Espaço Cultural em Mogi se destaca e é indicado ao Prêmio Governador do Estado

Agência Mural

“Projetos e espaços dão à população uma nova alternativa de fazer cultura, de forma democrática e diversificada”, acredita coordenador do Casarão da Mariquinha.

Em Mogi das Cruzes, na grande São Paulo, o Casarão da Mariquinha concorre ao Prêmio Governador do Estado de São Paulo na categoria “Territórios Culturais”. O prêmio tem como objetivo homenagear diversas áreas da cultura e da arte no Estado. A edição de 2017 tem o diferencial de valorizar ações e personalidades que atuam não só na Capital, mas também na Grande São Paulo.

O espaço cultural, inaugurado em dezembro de 2014, tem estrutura do século 19. Com projetos dedicados à preservação da memória cultural da cidade, seu nome é uma homenagem à Maria de Souza Mello, a Dona Mariquinha, mãe do proprietário do casarão e um dos gestores do espaço, João Camargo.

Ao todo, mais cinco espaços concorrem com o Casarão. Para cada categoria contemplada, serão anunciados dois vencedores: um escolhido pelo voto popular e outro pelo júri especializado. Entre eles, o produtor cultural, Lu Fandinho, o ator, diretor e professor de teatro Sergio Ferrara e o jornalista Valmir Santos serão os jurados na categoria território cultural.

Para votar, é necessário acessar o site  e escolher entre os indicados até hoje (24). Os ganhadores serão divulgados no dia 29 de maio de 2017.

A Agência Mural entrevistou o produtor cultural e também gestor do espaço, José Luiz da Silva, 60, popularmente conhecido como Rabicho, que conta um pouco sobre as atividades do casarão e seus principais projetos.

Como ficou sabendo que o Casarão estava concorrendo ao prêmio? 

Fiquei sabendo que o Casarão da Marquinha estava concorrendo ao prêmio por meio de um telefonema da Secretaria de Estado da Cultura, no dia 7 de abril. A minha reação foi de muita felicidade, principalmente sendo no dia de meu aniversário, de meus 60 anos. Fiquei extremamente honrado pelo reconhecimento, e, sobretudo, pelas pessoas, núcleo e coletivos que compõem um espaço tão diverso e democrático que é o Casarão da Mariquinha. E todos os que integram, trabalhando ou prestigiando o casarão, ficaram muito felizes com a boa notícia.

Como você vê a questão da cultura na região de Mogi das Cruzes? Acha que é valorizada?

Tenho visto a cena cultural na cidade de Mogi das Cruzes e região com muito entusiasmo, sobretudo por viver um momento de independência, através de projetos importantes, como Galpão Arthur Netto, Teatro Contadores de Mentira, Associação AJPS, Espaço Cultural João Miranda Ortiz, Grupo Jabuticaqui, As Lavadeiras, Coletivo Carta na Manga, Suburbaque Maracatu, Teatro da Neura, entre tantos outros projetos. Tais projetos e espaços dão à população uma nova alternativa de fazer cultura, de forma democrática e diversificada, com acesso a bens culturais importantes na formação cidadã. Quanto a ser valorizada, acredito que isso se dê com o tempo, com muita resistência e conteúdo. E não se trata apenas de prêmios, troféus, dinheiro, mas sim reconhecimento da população. Que brotem da construção popular.

Mães de Maio e as Mães Mogians em uma das atividades no Casarão da Mariquinha  (Foto: Divulgação)

Como você acha que o Casarão contribui para o cenário cultural da região?

O Casarão da Mariquinha tem contribuindo muito com um painel imenso de atividades, que não apenas se produzem como lazer ou entretenimento, mas sim projetos que se sustentem com conceito e conteúdo. Ações culturais e artísticas que visem contribuir com a crítica social, ações que sigam além do fazer arte apenas por fazer, mas sim provocar a cena cotidiana, por uma participação mais efetiva de cidadãs e cidadãos.

Desde que o Casarão foi aberto, em 2014, foram realizadas várias atrações, o que você acredita ser mais relevante que já tenha acontecido no Casarão?

Acreditamos que em cada setor apresentado no casarão, algumas coisas se destacam: Samba no Quintal, que é um projeto pioneiro e resiste sendo o mote de grandes encontros, tendo inclusive surgido deste projeto outro núcleo importantíssimo, que é o Samba das Mulheres. Podemos destacar também os coletivos Fórum das Mulheres, criado no próprio Casarão; Fórum LGBT, que realiza várias atividades no espaço; o Movimento de População de Rua, que a partir do casarão organiza um dos polos do Estado em Mogi das Cruzes. E, claro, as atrações artísticas, que muito enriquecem a cena da cidade e região, como Siba, Dona Inah, Tião Carvalho, As Bahias e a Cozinha Mineira, Banda Eddie, entre tantos outros.

O que você espera do Casarão para um futuro próximo? Existe algum plano para um novo projeto?

Existem muitos projetos a serem realizados pelo Casarão, sobretudo que contribuam com a educação. A reorganização da Biblioteca Comunitária, a aquisição de um veículo próprio para levarmos atividades aos bairros, parceria com outros coletivos na realização de projetos de vídeos, alimentação saudável, meio ambiente, e muito que vem por aí.

Jessica Silva é correspondente da Mogi das Cruzes
jessicasilva.mural@gmail.com