Como cuidar de animais de estimação na periferia de SP

Agência Mural

Na Jova Rural, bairro onde moro na zona norte de São Paulo, não havia pet shop. Nem clínica veterinária, nada. Contudo, há mais de um ano, temos os dois.

Quando não havia clínica, o dono de um animal de estimação precisava dispor de dinheiro para duas coisas:  consulta e transporte até a clínica mais próxima em outro bairro.

Para quem tem carro próprio ou pode contar com um amigo, fica um pouco mais fácil. Se não, um “táxi-dog”, serviço especializado em transporte para animais de estimação, custa a partir de R$ 50, dependendo da distância percorrida. Em último caso, existe o ônibus: o animal divide o espaço com os passageiros. Para isso, terá de contar com uma caixa adequada para o transporte.

Tenho um gato de seis anos  de idade chamado Mion. Ele tem quase seis quilos. Dias atrás, percebi que ele estava mancando e tinha as patas traseiras inchadas. Coloquei-o na caixa e fui a pé em uma clínica veterinária do bairro. Na Jova Rural, a consulta custa a partir R$50.

Dependendo dos casos, como o do meu gato Mion e muitos outros, os animais podem precisar de exames para um diagnóstico mais preciso. Porém esse tipo de clínica não existe por aqui, na Jova Rural, como existem em bairros centrais.

Meu gato Mion
Meu gato Mion
E assim, mais uma vez, torna-se necessário gastar com o transporte e com o exame. Esses locais com equipamentos diversos para exames ficam em bairros mais ricos, próximos de estações de metrô, e são em menor número do que as clínicas. O Mion precisou de raio-x e de ultrassom. Numa clínica particular, o raio-x custou R$125, e o ultrassom, R$ 85. O transporte chegou a R$ 50.Números da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que 10 milhões de gatos e 20 milhões de cães são abandonados. Para diminuir esse número, muitas clínicas particulares promovem promoções de castrações, ONG’s e o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) o fazem gratuitamente, às vezes.O Centro de Educação Unificado ( CEU) do Jaçanã, também na zona norte,  tem recebido mutirões de castração, geralmente realizados nos fins de semana, com cadastro prévio das famílias interessadas, que se comprometem a levar os animais em jejum, depois buscá-los. O CCZ também promove mutirões de adoção de animais.

Para ser mais rápido, optei por fazer o tratamento do Mion na rede particular. Mas nem todo dono de animal de estimação na periferia tem como arcar com todos esses gastos.

Em 2014, a zona norte recebeu o segundo hospital público veterinário da cidade de São Paulo. A instituição faz 15 atendimentos diários para uma equipe de 50 veterinários. O estabelecimento fica no bairro Parada Inglesa. O primeiro hospital público veterinário da cidade foi inaugurado na zona leste, no Tatuapé, em 2012.

O hospital veterinário público da Parada Inglesa é administrado pela Prefeitura de São Paulo, funciona de segunda a sexta feira, das 7h às 19, com senha, que deve ser retirada no dia anterior. Nos fins de semana e feriados, não há distribuição de senhas, apenas retornos e casos emergenciais atendidos das 7h às 12h. Para pegar senha, é necessário apresentar RG original, CPF e comprovante de residência no nome do responsável pelo paciente.

Os donos que conseguirem senha são recebidos por uma assistente social que explica como é feito o atendimento. Depois, os animais passam por uma triagem. O atendimento é prioritário para beneficiários de programas sociais como Bolsa Família e Renda Mínima. O hospital não se responsabiliza por transporte, nem por medicamentos para tratamento em casa.

SERVIÇO:

UNIDADE ZONA NORTE
Avenida General Ataliba Leonel, 3194 – Parada Inglesa – São Paulo/SP
Tel: (11) 2924-9815

UNIDADE ZONA LESTE
Rua Serra de Japi, 168 – Tatuapé – São Paulo/SP
Tel: (11) 2936-4745

Aline Kátia Melo, 30, é correspondente da Jova Rural
@alinekatia
alinekatia.mural@gmail.com