Por falta de acessibilidade, eleitor não consegue votar em Guarulhos

Agência Mural

O cadeirante Luis Fabiano França, 38, não conseguiu exercer o seu direito de cidadania neste domingo (2), durante a eleição em Guarulhos, na Grande São Paulo. O motivo? Falta de acessibilidade. “O que eu posso falar? É revoltante e frustrante”, resumiu, ainda inconformado com a situação.

Ex-soldador, hoje aposentado por conta de um acidente de carro, França levantou cedo e, acompanhado da esposa Rosane Kurpel França, 32, foi até a Escola Estadual Ponte Alta III, localizada no bairro Ponte Alta, onde votaria pela primeira vez, após ter se mudado de Curitiba (PR), para a cidade.

Mesmo antes de entrar no prédio, já encontrava dificuldades do lado de fora. “Diversos santinhos de candidatos, espalhados pela rua, faziam com que a minha cadeira de rodas escorregasse”, conta.

Dentro da escola, ele foi informado que sua seção eleitoral era no segundo andar. Entretanto, na instituição não há rampas para o andar de cima e, muito menos, elevadores que pudessem ajudá-lo. França não conseguiu contribuir com os seus votos.

Seção ficava no segundo andar
Seção ficava no segundo andar (Foto: Thalita Monte Santo/Divulgação)

Diante da situação, foi emitido um documento para justificar o fato: “A direção da EE Ponte Alta III, vem por meio deste informar que o senhor Luis Fabiano França (…), compareceu a unidade escolar com a finalidade de votar, porém, sua seção está localizada no 2º Andar, ficando impossibilitado de votar pois o mesmo é cadeirante e a escola não possui acesso para deficientes”.

Luis e a família moraram por seis anos em Curitiba e a mudança para Guarulhos foi devido ao acidente que ele sofreu. No começo do ano, ele e a esposa foram até o Cartório Eleitoral, no bairro de Cumbica para transferir o título de eleitor. Lá, insistiram para que o local da votação fosse acessível, já que Luis é cadeirante.

Segundo o casal, foi garantido pelos funcionários que a mobilidade não seria um problema. “Afirmaram que a escola tinha acessibilidade e que ficava no bairro Ponte Alta, onde eu moro. Hoje, me deparo com uma escola em péssimo estado para votar, além da minha seção ser no segundo andar e não ter condições para eu subir. Não pude votar, simplesmente isso”, explicou.

Documento emitido pela escola sobre o problema de acessibilidade (Foto) Thalita Monte Santo/Folhapress)
Documento emitido pela escola sobre o problema de acessibilidade (Foto) Thalita Monte Santo/Folhapress)

A escola chegou a entrar em contato com o TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral), que informou que todas as pessoas com deficiência foram notificadas com uma carta com os locais determinados para votar. Luis nega ter recebido o documento. “Meu título foi feito no dia 29 de janeiro. Não é possível que não tenha dado tempo de chegar. Eu não recebi nada até agora”.

Segundo França, o diretor da Escola assegurou que, caso as eleições sigam para o segundo turno, transferiria a sua seção para o térreo. Mas o que ele espera mesmo é que daqui para frente a acessibilidade na cidade seja respeitada em todos os espaços e não somente em alguns lugares.

“Quero que haja mais mobilidade, porque aqui não existe. Nem nos bairros e nem no centro, muito menos nos transportes. Que comecem a pensar em acessibilidade em geral, não só para cadeirantes, mas sim para todos os tipos de deficiências”, finaliza.

Thalita Monte Santo, 23, é correspondente de Guarulhos
thalitamontesanto.mural@gmail.com

Comentários

  1. Acredita que é exatamente na onde eu voto, e estava pensanso nisso, deveria ser selecionado todos os portadores de necessidades especiais e colocar num lugar com facil acesso.

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