Com música e comidas típicas, CTN é ponto de encontro de migrantes nordestinos
Por Patrícia Silva
A aposentada Polorentina Maria Jesus, 83, não gosta de ficar em casa no fim de semana. Ela gosta, mesmo, é de relembrar os costumes de Aporá (BA), cidade onde nasceu. Para isso, vai ao Centro de Tradições Nordestinas (CTN), no bairro do Limão, zona norte de São Paulo.
Ao som de Juarez de Carnaíba, migrantes nordestinos, assim como Polorentina, arrastam os pés no chão cimentado do CTN ao ouvir o forró pé-de-serra. As senhoras requebram o quadril, enquanto alguns homens, sozinhos, espreitam com paciência uma parceira para dançar.
Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 3,7 milhões de habitantes de São Paulo entre 30 e 60 anos nasceram fora do Estado. A maioria é das regiões Norte e Nordeste.
Na ausência de espaços culturais na cidade em que mora, Itapecerica da Serra (Grande São Paulo), a aposentada frequenta o centro de tradições desde sua inauguração, em 1991.
De transporte público, Polorentina gasta cerca de três horas de sua casa até a zona norte. No caminho, encontra sua companheira inseparável, a aposentada Maria da Conceição, 70. “Eu pego o Santo Amaro, em Itapecerica, e depois o Terminal Princesa Isabel. Encontro a Maria e vamos de Cachoeirinha”, explica. As duas trabalharam por oito anos juntas em uma creche, na região de Campo Belo, antes da aposentadoria.
Maria adora a comida caipira servida no espaço. Em especial, o baião de dois, que a faz lembrar do Estado onde cresceu, Minas Gerais. Hoje, ela vive na região de São José, que fica “para lá de Parelheiros”, na zona sul, mas o tempo de viagem não a desanima. “Eu gosto de olhar o pé dos outros”, afirma sobre o prazer que sente ao ver o público dançar.
Sentado sozinho em uma das mesas do CTN, o paraibano José Eusébio Sobrinho, 62, saboreia um prato de sarapatel e farinha. O aposentado mora no bairro São Judas, na zona sul, e também não se importa em ir à zona norte para comer a refeição. O único problema do local, segundo ele, é o preço: “É tudo caro”, diz.
Ao lado de Sobrinho, a geração de filhos de nordestinos criados na “cidade grande” aos poucos se desliga dos aplicativos de celular para se remexer com o forró. Ele mesmo conta que costuma trazer toda a família. “Já vim aqui com a minha mulher, sobrinha, filho e nora”, afirma.
Enquanto jovens atendentes sorriem para o público e indicam lugares para se sentar, migrantes e seus descendentes apreciam um dos poucos espaços nordestinos na capital.
Patrícia Silva, 23, é correspondente do Campo Limpo.
@Patricia_Aps
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O blog que promove o CNT esquece que se trata de área pública onde um ex-politico, dono ou ex da rádio, ganha e recebe alugueis dele das barracas instaladas, além de ingressos.
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