Exposição em SP busca retratar periferias do Brasil

Agência Mural

Os poucos visitantes observam tranquilamente os objetos coloridos presentes no grande salão azul. São porta-toalhas regionais, casinhas esculpidas em tronco de madeira, carrinhos de transportar café. Todos fazem parte da mostra “Design da Periferia”, em cartaz no parque Ibirapuera, zona sul de São Paulo.

Dividida em quatro módulos: “Rua, Casa, Corpo e Brincadeiras”, a mostra busca trazer o trabalho de moradores de regiões como São Paulo, Bahia, Alagoas, Ceará e Rio de Janeiro. A fim de colher a opinião do público, o Mural visitou o espaço, organizado pela curadora Adélia Borges.

Os objetos se destacam pela criatividade. Contudo, nem todos denotam que foram criados a partir da “precariedade de vida” do povo brasileiro ou da improvisação, conceitos defendidos no material de divulgação do evento. “Acredito que todo mundo pode ser produtor de arte”, defende a técnica em museu Tânia Cardenete, 28.

Visitantes na exposição “Design da Periferia”, no Pavilhão das Culturas Brasileiras, parque Ibirapuera

No entanto, ela diz que a produção cultural da periferia ainda sofre restrições. “Os museus têm de ser mais abertos para toda arte”, afirma. “A pessoa vem para o Ibirapuera achando que não é lugar para ela. É uma questão histórica, os museus foram criados para entender e reproduzir aquilo que a elite estava fazendo”, completa.

No espaço, há itens como lamparinas e luminárias, que surgiram a partir do reaproveitamento de embalagens de vidro e latas e, também, objetos com referência a arte regional, como sandálias e chapéus em menção à Lampião e Maria Bonita.

“A gente pensa que tem que ser um material nobre para virar arte, mas o pessoal está reaproveitando material que ia virar lixo. É muito legal”, constata o engenheiro civil Vitor Fonseca, 22.

Miniatura de casas, de João Bosco Gonçalves da Silva. (Juazeiro do Norte, Ceará)

A arquiteta Isabele Reis, 24, acha relevante a exposição dos objetos no Ibirapuera e ressalta que algumas peças podem até ser comercializadas.  “É importante para valorizar o trabalho deles e mostrar que dentro da periferia podem surgir soluções inovadoras de pessoas inteligentes, que têm capacidade de trabalhar no mercado”, diz.

A mostra também apresenta imagens que trazem o dia a dia de moradores de favelas do Rio de Janeiro e São Paulo e convites para shows de reggae, samba, hip-hop e funk, que rolam na periferia paulistana.
Dentre os itens expostos, há, por exemplo, o trabalho do fotógrafo Leonardo Martins Galina, conhecido como Guma, 34, morador do Campo Limpo (zona sul de SP), sobre a expressão dos jovens da zona sul e oeste da cidade por meio de suas roupas.

“[A exposição] retrata artesanatos, coisas que a gente convive todo dia. Mostra um pouco da dificuldade e que em poucas coisas está a felicidade das pessoas”, considera o assistente de RH André Luís Santos, 19, morador de Embu das Artes, na Grande São Paulo. “Traz a simplicidade da periferia”.

Lívia Lima, 25, correspondente de Artur Alvim.
@livialimasilva
livia.mural@gmail.com

Patrícia Silva, 24, é correspondente do Campo Limpo.
@Patricia_Aps
patriciasilva.mural@gmail.com

Tamiris Gomes, 22, é correspondente de Poá.
@tamigomes_
tamirisgomes.mural@gmail.com

Comentários

  1. Tomara que as periferias sejam realmente destacadas, e não sejam avacalhadas, pois nossas periferias são esquecidas, principalmente a zona Leste, o que temos com fartura, são enchentes, insegurança, falta de médicos, falta de Educação, e por ai vai, e tenho dito.

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