“O percurso de Itaquera à Sé será de 30 minutos”, diz Chalita
Por Flavio Munhoz
O blog Mural, que em novembro completará dois anos hospedado na Folha, ouviu sete candidatos a prefeito de São Paulo sobre alguns temas relacionados às periferias da cidade. As perguntas são as mesmas para todos os candidatos.
A ordem dos posts foi definida por sorteio. Neste sábado, é a vez de Gabriel Chalita (PMDB), que respondeu as perguntas no dia 24/9, por email.
Mural – Grande parte dos equipamentos culturais públicos está na região central de São Paulo. Você tem algum projeto para levar mais equipamentos culturais para as periferias da cidade?
Gabriel Chalita – Sim. Todo o programa de governo é baseado no estudo do mapa das desigualdades de São Paulo, o que permitirá levar estrutura municipal completa para cada um dos 96 distritos da cidade, com escolas, creches, unidades de saúde, bibliotecas, centros de cultura e esportes. Haverá investimento na economia criativa com a criação de polos de cinema, moda e design, entre outras áreas, além de incentivo a práticas artísticas e esportivas no contexto da escola em tempo integral e da Escola da Família.
Com o crescimento do número de carros na cidade, o trânsito nos bairros da periferia piorou também. Em alguns casos, os dados sequer são medidos pela CET. Você tem alguma proposta para enfrentar este problema?
O plano de governo contempla uma série de ações de melhoria do transporte público, realização de obras viárias e investimento em inteligência, tecnologia e recursos humanos. Para evitar passagens desnecessárias pelo centro expandido da cidade, serão construídas ligações circulares entre bairros. Também pretendemos criar novos centros regionais, que reúnam emprego, lazer, educação e serviços de saúde perto da casa das pessoas, reduzindo a necessidade de deslocamento diário das periferias para o centro e vice-versa. Haverá, também, um investimento em inteligência de trânsito, com a instalação de semáforos inteligentes, equipados com nobreak, para evitar que entrem em pane em dias de chuva.
Qual é sua proposta de política habitacional para moradores em áreas de risco? Qual vai ser a primeira medida?
O objetivo é construir 30 mil unidades habitacionais em parceria com o programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, e também a CDHU, do governo estadual. Uma das propostas é trocar parte da dívida de São Paulo com a União por investimentos sociais, principalmente na área habitacional.
Há grandes distritos das periferias que não têm leitos hospitalares e o atendimento básico de saúde é precário. Como pretende mudar essa situação?
A meta é implantar definitivamente o SUS em toda a cidade, melhorando os serviços oferecidos à população e instalando novas unidades onde for necessário. Vamos informatizar o atendimento para reduzir filas e organizar a oferta de vagas, criar o Cartão do Paulistano, que reunirá todas as informações do paciente, construir quatro hospitais e 57 UBSs, criar centros de referência para mulheres e idosos e trazer as UPAs [Unidades de Pronto Atendimento], programa do governo federal, para São Paulo. Logo no início, faremos uma análise criteriosa de todos os contratos assinados não só na saúde, mas em todos os setores da administração. Honraremos os contratos, mas denunciaremos aqueles que contiverem irregularidades ou não resultarem em bons serviços para a população.
Na atual administração, as subprefeituras perderam boa parte de suas antigas atividades. Ficaram, basicamente, com serviços de zeladoria. Como funcionarão as subprefeituras se você for eleito?
Nosso plano de governo propõe o fortalecimento das subprefeituras, que serão administradas por líderes locais com profundo conhecimento da região e capacidade administrativa. Uma vez por semana, o prefeito despachará de uma das 31 subprefeituras, acompanhado de secretários e assessores, em sistema de rodízio. Com isso, serão reforçadas todas as ações de zeladoria, no sentido de cuidar da cidade dia após dia. Também haverá um grupo executivo de controle dos serviços e projetos municipais em andamento na subprefeitura. Esse grupo terá um correspondente coordenador no gabinete do prefeito.
Como planeja reverter os benefícios da Copa do Mundo para os moradores locais?
O Expresso Zona Leste, sem dúvida, será um legado importante que beneficiará 3,9 milhões de pessoas que moram na região. Trata-se de um corredor de ônibus que fará a conexão direta, sem paradas, entre vários bairros da zona leste e do centro. O percurso de Itaquera à Sé será de 30 minutos. Os ônibus serão articulados, só levarão passageiros sentados e terão um sistema inteligente para só pegar semáforos verdes.
O transporte público é uma das granes reclamações dos moradores da periferia. Ônibus que atrasam, que não passam, a lotação. Quais as suas propostas para melhorar a situação?
Para melhorar o transporte público, será necessário redesenhar o sistema de ônibus com base em pesquisas do fluxo de veículos e passageiros, dados de GPS e do Bilhete Único. Também será criada uma faixa reversível na zona sul, de acordo com a demanda nos horários de pico, para resolver emergencialmente o problema de transporte na região. Estão previstas a ampliação dos corredores de ônibus já existentes, incluindo áreas de ultrapassagem, plataformas de embarque acessíveis e outras melhorias, e a construção de novos corredores.
Flavio Munhoz, 34, é correspondente do Grajaú.
@flaviomunhoz
flaviomunhoz.mural@gmail.com
Na teoria, as propostas são ótimas, mas, como sempre, o problema do candidato é que ele não especifica de onde será tirada a verba para todas essas obras. Sabemos que quatro anos é pouco tempo e que São Paulo tem uma grande dívida a pagar – o que consome boa parte do orçamento do município. Acho interessante a ideia de trocar a dívida por investimentos sociais, mas o que acho vaga são as outras propostas. Seria melhor se fosse apresentado algo concreto.