Músicos usam samba para mudar cenário de violência na Brasilândia

Agência Mural

Um grupo de artistas faz do cavaquinho, sanfona, pandeiro e outros instrumentos musicais suas armas para mudar a realidade de um espaço marcado por chacinas, lágrimas e medo no Jardim Eliza Maria, Brasilândia, na zona norte de São Paulo.

A Praça dos Setes Jovens, que ganhou esse nome em homenagem a sete adolescentes mortos em uma chacina em fevereiro de 2007, foi palco de outra tragédia recentemente. Na madrugada do último dia 16 de abril, três jovens, de 16,17 e 22 anos foram assassinados a tiros e outros dois ficaram feridos por dois homens encapuzados.

Grupo do Samba do Bowl em apresentação no Sarau do Damasceno
Grupo do Samba do Bowl em apresentação no Sarau do Damasceno (Foto: Lethícia Arruda)

As ocorrências recentes não intimidaram um coletivo de músicos e artistas que usa o local como palco para fazer um evento já tradicional nos primeiros domingos de cada mês: o Samba do Bowl (por ocorrer dentro da pista de skate em formato bowl). Pelo contrário, o grupo agora samba para espantar a sensação de temor e leva para outros espaços e eventos a história triste em busca de justiça, paz e arte para a praça.

“As vítimas eram garotos inocentes, estavam sempre no Samba do Bowl ou andando de skate com a gente. O clima ficou pesado após o ocorrido, mas nós queremos mudar isso”, conta o educador social e artista Fábio Alves Barbosa, 24, do Samba do Bowl.

Ele e o grupo se apresentaram no Sarau do Jardim Damasceno, no bairro de mesmo nome, no último sábado (10). Durante o evento, o conjunto propôs e fez parcerias com vizinhos e grupos presentes na batalha por mais e melhores equipamentos culturais.

“A gente quer mostrar a situação de violência existente, mas nós também temos projetos de revitalização para a praça, porque até tem equipamentos lá, só que destruídos. O que precisamos é de apoio, não só financeiro, mas que as pessoas se apropriem do espaço”, diz Barbosa.

O consultor de vendas e músico Jobson Vieira Lima, 25, outro componente do Samba do Bowl, conta que as pessoas têm evitado utilizar a praça à noite após as chacinas e quer que esse cenário seja reconfigurado.

“A praça ficou deserta, as pessoas estão com medo de ficar na rua, na praça, conversando como antigamente. A nossa ideia é trazer música e vida para quebrada, para que as pessoas se sintam à vontade. Afinal, a praça é o quintal da casa delas”, diz.

Cleber Arruda, 32, é correspondente da Brasilândia
@CleberArruda
cleber.mural@gmail.com

 

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