Escola de artes de São Caetano corta bolsas de estudo de quem mora fora da cidade

Agência Mural

Quase 200 alunos da Fascs (Fundação de Artes de São Caetano do Sul), na Grande São Paulo, tiveram suas bolsas de estudo cortadas. A medida, tomada no começo deste ano, atingiu todos os 196 estudantes que recebiam o benefício e moravam fora de São Caetano. Dois alunos que residem na cidade continuam com as bolsas.

Criada há quatro décadas, a instituição agrupa quatro escolas que oferecem cursos profissionalizantes em áreas como música, dança, artes visuais e teatro. Muitos dos professores atuais são artistas formados na própria fundação, que possui administração privada e recebe recursos municipais.

De acordo com a lei municipal 4.979/11, a entidade precisa aplicar 10% da verba recebida da prefeitura em bolsas. “A Fundação desenvolve este projeto de auxílio-estudo há muitos anos, tanto para ampliar a formação do estudante quanto para ampliar o atendimento ao aluno e comunidade. É um projeto exemplar de formação e educação cultural”, comenta um dos professores da Fascs.

Após a confirmação do corte na bolsa estágio, os alunos começaram a realizar manifestações pela cidade de São Caetano.

“O corte é desnecessário e desestimula a cultura e a educação, uma vez que nenhum morador de São Caetano deixa de ter bolsa por causa de um não morador. A bolsa-auxílio que eu fazia parte, com contrapartida em pesquisa ou prática teatral, vinha de recursos gerados pela própria Fascs, por isso não entendo a política adotada, uma vez que há anos é assim”, comenta a ex-aluna da Fundação, Sarah Galvano, 25.

Uma das alunas da fundação explica como os colegas se sentem. “O momento é de muita incerteza, temo ter que trancar minha matrícula assim como tantos outros alunos bolsistas. Estamos nos mobilizando para que todos esses problemas sejam resolvidos e pela continuidade da história desta instituição que tanto representa para o cenário artístico paulista”.

“Não estamos brincando de ensinar, nós ajudamos as pessoas a moldar seus sonhos e não é sábio ou direito, a qualquer título, ameaçar os sonhos das pessoas”, comenta Warde Marx, 52, professor de teatro.

O prefeito de São Caetano, Paulo Pinheiro (PMDB), afirma que irá rever o caso das bolsas que foram cortadas, mas não informou um prazo para que isso ocorra.

Jéssica Souza, 21, é correspondente de Guarulhos.
jsouza.mural@gmail.com

 

 

Comentários

  1. Fico triste e preocupada, tudo isso afeta não apenas os alunos que perderam suas bolsas, como também a própria SCS, me formei na Fundação das Artes e mais que a metade do Curso fui bolsista, com toda certeza meu sucesso profissional e pessoal deve-se muito a esta instituição e aos grandes profissionais. Muito mais que formar artistas formam cidadãos de bem, pensantes e críticos que continuam plantando em suas tragetórias… O mundo precisa de menos capitalismo e mais arte e sensibilidade!

  2. O lamentável fato exposto acima, fartamente retrucado nas redes sociais pelos alunos da FASCS, evidencia um triste e velho fenômeno da política brasileira: a sobreposição dos interesses políticos frente ao bem público. Políticos e seus agregados têm a necessidade primitiva de rotular como “erro” e “roubo” tudo o que foi construído anteriormente e, na seqüência, derrubá-lo para eternizar heroicamente seu nome na História. Não bastasse esse comportamento, é notável que a área da Cultura seja o “quartinho” preferido para acomodar “amigos”, cuja capacidade e históricos são no mínimo questionáveis. Mas, como os políticos desconhecem conscientemente o que é Cultura e estão muito felizes assim, está tudo bem. Enquanto isso, professores e alunos que dedicam-se para obter sua formação e sobreviver no difícil, quase desértico, meio artístico brasileiro pagam a conta. Quanto aos políticos? Recheiam as páginas da história da cidade com seu heroísmo devastador. Triste.

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