Interesse de pesquisadores pelo funk aumenta na área acadêmica
“É som de preto, de favelado, mas quando toca ninguém fica parado”, afirma a música popularmente conhecida na voz de Amilcka e Chocolate. Mas além de agitar desde bailes nas favelas até festas de formatura, o ritmo musical, que tem sido o preferido dos jovens na periferia, também tem se tornado objeto de estudo acadêmico.
Durante o Ciclo de Debates sobre o funk, promovido pela Secretaria Municipal de Cultura entre os dias 15 e 24 de agosto, foram discutidas diversas questões relativas ao gênero musical, com a presença dos MCs, militantes de movimentos culturais e muitos universitários e pesquisadores.
“Eu sou professor e sempre percebi que o funk estava muito presente no ambiente escolar e era ignorado. Isso me chamou a atenção”, conta Denis Bezerra, 37, que defenderá em setembro uma dissertação de mestrado que vai abordar a questão da violência dos “bondes” no Programa de Educação e Saúde na Infância e Adolescência da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), de Guarulhos.
Já o estudante de administração pública da Fundação Getulio Vargas (FGV), Michael Cerqueira, 19, se interessa pelo tema, mas sente dificuldade de abordá-lo na faculdade. “Todo mundo dança em festa elitizada, mas para montar um grupo de estudo acha anormal”, comenta.
Para combater esse preconceito com o ritmo, uma das mesas de discussão do Ciclo de Debates teve como temática a afirmação do funk como expressão cultural. Além desta, foram também problematizadas as questões que envolvem a criminalização e repressão dos bailes, o papel da mulher, e as políticas culturais para viabilizar a realização de eventos e promover artistas.
“Alguns pesquisadores entraram em contato com a gente, precisamos saber qual o tipo de pesquisa, se não é tendenciosa, e se vai contribuir para o andamento do funk, para o movimento poder se expressar sem repúdio ou perseguição”, afirma MC Montanha, do projeto Funk TV.
“Existe um preconceito contra a cultura da diáspora africana no Brasil e a academia tem o papel de desconstruí-lo, e quando pesquisadores se propõem a pesquisar temas que são marginalizados, eles contribuem para legitimá-los na sociedade”, diz acreditar Mariana Gomes, 25, mestranda do Programa de Cultura e Territorialidades da Universidade Federal Fluminense (UFF), que analisa a representação feminina de funkeiras como Valesca Popozuda e Tati Quebra Barraco.
Como encerramento do Ciclo de Debates, a Secretaria de Cultura promoverá uma batalha do passinho –espécie de campeonato de dança–no dia 31 de agosto, às 16h, no Centro Cultural da Juventude, na Vila Nova Cachoeirinha, zona norte da cidade.
Lívia Lima, 26, é correspondente de Artur Alvim
livia.mural@gmail.com
@livialimasilva
Não é questão de preconceito ao funk, cada escuta o que quiser, mas 99% dos “funkeiros” são mal educados e não respeitam o direitam que as outras pessoas tem de não escutar o funk. São pessoas que não deixam as pessoas dormirem, são pessoas que deixam crianças menores até do que 05 anos escutarem musicas erotizadas e que incentivam ao uso de drogas. Não entendo este tipo de “estudo” que quer justificar que incentivar o uso de drogas, matar policiais, assaltar e matar são coisas que devem ser respeitadas. Esta onde de politicamente correto no Brasil está passando dos limites.
O Fato é que historicamente os ritmos que surgem no meio popular, o caso do samba por exemplo, sofrem com preconceito por parte da camada “elite”.
O curioso é que da mesma forma em que são repudiados pelas classe mais abastadas no momento em que surgem, logo em seguida são adotados como um dos ritmos preferidos a dançados nas festas não só da periferia, más também da própria elite.
O samba que no inicio era visto como “coisa de preto, favelado e pessoas sem cultura”, hoje é cartão de visitas do nosso país no exterior. E é adorado.
amo o funk…sou uma evangélica funkeira….
thayseluyanne@hotmail.com
missão veia ceara
Se eu fosse comentar tudo o que penso, meu comentário ficaria bem maior do que o post, então; vou me ater a uma pequena observação: Convivo de perto, aqui na comunidade onde eu moro, com as consequências dessa ‘expressão cultural’ que chamam de funk. Infelizmente, a maioria das consequências são negativas.
Muito bacana a matéria, apenas uma ressalva quanto a citação da minha dissertação, pois, ela não aborda apenas a violencia presente nos bondes, mas também seus signos e significados, a cultura funkeira, a sexualidade e as relações de genero …. Parabéns.