Moradores de M’Boi Mirim reclamam de corte no orçamento da subprefeitura

Agência Mural

Por Cíntia Gomes

No final de ano passado, em dezembro, foi aprovado pela Câmara Municipal de São Paulo o orçamento da capital paulista para 2012. Para a surpresa dos moradores de algumas regiões, as subprefeituras de bairros periféricos como a M’ Boi Mirim (zona sul), que abrange bairros como Jardim Ângela e Jardim São Luís, tiveram cortes de verbas com uma redução de 45%.

O contrário das subprefeituras de regiões mais nobres como Pinheiros que tiveram aumento de 15%.

Algumas pessoas ficaram indignadas com a porcentagem e resolveram encaminhar e-mails para os vereadores da região, como Alfredinho (PT), Arselino Tatto (PT), Antônio Carlos Rodrigues (PR), Antonio Goulart (PSD), Gilberto Natalini (PV) e Milton Leite (DEM) para questionar o orçamento e saber o que estão fazendo contra isso.

“Tivemos problemas sérios em relação a enchentes e transporte. Eu não compreendo a causa da redução desse orçamento”, diz o morador e professor de Física José Alves da Silva, 36, que encaminhou e-mail aos vereadores.

Moradores protestaram por melhorias no bairro, em 2011. Foto: Marcus Kawada

Ele contou, também, que recebeu retorno de dois vereadores e considerou as respostas evasivas. Um foi de Antonio Carlos Rodrigues (PR), que dizia: “Tomarei providências no remanejamento”. O outro era de Gilberto Natalini (PV), dizendo: “Lutei na Câmara neste final do ano para aumentar os orçamentos das subprefeituras, não só da M’Boi Mirim, mas de todos, principalmente as das regiões mais necessitadas”.

Os demais não responderam até o momento.

A professora de Sociologia e moradora do Jardim Ângela, Vanessa da Silva Pereira Rosa, 24, fala das necessidades dos bairros no entorno e diz que também enviou e-mail para os vereadores e para a prefeitura, mas ninguém respondeu.

“Há uma demanda por creches, segurança pública, manutenção de vias e ampliação da qualidade e do atendimento em espaços públicos como postos de saúde e AMAs (Atendimento Médico Ambulatorial) e áreas de lazer”, diz.

Em 2011, foram realizadas três manifestações na Estrada da M’ Boi Mirim em busca de melhorias. Porém, pouco foi feito para mudar este quadro. De acordo com a professora, no período de chuvas houve enchentes, desabamentos e mortes.

Só quem mora lá sabe o sufoco que é ir para o trabalho ou escola. Geralmente, as pessoas chegam atrasadas ao trabalho e perdem mais de 3 horas no trânsito. O que os faz questionar o quanto este corte pode afetar a região.

Mudaram alguns pontos de ônibus e instauraram um corredor de ônibus no que seria a contramão do horário de pico da manhã (faixa reversível), mas não houve nenhuma medida que surtisse grande efeito, até porque esse problema é de longo prazo, são anos de omissão do poder público e agora que a bomba estourou”, diz Vanessa.

Em nota, a subprefeitura de M’Boi Mirim informou que as regiões mais periféricas, geralmente, recebem mais investimentos de infraestrutura, executados por outras secretarias, como Habitação, Saúde e Educação, bem como investimentos realizados diretamente pela Secretaria de Coordenação das Subprefeituras, estes para execução dos serviços de competência das subprefeituras.

“Os investimentos realizados diretamente pelas demais secretarias somam mais de 51% dos investimentos previstos na proposta orçamentária e não estão contidos no orçamento de cada subprefeitura. São executados justamente nas regiões onde há maior demanda, ou seja, as mais carentes da cidade”, diz a nota.

Cíntia Gomes, 28, é correspondente comunitária da Riviera Paulista.
@cintiamgomes
cintiagomes.mural@gmail.com

 

Comentários

  1. Quem vive nessa região sabe o quanto essa gestão castigou a M’Boi Mirim com a pouca manutenção e não investimento nas áreas prioritárias. Esperamos que o próximo prefeito veja essa situação com mais carinho do que o atual e seus parlamentares.

  2. Ótima matéria da repórter, parabéns pelo trabalho. Só tenho uma observação quanto ao texto, a subprefeitura do M´Boi Mirim, conforme dito, não abrange o Capão Redondo. Ao contrário, abrange Jardim Ângela e Jardim São Luiz. Capão Redondo já é de responsabilidade da subprefeitura de Campo Limpo.

  3. Adorei a reportagem. Cada dia que passa fico indignada com as ações dos nossos representantes. É injustiça em cima de injustiça para todos os lados do nosso Brasil e depois dizem que o nosso país ocupa atualmente a sexta posição no ranking das maiores potências econômicas no mundo. #Vergonhoso #

  4. É muito mais lucrativo para eles priorizarem a região da burguesia como Pinheiros, por exemplo, pois existem interresses politicos e financeiros, para licitações futuras, com abatimento em futuros impostos!
    Já para as areas periféricas….
    Vergonhoso ainda, somente 2 vereadores responderam de uma forma ridicula !
    Vergonha!

  5. É logico que nossos representantes tem um cuidado todo especial quando estão cuidando dos seus,entretanto em se tratando das comunidades cortes e argumentos é o que não faltam.decepcionante.

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