Em Pirituba, mercado imobiliário cresce mas serviços públicos continuam precários
Por Silvia Vieira Martins
No distrito de Pirituba, zona oeste de São Paulo, a construção de novas moradias tem aumentado nos últimos anos. No entanto, este cenário contrasta com a falta de estrutura do bairro.
Serviços como saúde, transporte público (em média, os ônibus demoram 40 minutos), educação e lazer ainda são precários e atrapalham o dia a dia dos moradores.
Uma pequena ponte improvisada no Córrego do Fogo, na extensão da avenida Amador Aguiar, une a realidade do bairro: novos condomínios, indústrias, casas populares e favelas. De um lado, o bairro Rincão, cercado por ocupações irregulares e, do outro, o Jaraguá, palco de antigas indústrias e novos condomínios.
O porteiro Paulo da Trindade, 62, é morador do Rincão há mais de 30 anos. Com o tempo, viu nascer a favela em torno do seu bairro e os antigos terrenos verdes tomarem formas verticais. “Acho que o governo deveria investir na estrutura do bairro. Estou feliz aqui, mas ainda não temos um posto de saúde”, comenta.
O ajudante geral Edilson de França, 47, e sua mulher Jucimara Paixão, 24, moram no Rincão há nove anos. Improvisaram um barraco à beira do riacho e ali criam seu filho Kennedy Gabriel, de oito meses. “Queremos condições de ter a nossa casa, mas fazendo bicos de ajudante, mal dá para comer. Daqui a gente até gosta, mas o córrego sem canalizar é um problema”, revela Edilson.
A cozinheira Maria Aparecida, 26, também é moradora do Rincão: “Agora temos escolas e parques, mas ainda não temos o córrego canalizado, falta sinalização na rua: tem muita criança brincando e os carros passam rápido, o carteiro não passa em todas as casas da favela. O bairro cresce em número de casas, mas tem que ter estrutura”, reflete.
Obras de melhorias são visivelmente realizadas no bairro, como novas escolas, parques equipados com aparelhos de ginástica e pontos de ônibus cobertos. No entanto, chegam lentamente, em ritmo desproporcional ao crescimento imobiliário.
Silvia Vieira Martins, 30, é correspondente do Jaraguá.
@silviacomunica
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É a realidade em toda São Paulo. Mas parece
que andam se preocupando um pouco com essa questão, no caso do Shoppim JK, você viu o que exigiram para ser liberado o funcionamento?
Falta muito ainda pq só se preocuparam com o fluxo de veículos.
E na periferia? Por que não se exigem mais estruturas? rsrsrrs
Muito bom.
Infelizmente, essa é a realidade das grandes cidades brasileiras. Enquanto elas continuam crescendo, o governo não consegue acompanhar o boom imobiliário. O que a população tem que fazer é reivindicar e cobrar dos governantes, especialmente nessa época de eleições. É neste momento que o povo tem que mostrar a sua força e que querem de fato melhorar a realidade do nosso país.
Eu sinto a mesma coisa no meu bairro, cresce o número de moradias, mas permancece o mesmo número de ônibus, assim ele ficam cada vez mais lotados.