A vida se repete na estação
Por Bia Souza, Daniela Araujo, Jéssica Moreira, Karol Coelho, Leonardo Brito, Marina Lopes e Rafael Balago
“Todos os dias é um vai-e-vem, a vida se repete na estação”. Essa foi a música utilizada no ano passado pelo governo do Estado de São Paulo nas propagandas sobre a expansão do metrô.
Ótima escolha, pois a vida dos paulistanos continua mesmo se repetindo nas diversas estações da cidade. Milhares são as pessoas que chegam atrasadas a seus destinos por conta dos problemas nos trens. Centenas são os que não conseguem se sentar, mesmo depois de um dia inteiro de trabalho.
A vida continua se repetindo para mim e tantos cidadãos. A vida é sempre um pouco mais dura que os comerciais do governo.
Acordo bem cedo. É mais um dia de trabalho, mais um dia de transporte público caótico. Só de pensar que a plataforma da estação de metrô já está lotada, quero ir de carro para evitar tanto estresse, mas, então, me lembro que a avenida está travada com trânsito intenso. Me questiono: para onde correr então?
Desculpe, por favor e obrigado são palavras que não existem no vocabulário de quem anda de metrô. Certa vez, na estação, uma jovem, parada atrás de mim na porta de entrada, ávida por conseguir um lugar para se sentar, me segurou pela mochila e pelos cabelos e, não satisfeita, me jogou para cima de um rapaz. Se ela pediu desculpas? Sentou-se, sentindo o sabor da vitória com seus fones de ouvido, enquanto eu imaginava se era só para mim que tudo aquilo parecia muito absurdo.
Sinto-me sufocado com a quantidade de pessoas ao meu redor. Seguro no teto para não cair, mas meus braços começam a doer. Tento abaixá-los lentamente, mas não encontro espaço. Conto os segundos para chegar ao meu destino e ter a sensação de liberdade.
Porém, um aviso interrompe meus pensamentos: “devido à falha na estação, os trens estão circulando com velocidade reduzida e maior tempo de parada”. Rapidamente, tento olhar no relógio da pessoa ao meu lado. As horas passam rápido demais quando comparadas à velocidade que estamos seguindo viagem.
Os novos trens comprados tanto na CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) quanto no Metrô têm cada vez menos bancos. Li uma vez que a ideia era aumentar a capacidade de transporte, já que, com isso, é possível levar mais gente no mesmo vagão.
No espaço de um assento cabem duas pessoas em pé (ou mais, dependendo da situação). Mas serão duas pessoas viajando apertadas. Essa medida acaba acirrando ainda mais a disputa insana por lugares quando o trem vazio abre as portas na primeira estação da linha.
No sábado, fui fazer um trabalho da faculdade e, no retorno para casa, chegando à última estação, me levantei para aguardar as portas se abrirem. Um senhor dizia, ainda sentado, para eu não sair do lugar. “Se eu fosse você sairia daí”, alertou.
Cansado e sonolento, permaneci ali. Foi quando me deparei com um bando de gente empurrando quem via pela frente, só para conseguir sentar. Comecei a gritar igual a um louco. “Vocês não podem esperar a gente sair? O que é isso? Seus filhos da p…”. Perdi por alguns segundos toda a educação que minha mãe me deu.
Bia Souza, 22, é correspondente da Bela Vista.
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Daniela Araujo, 25, é correspondente de Interlagos.
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Jéssica Moreira, 20, é correspondente de Perus.
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Karol Coelho, 20, é correspondente do Campo Limpo.
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Leonardo Brito, 25, é correspondente do Jardim Monte Azul.
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Marina Lopes, 20, é correspondente da Penha
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Rafael Balago, 23, é correspondente de Pirituba
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Vergonha! Os transportes públicos em São Paulo estão sempre apresentando problemas por falta de manutenção, por falta de fiscalização, por falta de estrutura, por sucateamento, enfim o descaso do poder público, por décadas, é o causador destes transtornos que a população tem que conviver diariamente na cidade.
Realmente a situação esta insuportável. Outro dia quase me rasgaram o terno, durante aquela loucura de todos sairem ao mesmo tempo, enquanto outros tantos querem entrar no vagão- sem lembrar que 2 corpos não ocupam o mesmo espaço… Cade a educação e respeito? Desisto!! Hoje prefiro caminhar por 1,5 hora… mas tendo a certeza de chegar intacto.
Comento no meu blog todos esses problemas e falta de educação no Metrô!
http://semgeneralizacao.blogspot.com.br/search/label/metr%C3%B4
Eu acho que o metro deveria rancar todos os bancos e ai dava pra todo mundo ir em pé, sem ter que esperar o proximo trem.
A superlotação de pessoas em SP me faz cada vez mais querer ir morar em outra cidade, com mais qualidade de vida. Aqui já não dá mais, não tem governo que consiga administrar tanta gente junta.
Minha sugestão a todos é: Larguem o osso, pois existem oportunidades em outras cidades brasileiras.