Após quase 50 anos, praça em Osasco mantém homenagem à ditadura

Agência Mural

É na principal via da cidade de Osasco, na Grande São Paulo, que um monumento guarda a lembrança da queda do presidente João Goulart e o início da ditadura no Brasil. Na avenida dos Autonomistas, próximo a rua da Estação, está a praça 31 de Março, com denominação dada em homenagem ao dia em que ocorreu o golpe militar de 1964.

O nome foi dado ao espaço em 1966, três dias antes de o regime completar dois anos. Na época, o município vivia sobre intervenção federal, quando Osasco completava seus primeiros quatro anos –emancipou-se de São Paulo em 1962.

Desde a nomeação, a praça passou por mudanças, menos no nome. Em 1995, passou a ter bandeiras de vários países no local, e teve uma parte denominada de “Pátio das Nações”.

Apesar da lembrança do golpe militar, a poucos metros da praça, o nome de um viaduto tem relação com a redemocratização do Brasil. Em 1986, a estrutura, responsável por ligar a zona sul à zona norte de Osasco, foi batizada de Presidente Tancredo de Almeida Neves, alusão ao político que seria o primeiro civil a assumir a presidência após a ditadura, se não tivesse morrido pouco antes da posse.

Curiosamente, os carros que circulam pela via, após passar sobre o rio Tietê, chegam a avenida Presidente Getúlio Vargas.

HISTÓRICO

O decreto que deu a denominação de 31 de Março à praça foi feito por Marino Pedro Nicoletti, que pertencia ao partido de sustentação do regime militar Arena, e era o interventor federal na cidade. Antes de se unir ao regime, Nicoletti já era vice-prefeito e se tornou interventor após a prisão do prefeito, Hirant Sanazar, e dos vereadores pelos militares.

Na disputa em 1962, prefeito e vice concorriam separadamente e Nicoletti era da chapa contrária a Sanazar, que foi afastado por denúncias de corrupção. Em arquivo disponível no portal da Câmara de Osasco, o então prefeito negava irregularidades e aponta a influência do vice no processo.

“O vice-prefeito foi visto com militares no período que antecedeu o Movimento Revolucionário, levando ‘informações’ a respeito da situação política da cidade”, disse. “Foi quando eclodiu o Movimento em 31 de março de 64. Fizeram denúncias anônimas, o que era suficiente para que um político fosse recolhido aos quartéis”. Nicoletti governou até 1967, quando novas eleições foram realizadas.

Paulo Talarico, 24, é correspondente de Osasco
@PauloTalarico
paulotalarico.mural@gmail.com

Comentários

    1. Heróis militares?..assassinos,vc quer dizer,Doutor?…assassinos de farda,que macularam pessoas e um país..que trouxeram vazio eterno aos parentes das pessoas mortas nesta ditadura..não,caro doutor,não ha heroísmo nisso..só covardia

  1. Paulo, não é somente esta praça – para a qual já sugeri á Câmara e à Sec. da Cultura a mudança do nome – mas também ruas…tem a Filinto Müller, a Costa e Silva, a Praça General Dalle Coutinho (criador do DOI CODI, e a praça em frente à Prefeitura), a Orlando Geisel…enfim…Osasco ainda guarda muito da ditadura e pouco da resistência. Vale lembrar que em 1968 os metalúrgicos de Osasco ousaram resistir e deflagraram uma das maiores greves da história. E não há uma lembrança sequer desse episódio pelas ruas da cidade!

  2. A história deve ser preservada. Penso que não se deve mudar os nomes de praças e ruas em razão do um novo governo ou uma nova ordem, a história é o que foi é não o que é não visão do historiador distante dos fatos. Devemos conhecer a história como ela foi, a fim de evitar erros de outrora. 1964, Golpe ou Revolução? depende de quem conta a história.

  3. E isso por que Osasco nos últimos anos tem tido prefeitos do PT e PSDB, partidos ditos de combate à ditadura militar. São todos farinha do mesmo saco…..

  4. É uma pena que ainda tenhamos pessoas que pensam como o senhor Astério e o senhor Ronaldo. A cidade de Osasco tem um bela história de resisitência ao golpe militar, num período de maior repressão do que nas greves de 1978-1979 e 1980 no ABC Paulista. Muitos operários em Osasco foram presos e toturados por esse famigerado golpe fascista a serviço do imperialismo norte americno. TORTURA E REPRESSÃO NUNCA MAIS!!!!!!

    1. O mais engracado e que nao vi um comentario seu sobre o que esta acontecendo na venezuela….O que aqui era horror la e necessario para manter o camarada no seu posto???

  5. Quanta gente condena o militarismo que o Brasil viveu. Quem viveu naquela época e vive agora nota uma sensível diferença !

    Naquela época era possível passear pelas praças. Os professores eram respeitados. Hoje o cenário é outro.

    Não tenho do que reclamar dos militares – até porque quando a bocada esquenta – os políticos os chamam para resolver as cagad… que eles fizeram, ou não ?

  6. Local onde a praça fica e próximo onde teve a primeira greve. Pobres Osasqueses e emigrantes que fizeram greve
    , pois a cidade esta um lixo, tanto que as ruas são um verdadeiro buraco.
    Educação não exite.
    Quermesse só com portões fechados
    Saude, só quando espirra.
    O orgulho da cidade eh o IPTU alto e a avalanche de companheiros do PT na prefeitura. Sem fazer nada.

    Essa eh a grande Osasco

  7. Pois é, se tudo tiver que ser renomeado, pensem Av. Getúlio Vargas, Rodovia Castelo Branco, Campo de petróleo LULA, e assim vai.

  8. Gostem ou não, 31 de Março foi uma data histórica para o Brasil, na minha opinião positiva como expressão da vontade popular na época, e como tal merece e tem que ser lembrada e homenageada.

  9. Nasci e moro em Osasco desde 1.945. Quando mudar nomes de logradouros público sou visceralmente contra. Osasco,é Terra de forasteiros políticos,não aqueles que vieram e ajudaram e ajudam a construírem a Cidade. Porém, nestes últimos 11 anos, Osasco está um caos. Saúde, coitado de quem precisa, asfalto salve – quem puder, iluminação pública, em especial a avenida Padre Vicente Melillo no trecho entre a Rua José Cândido Machado e o começo da Avenida Jaguaribe ,está uma escuridão total e já faz dias, tornando – se grande auxiliar de assaltantes. Deus salve Osasco!

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