Casarão abandonado na V. Guilherme será transformado em casa de cultura
Após dez anos abandonado, um casarão da Vila Guilherme, na zona norte de São Paulo, será transformado em uma casa de cultura, um espaço dedicado para oficinas e apresentações de música, teatro e outras artes.
O imóvel, que fica na rua Coronel Jordão, está em processo de transferência para a Secretaria Municipal de Cultura. Porém, não há previsão para a reabertura do local.
A futura casa de cultura sofre com pichações e vidros quebrados, mesmo com um posto policial comunitário em frente ao espaço, instalado desde 1998.
O fato de o casarão ser tombado desde o ano passado torna mais demorada a realização da reforma.
A história do casarão se confunde com a do próprio bairro. Construído na década de 1920, o espaço abrigou inicialmente o Grupo Escolar Vila Guilherme, primeira escola da região. Quando a instituição mudou de endereço, o terreno virou a sede da administração regional da Vila Maria/Vila Guilherme.
Em 2004, as administrações regionais passaram a se chamar subprefeituras. Com isso, houve aumento no quadro de funcionários e o órgão precisou deixar o casarão.
A reforma visa aumentar o número de equipamentos públicos municipais no bairro. Atualmente, a biblioteca Álvares de Azevedo é a única opção cultural para os moradores da região.
Hoje, o local é usado como depósito do Revelando SP, festival que destaca a produção cultural de várias regiões do Estado e é realizado no parque do Trote. “A proximidade com o parque agiliza bastante a produção do festival de folclore”, disse o grupo que organiza o evento, por meio de nota. O Revelando SP informou, ainda, que tem um projeto cultural para o casarão.
O ator e produtor Pedro Zacarias, 30, tentou utilizar o espaço, mas teve uma surpresa. “Imaginávamos que não havia nada lá. Só descobrimos que era usado como depósito quando procuramos a subprefeitura”, conta. “Em 2002, fizemos uma mostra de dramaturgia no espaço, quando ainda era sede da administração regional”.
Amilton Ferreira, 54, é sócio de Pedro e critica a falta de equipamentos culturais na Vila Guilherme. Ele diz que a Universidade Anhanguera e a Universidade Paulista (Unip), que possuem unidades no bairro, contam com teatros de cerca de 500 lugares cada um, mas são pouco utilizados.
“Quando abriram, a proposta era que fossem espaços culturais para a comunidade. Usaram umas duas vezes e depois fecharam”, diz Amilton.
Em nota, a Unip afirmou que o uso do teatro deve ser “solicitado à direção da instituição, especificando a finalidade, para que se verifique o interesse acadêmico e social da atividade e a disponibilidade do espaço”.
Já a Anhanguera disse “que realiza anualmente eventos como palestras, reuniões, eventos culturais, colações de grau e semanas de cursos com envolvimento de toda a comunidade.”
Raphael Preto, 19, é correspondente da Vila Guilherme
@preto_raphael
raphaelpreto.mural@gmail.com
Minha mãe. primeiro, na década de 30 e eu depois cursamos o primário nesse prédio. No tempo da cartilha “Caminho Suave” lembra?. Bons tempos aqueles.
A zona norte da capital paulista talvez seja a mais pobre da cidade em termos de equipamentos culturais. O Sítio Morrinhos, que abriga uma casa bandeirista, na Casa Verde, é um dos poucos locais existentes na região. Fundamentalmente, o Sesc Santana acaba sendo o único local mais efervescente da região em termos culturais. Sofremos com falta de teatros, museus, galerias, livrarias e cinemas que exibam uma programação mais relevante do ponto de vista artístico. A transformação do casarão da Vila Guilherme em equipamento cultural é uma ótima notícia, mas ainda é preciso muito pra colocar a zona norte minimamente no cenário cultural da cidade. Não dá pra depender de teatro da Unip ou da Anhanguera. Teatro de universidade é quase que exclusivamente usado pra colação e palestras voltadas aos alunos sobre temas relacionados aos cursos nos quais estão matriculados. É necessária uma ação efetiva do poder público, em todas as suas esferas, para reverter essa situação de precariedade. Na semana passada, o prefeito Haddad e o ministro Moreira Franco anunciaram que o Campo de Marte deixará de funcionar quando dois novos aeroportos destinados à aviação executiva começarem a operar, um em Parelheiros e outro em São Roque, o que deve ocorrer em três anos. Que o poder público tenha a lucidez e o espírito republicano de destinar boa parte daquela área para equipamentos de lazer e culturais, com ampla área verde. Em Buenos Aires, isso foi possível, no processo de reurbanização de Puerto Madero. Ali, combinaram áreas verdes com equipamentos culturais, gastronômicos, edifícios residenciais e comerciais. Porque, como bem sabemos, se a sociedade e o poder público bobearem, em dois tempos as incorporadoras tomam aquela área e infestam com torres de estilo neoclássico.
O Amilton informa que o espaço da Anhanguera é pouco utilizado, mas informo que na verdade não é utilizado, dizer que é pouco utilizado seria seria uma inverdade, ao contrário do que informa a Anhanguera “Já a Anhanguera disse “que realiza anualmente eventos como palestras, reuniões, eventos culturais, colações de grau e semanas de cursos com envolvimento de toda a comunidade”. Eu estive este ano na Anhanquera para solicitar o uso do Teatro e fui informado que eles não liberam o espaço a não ser como locação e que o valor é salgado para quer solicita.
Como se sabe, a população pediu e a cidade de São Paulo elegeu uma nova gestão, mais humana e participativa com o cidadão.
Aqui na região dos Distritos de Vila Maria, Vila Guilherme e Vila Medeiros a população também ganhou uma nova gestão, mais humana e participativa com as comunidades, assim esta Supervisão de Cultura tem se desdobrado ao máximo em atender antiga reivindicação local que aclama por transformar referido imóvel onde funcionou o Grupo Escolar Afrânio Peixoto em equipamento público de cultura.
No tocante a proposta apresentada, bem são as palavras do nobre Secretário Municipal de Cultura, Juca Ferreira, “o objetivo seria transformá-lo em equipamento público de cultura apto a articular as dinâmicas culturais do seu entorno com os programas desenvolvidos pela SMC e as demais redes e circuitos culturais da cidade, oferecendo oportunidade de produção e fruição cultural à vasto contingente de cidadãos paulistanos”.
Neste sentido esta Supervisão de Cultura não vislumbra outro projeto para o referido imóvel tombado pelo DPH, se não a proposta apresentada, cujo objeto integraria a meta 27 do Programa de Metas da Prefeitura Municipal de São Paulo, e a administração ficaria sob a responsabilidade e gestão da SMC.
Com relação a análise técnica da situação atual do edifício esta Supervisão de Cultura tem a informar que em 10/10/2013 os técnicos do DPH, arquitetos Marco Winther (Diretor da Divisão de Preservação do Departamento do Patrimônio Histórico) e Mauro Pereira (técnico do DPH que atuou no tombamento) avaliaram o imóvel e assim concluíram “estado geral de preservação razoável e grau de restauro (01) um”.
Assim sendo esta Supervisão de Cultura, manifesta parecer favorável ao projeto pretendido pela SMC e colabora para os trâmites necessários para que a transferência de titularidade do imóvel seja outorgada à Secretaria Municipal de Cultura, como bem salientou o Secretário Municipal de Cultura, Juca Ferreira, “situação mais condizente com o programa de utilização que projetamos para o local”.
TIAGO C. GNECCO
SUPERVISOR DE CULTURA
Subprefeitura de Vila Maria/Vila Guilherme/Vila Medeiros
Como morador da zona norte, espero que o equipamento inicie suas atividades culturais com a mesma rapidez que o senhor demonstrou para fazer propaganda da atual gestão. E que ali funcione um equipamento que oferte a mesma cultura de qualidade que vemos em espaços de outras regiões da cidade. Porque, historicamente, os equipamentos culturais das regiões central, sul e oeste ofertam à população Portinari, poesia concreta, teatro de vanguarda e cinema europeu, latino-americano e asiático de qualidade, para ficar apenas em alguns exemplos, enquanto os das zonas leste e norte ficam exclusivamente com as oficinas de grafite, aulas de capoeira e cursos de artesanato com garrafas pet, atividades muito interessantes, mas que não nos bastam.
Lamentável o descaso de Sao Paulo e em geral o Brasil com a cultura, enquanto que na Suécia o valor a arte e a música começam desde cedo. Muitos aqui sabem tocar algum instrumento musical outros ja participaram em pecas teatrais, primeiro nas escolas depois apresentadas para o publico da cidade, fantástico como levam a serio a cultura ( em um todo ) a serio. Prédios antigos aqui são restaurados e preservados com suas características de época, enquanto que no Brasil mtos são demolidos ou deixados ao descaso de algumas administrações incompetentes e egoístas.