morrer. Junto com o troféu, o vencedor receberá R$ 5.000.

Segundo o regulamento do Prêmio Jabuti, serão avaliados critérios como a abrangência e a inclusão do projeto, o caráter inovador e criativo e a capacidade de abrangência e sustentabilidade econômica. 

MAIS PERIFÉRICOS

Outros artistas de periferias de São Paulo também estão na lista de semifinalistas do Prêmio Jabuti.

O quadrinista Alexandre de Maio, que desenhou a reportagem “Minas da Várzea”, concorre na categoria “História em Quadrinhos” com o livro “Raul”; Paulo D’Auria, do coletivo “Poetas do Tietê”, está com o livro “As Novas Aventuras de Guaracy” disputando na categoria “juvenil”; Tom Faria concorre na categoria “biografia” com o livro que conta a história da autora Carolina de Jesus; E em “Economia Criativa”, Edson Leite concorre com o livro “Por Que Criei a Gastronomia Periférica”.

Cléberson Santos é correspondente do Capão Redondo

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Livro sobre a obra de Tula Pilar é lançado em feira literária da zona sul de SP https://mural.blogfolha.uol.com.br/2019/09/19/livro-sobre-a-obra-de-tula-pilar-e-lancado-em-feira-literaria-da-zona-sul-de-sp/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2019/09/19/livro-sobre-a-obra-de-tula-pilar-e-lancado-em-feira-literaria-da-zona-sul-de-sp/#respond Thu, 19 Sep 2019 18:03:56 +0000 https://mural.blogfolha.uol.com.br/files/2019/09/Carmen-e-Maitê-Arquivo-pessoal-1-320x213.jpeg https://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=16776 Gisele Alexandre

“Tenho 29 anos, mas já vivi mais de 100 considerando meus conhecimentos, minha sabedoria, incluindo minha rebeldia”. Era assim que Tula Pilar, que morreu em decorrência de uma parada cardíaca em abril deste ano, se definia na poesia “Sou uma garota ousada”.

No sábado (21), a garota ousada será homenageada com o lançamento do livro “Pilar futuro presente: uma antologia para Tula”. 

A obra reúne poesias e contos escritos por Tula, além de entrevistas e cartas de outras mulheres negras em admiração à poeta.

O lançamento será na Praça do Campo Limpo, zona sul da capital, como parte das atividades de encerramento da Felizs (Feira Literária da Zona Sul).

Ao longo da vida, Tula fez da poesia instrumento de resistência e o trabalho inspirou outras mulheres das periferias da capital. A jornalista Maitê Freitas, 34, moradora da Capela do Socorro, na zona sul, é uma delas e é uma das organizadoras da publicação.

“Essa antologia é meu jeito de dar o meu abraço forte na Pilar e dizer ‘muito obrigada’”, conta Maitê.

Livro com textos de Tula Pilar, escritora que morreu em abril (Divulgação)

A publicação ganhou forma após um convite de Suzi Soares, articuladora e produtora cultural do Sarau do Binho, coletivo responsável pela produção da Felizs.

Maitê conta que o processo de produção da publicação durou cerca de três meses e ela contou com apoio da também poeta e escritora Carmen Faustino, 40, moradora do Campo Limpo, outra amiga e admiradora do trabalho de Tula Pilar, a quem conheceu em 2007.

“Nossas conversas na madrugada eram sempre muito divertidas e cheias de conselhos. Pilar foi e ainda é uma inspiração para minhas poesias e textos eróticos, sua ousadia abriu caminhos para muitas de nós”, diz Carmen.

O livro foi produzido integralmente por uma equipe feminina e negra. A obra traz ainda cartas de Marina Costa, Elizandra Souza, Dandara Kuntê e Vera Eunice (filha da escritora Carolina Maria de Jesus, autora de “Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada” e que viveu entre 1914 e 1977).

O livro foi editado pelo Selo Sarau do Binho em parceria com a Oralituras. O projeto gráfico também foi criado pela designer Loredana Oliveira, 31, moradora da Vila do Castelo, zona sul, que também teve a oportunidade de conviver com a poeta. 

“Meu processo criativo foi bem difícil, pois eu estava presa a muitas emoções”, diz Loredana. “Depois de algumas pesquisas encontrei o sankofa, que são símbolos de Gana (África) que representam palavras. Foi daí que surgiu minha inspiração para os elementos que estão no livro”.

A ilustração da capa foi criada pela artista plástica e professora universitária Renata Felinto, 41, que hoje vive no estado do Ceará, mas que conviveu com Tula. A ideia foi inspirada na imagem de Tula sorrindo, um traço marcante das apresentações da autora.

Renata ressalta a importância que Tula teve para o entendimento de sua própria sexualidade e afetividade. Assim como era a poeta, ela também é uma mãe que tenta equilibrar a rotina com os filhos sem deixar de lado seus desejos femininos. 

“A flor que tem no cabelo da Tula Pilar na ilustração capa se chama clitória. Achei que essa flor seria perfeita, já que ela esbanja alegria via prazer. Prazer não apenas no sentido sexual e afetivo, mas prazer no sentido de respirar a vida”, finaliza.

O livro “Pilar futuro presente: uma antologia para Tula” está disponível na pré-venda na internet

Foram impressos 150 exemplares e a meta é imprimir 1.000 unidades, o que depende dos pedidos. A venda será destinada aos filhos de Tula Pilar e à impressão de novos exemplares.

Gisele Alexandre é correspondente do Capão Redondo

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Famílias que perderam casas no Campo Limpo ainda esperam apoio https://mural.blogfolha.uol.com.br/2019/02/21/familias-que-perderam-casas-no-campo-limpo-ainda-esperam-apoio/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2019/02/21/familias-que-perderam-casas-no-campo-limpo-ainda-esperam-apoio/#respond Thu, 21 Feb 2019 12:24:58 +0000 https://mural.blogfolha.uol.com.br/files/2019/02/IMG_1033-320x213.jpg https://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=15611 Caroline Pasternack
Gabriela Costa

Um mês depois do desabamento de casas no Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, moradores ainda não sabem qual caminho tomarão. Oito famílias tiveram de deixar o local, próximo do Córrego Diniz.

Quem perdeu tudo pede uma nova moradia o quanto antes, sob o argumento de que os desabamentos são fruto de negligência da prefeitura ao realizar uma intervenção em dezembro do ano passado. O auxílio aluguel de R$ 400 ainda não foi liberado.

Nas últimas semanas, membros das famílias desabrigadas tiveram duas reuniões com representantes da prefeitura e da subprefeitura do Campo Limpo, no prédio da Secretaria da Habitação. As conversas se mostraram inconclusivas.

Marcela Ribeiro Pereira, 38, notou as primeiras rachaduras nas paredes do domicílio em 18 de dezembro do ano passado, dias após uma ação da prefeitura para limpeza do córrego.

Ela conta que a manutenção costumava ser simples, apenas a poda de vegetação das margens, mas que, naquela ocasião, foram usadas máquinas mais pesadas. “Eles vieram com as máquinas, sem o consentimento dos moradores. Disseram que iam fazer limpeza [desassoreamento], mas arrancaram as estruturas das casas”.

Ainda há escombros no local do desabamento (Caroline Pasternack/Agência Mural/Folhapress)

Do lado da prefeitura, a gestão afirma que a intervenção no córrego tem o respaldo da Justiça, pois se trata de serviço de prevenção a inundações.

A administração afirma que foi feita uma obra de desassoreamento (limpeza no fundo de rios e córregos) com a utilização de escavadeiras hidráulicas. A administração diz também que a limpeza foi feita após acordo judicial firmado com moradores. Segundo eles, a ação, proposta pelo Ministério Público, começou a ser discutida em maio de 2018. Marcela desconhece a existência desse acordo.

A prefeitura também alega que o terreno é de sua posse e está em processo de reintegração. “Por decisão judicial, em 1989 as margens foram desocupadas pela primeira vez e, desde então, voltaram a receber construções”.

Outra moradora do bairro, a dona de casa Risalda de Araújo Silva, 38, conta que ela e o marido ganharam o terreno de conhecidos quando se mudaram para a cidade, há cerca de dez anos. Após o desabamento, ela e o marido seguem abrigados em uma igreja.

Já Marcela herdou a casa dos pais, construída há 30 anos. Elas não possuem escritura dos respectivos imóveis.

Para o advogado de direito civil Daniel Nicioli Furtado, 35, mesmo com a posse do terreno, a prefeitura tem responsabilidade. “Todo terreno público deve possuir uma função social. Nesse caso, é importante saber se a prefeitura cumpria com isso”, afirma. “Outro ponto é a limpeza: se a prefeitura utilizou métodos irregulares, como os moradores alegam, e se causou o acidente, ela tem responsabilidade e deve indenizar essas famílias.”

Entretanto, o processo não é fácil. Para exigir pela Justiça que a indenização seja paga, é necessário, por meio de uma ação coletiva, que as famílias acionem a Fazenda Pública. Decisões como essas, no melhor cenário, levariam dois anos para serem julgadas.

Além disso, as indenizações seriam pagas via precatórios (espécie de promissória que entraria na fila de pagamentos da prefeitura). “Os moradores entrariam na fila das precatórias, e esses pagamentos podem sair em até dez anos. É um caso muito complexo”, complementa Furtado.

A Agência Mural esteve na região na última semana. No local, casas próximas de onde ocorreram os desabamentos e demolições ainda estão habitadas. Parte dos destroços ainda não foi retirada, mesmo assim, o acesso ao córrego é livre, sem interdições.

Os vizinhos que perderam as moradias se comunicam diariamente via grupo de WhatsApp, a fim de arrecadar doações, comunicar sobre reuniões ou mesmo pensar em como exigir novas casas. Contudo, ainda não chegaram a um consenso sobre as próximas ações.

Gabriela Costa e Caroline Pasternack são correspondentes do Campo Limpo
gabrielacosta@agenciamural.org.br
carolpasternack@agenciamural.org.br

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Artistas do Campo Limpo e de Taboão da Serra vencem prêmio de melhores do ano https://mural.blogfolha.uol.com.br/2018/12/20/artistas-do-campo-limpo-e-de-taboao-da-serra-vencem-premio-de-melhores-do-ano/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2018/12/20/artistas-do-campo-limpo-e-de-taboao-da-serra-vencem-premio-de-melhores-do-ano/#respond Thu, 20 Dec 2018 16:14:03 +0000 https://mural.blogfolha.uol.com.br/files/2018/12/IMG-20181220-WA0032-320x213.jpg https://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=15279 Lucas Veloso

Era 2017. Um jovem dramaturgo estava com uma peça pronta sobre a história de um menino negro da periferia. Ele tinha acabado de ganhar um edital para produzir o espetáculo. Ao pensar na direção, lembrou da atriz Naruna Costa, 35.

Quando ela recebeu o convite, hesitou em aceitar por conta da rotina, mas após ler o texto, achou que deveria colaborar com a obra. Aceitou a direção. 

Na semana passada, a APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) divulgou os vencedores do prêmio, que contempla os melhores do ano, e Naruna estava lá na categoria direção de teatro. Ela recebeu o prêmio por “Buraquinhos – ou o vento é Inimigo do picumã”.

Naruna é de Taboão da Serra, na Grande São Paulo, cidade vizinha ao bairro do Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, onde vive outro premiado na edição deste ano: Rubens Oliveira, 33. O bailarino foi reconhecido pela direção e coreografia de “Subterrâneo”, espetáculo de dança do grupo Gumboot Dance Brasil.

A APCA premia anualmente os melhores nas categorias: arquitetura, artes visuais, cinema, dança, literatura, música popular, rádio, teatro, teatro infantil e televisão.

Naruna tinha pouca expectativa de ser premiada. Também concorriam Gabriel Villela por “Estado de Sítio” e Inez Viana que dirigiu “A Mentira”.

“Tenho 15 anos de [Grupo] Clariô e sei o quanto de qualidade, estética, poética, política, além de profética tem nosso trabalho, e quanto isso merece prêmio, mas que não foi acessado [até agora] por conta dessa camada que julga os trabalhos teatrais”, diz.

Morador do Campo Limpo, o bailarino Rubens Oliveira venceu pelo espetáculo “Subterrâneos” (Mario Cassetari/Divulgação)

Ela foi contemplada pelo espetáculo que conta a história de um menino negro, morador da periferia de São Paulo, que corre o mundo para fugir da violência policial. Participaram da peça os atores Ailton Barros, Clayton Nascimento e Jhonny Salaberg. O último foi quem escreveu a obra.

“Esse fato nos dá mais vida, afinal, foi escrito por um jovem negro, dirigido por uma mulher negra, todos de periferia, e ganhamos um prêmio da elite do teatro paulistano, como é o APCA. Nosso corpo é político”, resume a diretora.

DANÇA

Na mesma linha de pensamento, Rubens Oliveira vê a questão da representatividade como fator essencial na premiação, pelo protagonismo dos artistas que vivem nas bordas da cidade. 

“É muito feliz saber que nós, artistas negros e periféricos, estamos ocupando este lugar [da premiação], porque a arte mesmo está em todo lugar, e pertence ao lugar em que os artistas quiserem”, declara.

“Subterrâneo”, de Oliveira, traz um panorama do Brasil de hoje, e dos trabalhadores das minas na África do Sul. As situações degradantes sofridas pelas pessoas mais pobres nos dois países é mostrada no palco, com 13 dançarinos do grupo Gumboot Dance Brasil.

“Artistas negros ganhando prêmios na cidade de São Paulo, contando a história de ‘pessoas invisíveis’ diz muita coisa”, completa Oliveira.

Lucas Veloso é correspondente de Guaianases
lucasveloso@agenciamural.org.br

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Educadores montam curso gratuito de criação visual no Campo Limpo https://mural.blogfolha.uol.com.br/2018/06/21/educadores-montam-curso-gratuito-de-criacao-visual-no-campo-limpo/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2018/06/21/educadores-montam-curso-gratuito-de-criacao-visual-no-campo-limpo/#respond Thu, 21 Jun 2018 15:22:38 +0000 https://mural.blogfolha.uol.com.br/files/2018/06/406f452e-ef2e-485d-ac8b-8bff8ba41e2e-320x213.jpg http://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=13580 Caroline Pasternack

Após finalizar um curso de criação gráfica em 2015, Gustavo Domingues, 19, pensou que poderia ter tido este conhecimento mais cedo em sua trajetória. No entanto, formações como essas eram poucas ou fora de seu orçamento no Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, onde mora.

Essa situação levou o educador ao lado de Franciele Meireles, 25, estudante de design e sua antiga educadora, a se juntarem para criar uma escola que atendesse a região.

“Ser designer gráfico ou ilustrador na periferia é difícil porque não são profissões muito valorizadas e que não encontram representatividade na periferia, não é uma ferramenta acessível”, afirma Gustavo.

Batizada de Criart, a ideia é que a escola funcione como um coletivo de educação em comunicação visual voltada para jovens de 16 a 25 anos e que residam nas regiões do Campo Limpo, Capão Redondo, Jardim Ângela e Taboão da Serra, na Grande São Paulo. A primeira turma está sendo formada no final deste mês e as oficinas serão gratuitas.

“A criação da escola é uma decisão de ocupar todos os lugares possíveis. Existem jovens que querem seguir esse caminho das artes, mas acabam desistindo”, conta.

Além de Gustavo e Franciele, a educadora e gestora em comunicação Andressa Mota, e a educadora e designer Camila Ribeiro ajudarão nas oficinas. Para realizar as atividades, eles fizeram uma vaquinha. O grupo tem buscado outras fontes de recursos e se inscreveu no  VAI (Valorização de Iniciativas Culturais) da prefeitura de São Paulo e fará uma campanha de financiamento coletivo.

Alunos irão fazer trabalho sobre moradores do bairro (Divulgação)

A decisão de iniciar o projeto foi tomada em outubro do ano passado. Após algumas pesquisas, Franciele e Gustavo encontraram apenas uma instituição de ensino voltada à comunicação visual na periferia, já na Vila Sônia, na zona oeste, e com uma parcela alta.

“A ideia parte de um sonho nosso de esse conteúdo que temos girar. Por isso a ideia foi criar não só uma escola, mas um coletivo de comunicação e que nossos alunos continuem repassando o que aprenderam ao final do curso”, explica Franciele.

PUBLICAÇÃO

Os interessados passarão por um processo que vai avaliar os objetivos e conhecimentos prévios de cada aluno. As oficinas terão duração de seis meses e irão abordar traços, colorismo e uso de materiais alternativos.

Os alunos irão criar histórias inspiradas em moradores do bairro. O trabalho virará um fanzine, digital ou impresso, e a ideia é desconstruir estereótipos sobre a periferia.

Ao final do curso, dois fanzines serão apresentados no ILove Laje, espaço colaborativo de trabalho, também no Campo Limpo, com a presença de artistas locais que irão mediar a leitura e debater o produto criado.

“Além do aprendizado técnico, os alunos serão provocados a falar desses espaços com narrativa territorial, conversar com pessoas da localidade, reconhecerem o lugar onde elas moram e se integrar de novo”, complementa Gustavo.

As oficinas serão no próprio ILove Laje ou no Centro de Mídia e Comunicação Popular M’Boi Mirim, localizado no Jardim Ângela. A escolha irá depender da localidade da maioria dos inscritos. A previsão de início da primeira turma é para o final deste mês de junho e a disponibilidade de vagas pode ser consultada no Facebook do Criart.

Caroline Pasternack é correspondente do Campo Limpo
carolpasternack@agenciamural.org.br

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Coletivo cria Escola Popular de Iluminação de teatro no Campo Limpo https://mural.blogfolha.uol.com.br/2017/08/25/coletivo-cria-escola-popular-de-iluminacao-de-teatro-no-campo-limpo/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2017/08/25/coletivo-cria-escola-popular-de-iluminacao-de-teatro-no-campo-limpo/#respond Fri, 25 Aug 2017 17:50:13 +0000 https://mural.blogfolha.uol.com.br/files/2017/08/20988450_1574927589224579_7914420652246627092_o-180x120.jpg http://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=11788 “O que é uma pedagogia da luz?”. Essa é a pergunta que nove jovens comunicadores de várias partes da Grande São Paulo buscam responder ao abrirem a EPI – Escola Popular de Iluminação, para despertar jovens para a profissão de iluminador nas artes cênicas, no Campo Limpo, zona sul de São Paulo.

O coletivo C9 Iluminação, formado por Denis Kageyama, 27, Felipe Tchaça, 26, Gabriela Araujo, 28, Kenny Rogers, 27, Marcela Katzin, 37, Michelle Bezerra, 23, Natália Peixoto, 23, Rebeca Konopkinas, 26, e Ricardo Barbosa, 23, quer criar uma metodologia própria para compartilhar conhecimentos sobre a responsável por fazer o mundo visível: a luz.

Com formações e experiências na comunicação e no teatro, o grupo se cruzou no curso de iluminação em uma escola de artes cênicas.

“Tivemos certas dificuldades de acesso. Muitos de nós moram em lugares distantes do centro da cidade. Então a gente pensou em dividir esse conhecimento para pessoas que não tenham a oportunidade de ir até o centro da cidade, seja por questões financeiras ou de tempo”, conta Kenny, um dos idealizadores da EPI, morador de Taboão da Serra.

A Escola Popular de Iluminação começou as atividades com bate-papo entre iluminadores (Karol Coelho/Folhapress)

Além do curso de iniciação em iluminação cênica, que durará cerca de sete meses, também serão promovidos encontros com profissionais da iluminação, que são chamadas de “diálogos da luz”, e oficinas livres, de um dia, em outros espaços da cidade.

“A gente quer sempre se questionar, como coletivo e como profissionais, e pensarmos em coisas juntos e também, como a EPI estará na zona sul, queremos levar para outras áreas de São Paulo”, explica Kenny.

No ano passado, o C9 Iluminação teve um projeto aprovado pelo VAI (Valorização de Iniciativas Culturais), programa da prefeitura que direciona verba a grupos culturais.

O projeto “Iluminação: o Que Você Vê Não É Apenas o Que Você Vê” partiu da questão de que a realidade enxergada, conforme entende-se a luz, pode ser modificada. “Nas nossas oficinas queremos mostrar que há mais do que a gente vê normalmente”, diz.

Foram cinco meses de aulas em espaços como a Casa de Cultura do Butantã e o Projeto Arrastão, que resultou na realização pelos aprendizes da iluminação em um espetáculo solo de um bailarino. Durante a formação, profissionais tanto do segmento quanto de outras áreas ligadas ao palco compartilharam experiências com a turma.

Fábio Retti é um dos principais iluminadores no cenário da ópera no Brasil e esteve presente em uma das aulas ano passado. “A gente não tem curso superior de luz, não é uma profissão estabelecida, então o grupo teve o privilégio de ter a formação e a generosidade de vir compartilhar”, afirma. “Iluminação é quase uma profissão secreta. Toda vez que é para preencher uma ficha, na área de profissão você coloca iluminador e sempre surge uma interrogação”.

Fábio Retti é iluminador de ópera e conversou com alunos do projeto do C9 Iluminação (Karol Coelho/Folhapress)

Fábio diz acreditar que todo mundo encontra a iluminação por acidente. “Como se forma as pessoas? Muitos carregadores de empresas de luz no dia a dia aprenderam a mexer no refletor em uma mesa e acabaram virando iluminadores”, exemplifica.

Bianca Andreatti, 20, e Renata Santos, 20, são dançarinas e fizeram as oficinas ano passado. “O que é um espetáculo sem a luz?”, questiona Bianca. “O que mais me impressiona é o poder que a iluminação tem de mudar um cenário, de mudar um local, um espetáculo ou até mesmo um ambiente em casa”.

Atuando também em produção, Renata percebeu o quanto a luz transforma e afeta cada intérprete em um espetáculo. “Estou observando mais e de primeira é muita informação. Além de corpo, cenário, figurino, há a luz também no espetáculo e isso é muito interessante”, conta.

Na segunda-feira (21), a EPI foi lançada com uma mesa de debate entre os iluminadores Denilson Marques, Tomate Saraiva, Agnaldo Nicoleti e Fábio Retti e, a partir de setembro, jovens, acima de 16 anos, poderão se inscrever no curso de iniciação de iluminação cênica, que será realizado no Espaço CITA (Cantinho de Integração de Todas as Artes).

“A gente pensou em focar no público mais jovem para despertar, talvez, em alguns deles o interesse, não apenas pela iluminação, mas pelas artes do palco como um todo. A iluminação pode ser esse primeiro contato”, ressalta Kenny.

Karol Coelho é correspondente do Campo Limpo
karol.mural@gmail.com

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Criatividade nas periferias vem da ausência do Estado, diz morador do Campo Limpo em evento https://mural.blogfolha.uol.com.br/2017/06/29/criatividade-nas-periferias-vem-da-ausencia-do-estado-diz-morador-do-campo-limpo-em-evento/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2017/06/29/criatividade-nas-periferias-vem-da-ausencia-do-estado-diz-morador-do-campo-limpo-em-evento/#respond Thu, 29 Jun 2017 19:48:05 +0000 https://mural.blogfolha.uol.com.br/files/2017/06/1Seminário-Periferias-Urbanas-Fundação-Tide-Setubal-180x120.jpg http://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=11460 “É importante que a gente não romantize a inventividade que existe nas periferias, pois ela advém da ausência do Estado”, afirma Tony Marlon, jornalista e morador do Campo Limpo, bairro da zona sul de São Paulo, durante o Seminário ‘Periferias Urbanas: territórios de desafios e possibilidades no enfrentamento das desigualdades’.

O evento, realizado na segunda-feira (26), no auditório da Fundação Getúlio Vargas – FGV, no centro da cidade, foi promovido pela Fundação Tide Setubal, em parceria com o Centro de Estudos em Sustentabilidade (GVces) da FGV EAESP.

O encontro reuniu especialistas com diferentes experiências e vivências sobre o tema para aprofundar o debate sobre os desafios das periferias em um cenário de desigualdades socioespaciais, além das oportunidades de transformações a partir de um olhar para o território.

Tony, ativista e mobilizador em sua região, já indicado para o Prêmio Empreendedor Social, destacou durante sua fala em uma das mesas do encontro a necessidade de um olhar mais profundo e mais crítico sobre o potencial criativo dos territórios periféricos.

“É importante que a gente não romantize a inventividade que existe nas periferias, pois ela advém da ausência do Estado. Nós, da periferia, estamos criando soluções, sim, mas porque estamos totalmente à margem daquilo que já existe”, comentou.

Ele citou que esses espaços ainda precisam de investimento e as pessoas têm necessidades que as permitam produzir em condições de igualdade com as mais favorecidas.

Durante o encontro ocorreu o lançamento de uma publicação especial da revista Página 22, produzida pela equipe da FGV EAESP, com reportagens, entrevistas e artigos sobre questões que envolvem os conceitos centro-periferia e a potência dos territórios de alta vulnerabilidade.

A publicação aborda fatores que influenciam e dificultam a tomada de decisão dos gestores públicos na execução de políticas públicas que deem conta das especificidades das regiões periféricas. A edição especial está disponível em formato digital.

Neca Setubal, presidente do Conselho da Fundação Tide Setubal, destacou a importância da transparência de dados e indicadores territoriais para promover maior participação política das comunidades.

“Temos poucos dados georreferenciados que, de fato, consigam chegar às diversas localidades, e aqueles que temos não são transparentes, o que dificulta o acesso da população. É importante que essas informações sejam traduzidas para que a sociedade possa compreender o que significam”, afirma.

A diretora da organização social Redes da Maré e do Instituto Maria e João Aleixo, Eliana Souza e Silva, moradora do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, participou do seminário e comentou sobre a ausência de dados sobre as favelas cariocas, e como isso implica na não representatividade de sua população.

“Há pouco tempo os mapas indicavam as comunidades como grandes manchas, sem casas, como se não tivesse vida lá”, relatou.

Apesar de alguns avanços nas cartografias da cidade, Eliana diz acreditar que são necessárias mais políticas públicas, incluindo de segurança pública para proteção da população.

“De uma maneira geral, as conquistas aconteceram. No entanto, sem dúvida esses resultados se deram muito pela luta dos moradores. Na Maré, conseguimos diversos equipamentos públicos, mas precisamos agora fazer com que eles funcionem. Isso porque o próprio poder público não acredita que o equipamento possa funcionar dentro da favela”, conclui.

Lívia Lima é correspondente de Artur Alvim
livia.mural@gmail.com

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‘O que me agrada é ver alguém saindo com um livro na mão’, diz escritor do Campo Limpo na Felizs https://mural.blogfolha.uol.com.br/2016/09/28/o-que-me-agrada-e-ver-alguem-saindo-com-um-livro-na-mao-diz-escritor-do-campo-limpo-na-felizs/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2016/09/28/o-que-me-agrada-e-ver-alguem-saindo-com-um-livro-na-mao-diz-escritor-do-campo-limpo-na-felizs/#comments Wed, 28 Sep 2016 22:33:55 +0000 https://mural.blogfolha.uol.com.br/files/2016/09/CAPA-DA-MATÉRIA-180x101.jpg http://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=10050 “Hoje foi um dia de muita serenidade, que a gente estava trabalhando, brincando e se divertindo, distraindo a mente”, conta o gari Olípio Pereira de Melo Filho, 40, que trabalhou neste sábado (24) na Praça do Campo Limpo, durante o dia de encerramento da segunda edição da Felizs (Feira Literária da Zona Sul), organizada pelo coletivo Sarau do Binho.

Morador do Jardim Comercial, bairro do distrito do Campo Limpo, Olípio disse que não frequenta eventos como este. “Não costumo porque trabalho de segunda a sábado, só temos domingo de folga. Há muitas prioridades”, explica. “Hoje foi um divertimento para nós, não foi trabalho”.

O vizinho e também colega de trabalho Thiago Ferraz, 28, concorda. Ele conta que o dia foi “favorável”. “Praticamente quem faltou hoje, se lascou”, diz aos risos.

A Felizs realizou duas semanas de atividades neste ano, com diversas atrações musicais, oficinas e conversas literárias em cerca de 20 espaços diferentes, entre bibliotecas, CEUs e espaços culturais da região da zona sul.

Com todas as atividades gratuitas, a organização buscou aproximar temas sociais, como diversidade, gênero e literatura oral, por exemplo, do universo da literatura, além de envolver várias linguagens artísticas. Diana Padial, idealizadora do evento, disse que essa foi uma questão pensada.

“Com o que dialoga a literatura? Ela dialoga com uma diversidade de pessoas que se aproximam através do sarau. Elas compõem uma rede de articulação, e a partir dessa rede a gente tem o sarau na essência, que é essa diversidade de múltiplas linguagens”, explica.

O vigilante Roberto Rodrigues, 48, foi convidado pela irmã, que faz parte da organização da feira, para ajudar nos bastidores. Ele não havia participado de nada como a feira antes, mas gostou de tudo o que conseguiu ver enquanto trabalhava. “É muito importante porque une a comunidade e abre a nossa mente”, diz.

“A coisa mais linda de todas é ocupar o espaço público, é a gente estar na rua, na praça. Todas as pessoas têm acesso. Isso fortalece o conhecimento para quem quer chegar, quem quer se aproximar e discutir literatura, independente de quem seja”, afirma Diane.

O escritor Levi de Souza, 40, conhecido como Fuzzil, é morador do Parque Fernanda, região do Capão Redondo, e já partipou das duas edições da feira.  Ele diz que apoia a mistura entre a literatura e as artes. “Eu comecei mesmo pelo hip-hop, o hip-hop me mostrou tudo isso. A gente veio descobrindo a literatura, essas artes, e no nosso bairro temos tanta gente talentosa.”

Alfabetizado aos 17 anos e com três obras publicadas, ele diz que não recebe convites para participar de feiras tradicionais, como a Bienal do Livro, por exemplo, e que a Felizs é uma oportunidade de conhecer outros autores e de dialogar com quem conhece seu trabalho, dividindo espaço com outros autores. “Não tem concorrência, é questão de fortalecimento, é o incentivo à leitura. O que me agrada é ver alguém saindo com um livro na mão, independente do título, de qual editora que é e do autor”, afirma.

Olípio e Thiago não costumam ler, mas cada um pegou, gratuitamente, dois livros no acervo da bicicloteca, uma biblioteca ambulante. “Livrinho de criança, historinhas, peguei para minha menina, de 8 anos”, conta Olípio.

Karol Coelho, 25, é correspondente do Campo Limpo
karol.mural@gmail.com

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Feira Literária da Zona Sul leva oficinas, saraus e shows ao Campo Limpo https://mural.blogfolha.uol.com.br/2016/09/16/feira-literaria-da-zona-sul-leva-oficinas-saraus-e-shows-ao-campo-limpo/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2016/09/16/feira-literaria-da-zona-sul-leva-oficinas-saraus-e-shows-ao-campo-limpo/#respond Fri, 16 Sep 2016 15:34:23 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=9990 Com duas semanas de oficinas, rodas de conversas, shows, saraus e venda de livros de autores locais, a Feira Literária da Zona Sul (Felizs) realiza sua segunda edição.

Organizado pelo Coletivo Sarau do Binho, o evento vai até 24/9. Às 18h de sexta (16), um debate vai abordar questões de gênero e o desafio do acesso à literatura. Em seguida, o grupo Clarianas, de música popular, faz show.

No sábado (17), às 11h, será realizada uma oficina sobre como criar narrativas visuais para livros, no espaço Cita.

Mais tarde, na Casa de Cultura, haverá conversa sobre literatura africana, seguida de show da cantora moçambicana Lenna Bahule. A programação completa está no site felizs.com.br.

 

A cantora moçambicana Lenna Bahule (DIvulgação)
A cantora moçambicana Lenna Bahule (DIvulgação)
CEU Casa Blanca – R. João Damasceno, 85, Vila das Belezas, tel. 5519-5214. Conversa Literária e show Clarianas, sex. (16): 18h. Livre. Grátis.

Espaço Cita – r. Aroldo de Azevedo, 20, Jd. Bom Refúgio. Oficina: A Imagem no Livro, sáb. (17): 11h. Livre. Grátis.

Casa de Cultura do Campo Limpo. R. Aroldo de Azevedo, 100, Jd. Bom Refúgio. Conversa: Narrativas Aficanas, sáb. (17): 14h. Livre. Grátis.

Karol Coelho, 24, é correspondente do Campo Limpo
karol.mural@gmail.com

Dica publicada no Guia Folha de 16/9/16.

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Rede no Campo Limpo dissemina a economia solidária https://mural.blogfolha.uol.com.br/2016/07/28/rede-no-campo-limpo-quer-disseminar-a-economia-solidaria/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2016/07/28/rede-no-campo-limpo-quer-disseminar-a-economia-solidaria/#comments Thu, 28 Jul 2016 12:14:52 +0000 https://mural.blogfolha.uol.com.br/files/2016/07/1_KAROL-COELHO-180x120.jpg http://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=9806 “Quando a gente descobriu, percebeu que já praticava o que a economia solidária trazia como valor há muito tempo”, explica Rafael Mesquita, 32, articulador no Banco União Sampaio, durante o Festival Percurso, realizado no sábado (23), na Praça do Campo Limpo, zona sul de São Paulo.

Em sua terceira edição, o evento reuniu mais de 150 atividades, desde atrações artísticas e musicais até oficinas culturais. Organizado pela União Popular de Mulheres (UPM) e a Agência Solano Trindade, ele é parte de articulações com grupos empreendedores das periferias da cidade.

“Economia solidária” é a organização de produção, consumo e distribuição de riquezas centradas na valorização das pessoas e não no acúmulo de bens. Existem diversas redes em São Paulo para disseminar este conceito e, segundo Mesquita, o intuito é mostrar aos empreendedores que eles não estão sozinhos e que há espaço para expor seus produtos.

“Muitas vezes [os empreendedores] estão dialogando com a questão da diversidade e não é em qualquer espaço que eles conseguem expor”, explica Mesquita. “Isto vai fortalecendo uma outra cultura, tanto para estes coletivos que produzem, quanto para a periferia consumir, pois ela começa a se identificar também com outras coisas.”

Marina Faustino, 33, é representante de vendas de marcas de roupas e acessórios com temáticas africanas. Para ela, que sempre morou no Campo Limpo e trabalhou com comércio na região, a feira e a rede local ajudam a fortalecer o seu trabalho.

“Muitas feiras acabam acontecendo longe e os próprios moradores de perto acabam não conhecendo tanto. [O evento] é bom para a divulgação da nossa marca próxima de onde a gente mora”, afirma ela, que há seis meses começou também a produzir e vender turbantes. “Decidi fazer porque todo mundo ficou interessado”, conta.

Iniciando seu próprio negócio enquanto trabalhava com uma tia na venda de salgados, Sheila Lima, 18, participou do Festival Percurso pela primeira vez com uma barraca para vender seus bolos. “Eu comecei faz pouco tempo a vender e estava fazendo divulgação no Facebook”, diz ela, que recebeu o convite da organização para participar do evento por meio da mesma rede social.

“Eu achei bem legal a ideia. Como eu estou no início é bom para ter experiência de vender para muitas pessoas”, explica. Sheila ainda convidou dois amigos, Anderson Santos, 18, e Charles Garrido, 19, para ajudar no preparo dos bolos e nas vendas. “A rede é isso, todo mundo se ajuda.”

Veteranos no Festival Percurso, o casal boliviano Gregório Colikue, 47, e Marta Zambrana, 45, participou desde a primeira edição vendendo salgados típicos de seu país. Eles moram e vendem no Brás, zona leste, e já participam de uma rede da região. Foi por lá que foram convidados a ter uma barraca no evento. “Quando falam que tem evento a gente vem”, diz Colikue. Há seis anos no Brasil, já faz cinco que eles trabalham no ramo.

Com o esposo e a filha, Michele Romeiro, 31, moradora de Taboão da Serra, viu o Festival como uma boa oportunidade de conhecer a economia solidária. “Não é só questão do movimento de diversão, mas de girar a economia no local. É uma opção para as pessoas, de todos os níveis, de todas as idades”, opina.

“A rede se constrói muito mais aqui do que nas reuniões. É aqui que as pessoas veem de fato os produtos umas das outras, que elas pensam em parcerias, conhecem alguém”, afirma o articulador Mesquita. “Estes resultados a gente vai vendo. Então o festival é isto mesmo, é este momento, o ápice da organização da galera, festivo. É um momento que dá fôlego para gente continuar se organizando no restante do ano e pensando outras ações.”

Karol Coelho, 24, é correspondente do Campo Limpo
karol.mural@gmail.com

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