Jardim Damasceno: sufoco na fila da lotação
Por Cleber Arruda
Hora de voltar para casa. A fila da minha lotação chega a ultrapassar outros dois, às vezes três, pontos no terminal. É tanta gente que não custa nada confirmar com a última pessoa se aquela é mesmo a galera que aguarda o Jardim Damasceno, da linha 9032. É, sempre é. Aliás, não há como confundir com as demais na plataforma 1 do Terminal Vila Nova Cachoeirinha, na zona norte, a partir do horário de pico.
Se o vizinho mostra simpatia, é possível puxar um bate-papo ou tecer alguns comentários amarelos. “Engraçado como só esse ônibus forma toda essa fila.” Mas a situação é tão corriqueira que muitos nem se surpreendem mais. Apenas aguardam quietos, estressados.
Se o passageiro almeja um lugar sentado, é preciso esperar abarrotar de dois a três micro-ônibus (por isso prefiro chamá-los de lotação ainda). Para quem quer um lugar na janela, como eu, é preciso ter um pouco mais de paciência. Nesse horário, os cobradores não precisam nem gastar a voz com o famoso “mais um passinho pra trás”, são os usuários mesmos que se apertam e ocupam todos os espaços possíveis.
A linha Terminal Cachoeirinha/Jardim Damasceno faz ponto final no Jardim Paraná, bairro vizinho ao Damasceno. Para o pessoal do Paraná, essa é a única linha; o Damasceno tem mais uma. O atendimento aos dois bairros é um dos motivos apontados pelos passageiros pela alta demanda da 9032. Muitos perdem a paciência e pegam outros coletivos que passam na frente do pé do morro do Damasceno e, certamente, saem com fluxos maiores e mais vazios do terminal. Raramente faço isso. Prefiro aguardar contando a fileira.
E, depois de uma hora lendo um livro, resolvendo um Sudoku, viajando em pensamentos, lá estou eu na cabeça da fila, olhando satisfeito para a lotação que encosta na plataforma. O barulho da porta abrindo acalenta e regozija a alma. Já imagino aquele lugar da janela, na segunda ou terceira fileira da traseira, aquele atrás do banco alto, pois tem um ferrinho para apoiar os pés.
Muitas vezes, nessa hora do embarque, aparece um idoso, uma grávida ou mulher com criança de colo, que é preciso deixar passar. Eles têm por direito lugares preferenciais. Você respeita, mas a recíproca frequentemente não acontece e eles tomam os outros assentos. Isso irrita, pois sobram os reservados e se você os ocupa, provavelmente vai ter que se levantar durante a viagem.
Além disso, há uma série de gestos e ações que podem melhorar a viagem. Usar fones de ouvido, botar a mochila na frente, abrir uma réstia da janela para o ar circular, levar criança pequena no colo, pedir licença e, depois da canseira da espera, não dormir babando no ombro do vizinho…
Cleber Arruda, 30, é correspondente do Jardim Damasceno.
@CleberArruda
cleber.mural@gmail.com
Eis….. o momento de um político que preze pelos votos…. ajudar a comunidade do Jardim Paraná … Trazendo um Linha direta do Jardim Paraná…… A população vai agradecer e muito !!! De discurso inflamados e indignação tá todo mundo cheio …. precisamos de ações concretas !!!
Caro, Cleber. Fui morador no Jd. Damasceno nos anos de 1985 à 1996, hoje resido em Carapicuíba região oeste da capital. Este problema já existia, mas o Jd. Paraná, ainda não. Como resolver tal situação? Só mesmo os donos de empresas para planejar melhor a distribuição de linhas alternativas com intinerários diferentes. Entendo que o trajeto até os bairros é o mesmo, mas por que não disponibilizar uma linha que vá direto para o Jd. Paraná? Pessoal este é um ano de eleições, votem na pessoa certa e exija que esta pessoa trabalhe priorizando o transporte desses dois bairros! Essa é a hora das pessoas que residem nestes bairros fazerem valer seus direitos como cidadãos e moradores da região.
a verdade é que a prefeitura e a sptrans não sabe o que é politica pública, porque olha o estado desse terminal de onibus, não tem lotação adequada, mas tem ‘camelodromo’ de alimentação e pombos por todos os lados e a lei anti-fumo não se adequa ao terminal? Vamos trabaçhar prefeitura, afinal morador da periferia tambem paga impostos!
Opa! Concordo plenamente com vocês.
Uma linha direta para o Jardim Paraná, que não precisasse fazer toda aquela volta por dentro do Damasceno de baixo e do de cima, ajudaria muitos os moradores dos dois bairros.
Isso também seria ideal para o horário de pico da manhã, pois quem é do Damasceno não consegue lugar sentado nos pontos do bairro, já que a lotação vem cheia do Paraná.
A crônica sobre a situação dos teminais e ônibus, mudando o nome e número da linha, serviria perfeitamente para contar a situação de qualquer periferia de São Paulo.
Situação do transporte na cidade precisa de providências urgêntes e é que esperamos da nova gestão da cidade de São Paulo, Fernando Haddaad.