Em Paraisópolis, rua é fechada para show de forró

Agência Mural

Por Vagner de Alencar

Às 21h30 de um sábado em Paraisópolis, zona sul da capital paulista, folhas rosadas de madeirite começavam a fechar a rua Afonso dos Santos em um perímetro de quase cinquenta metros. O ambiente estava sendo bloqueado para uma festa de forró que aconteceria naquela noite.

Nas duas pontas da via, as bilheterias foram improvisadas por meio de uma abertura feita na madeira. Pelo ingresso, homens pagavam R$ 10; mulheres, a metade do preço.

Durante o fim de semana, costumeiramente são realizados no local shows de forró, com bandas ou apenas com equipamentos de som potentes. A partir de quinta-feira, o bar e restaurante de Maria Aparecida Prudêncio da Silva, 24, a popular Priscila, torna-se também uma espécie de “casa de show aberta”.

A rua sempre está cheia, principalmente, por conta de bandas independentes de forró – estilo musical que predomina na comunidade -, que tocam no estabelecimento.

Entrada da rua Alfonso dos Santos bloqueada

Porém, no último fim de semana, a rua pública deu lugar a uma área privativa. A via foi bloqueada para a apresentação de um grupo musical piauiense. Além da banda “de fora”, outros dois grupos locais tocaram na festa, antes e depois do show principal.

Até às 22h, moradores transitavam normalmente pela rua. A partir desse horário, as entradas passaram a ser controladas pela presença de dois “seguranças”. Nenhum automóvel podia trafegar por ali, e para controlar a entrada, uma marca de carimbo era feita no punho dos pagantes.

Um dos seguranças conhecia a maioria das pessoas que morava na “fronteira”; o outro não. Na dúvida, a entrada era permitida. “Afinal, não podemos proibir o morador de atravessar o outro lado da rua”, contou uma das funcionárias do local.

“Fui até a Associação de Moradores pedir autorização para fechar a rua”, afirma Maria Aparecida. Para Joildo Santos, presidente da associação, não compete à entidade esse tipo de licença. “Fechar a rua é responsabilidade da CET (Centro de Engenharia e Tráfego)”, afirmou.

Por volta das 23h a rua ainda estava cheia

Com alvará ou não, uma tenda amarela atravessava a rua de um lado a outro do estabelecimento principal que à sua frente está o outro cômodo “filial”. Algumas mesas foram arranjadas na rua. De dentro do bar, a rua ia sendo iluminada pelo ritmo do jogo de luzes piscantes.

Às 23h, a rua já estava completamente lotada. Casais dançavam ao embalo das músicas ao vivo de forró, seresta e arrocha.

A estimativa era de 1.500 a 2 mil pessoas no evento. “No último show, os cantores disseram que tinham cerca de 2 mil pessoas aqui”, garante Maria.

À banda embolsaria o valor arrecado com a bilheteria. Enquanto à proprietária, o consumo das centenas de pessoas em seu bar.

O show só acabou às 5h.

 

Vagner de Alencar, 25, é correspondente de Paraisópolis.
@vagnerdealencar
vagnerdealencar.mural@gmail.com

 

Comentários

  1. Orientamos a todos que desejam realizar eventos que precisam interferir no trânsito, solicitar autorização aos orgãos públicos, acompanhamos o pedido e a realização do evento.

  2. Ô Vagner, aquí em Mossoró(RN), a gente tem que aturar forró 25 hrs. por dia, mas é melhor que ficar escutando lixos enfadonhos como Justin Biber, Kate Pery ou esse Rap Paulistano pregando que o jovem da periferia não vai chegar à lugar algum (ouvi numa letra do Racionais). “Meu,” se você tivesse caido no “Pizêro” (aprendi essa expressão no Pará), teria se divertido à beça, teria descolado uma bela mulher bem suadinha e cheirosa aì descobriria o porquê do sucesso do evento.

  3. Enquanto isso os moradores do Morumbi querem proibir shows de música no estádio ali ao lado. Forró pode mas música, não?

  4. Senhores, vejam bem. Noto que o fato ocorrido é 1 coisa do Brasil. Quem tiver mais grana sempre tem o direito aqui, não importa o local, o som, a bagunça, o que for, se a grana rolar, é permitido.

  5. Adoro esse forró, só não gostaria de ser um dos moradores do local, pois nao conseguiria dormir… hehehe

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