Soninha fala de seus projetos para a periferia

Agência Mural

Por Dalton Assis e Marina Lopes

O blog Mural, que em novembro completará dois anos hospedado na Folha, ouviu sete candidatos a prefeito de São Paulo sobre alguns temas relacionados às periferias da cidade. As perguntas são as mesmas para todos os candidatos.

Nesta quinta-feira, é a vez de Soninha Francine (PPS).

Mural – Grande parte dos equipamentos culturais públicos está na região central. Você tem algum projeto para levar mais equipamentos culturais para as periferias da cidade?

Soninha Francine – A gente tem até bons modelos de equipamentos culturais na periferia, desde os CEUs, que têm instalações muito boas, como teatro e cinema de qualidade, até o CCJ [Centro Cultual da Juventude] de Cachoeirinha e, mais recentemente, as fábricas de cultura. Só que isso é pouco. Temos também que garantir que os jovens da periferia desfrutem de equipamentos culturais  no centro. Tem muita coisa bacana e gratuita, como o Centro Cultural Banco do Brasil e o Centro Cultural Vergueiro. Tem gente que nunca pisou lá e que nunca teve essa oportunidade, porque não sabe onde ficam, como chegar e nem que tem direito. Também tem que ter oportunidade na periferia para desfrutar de arte e cultura, produzir e compartilhar. Não apenas assistir a um show: é poder ter uma banda, um lugar para ensaiar e gravar.

Com o crescimento do número de carros da cidade, o trânsito nos bairros da periferia piorou também. Em alguns casos, os dados sequer são medidos pela CET. Você tem alguma proposta para enfrentar esse problema?

Mesmo que às vezes a gente não goste da atuação dos marronzinhos, eles são muito importantes, desde que sejam bem orientados. Eles são agentes de segurança, de saúde pública, porque o trânsito mata. O efetivo da CET é ridiculamente insuficiente. Você precisa, para começar, ter mais agente de trânsitos presentes na periferia. Tem que ter em todo lugar, mas, como na periferia o poder público falta de muitas maneiras, virou um “salve-se quem puder”. Então, você vê muito mais motoqueiros sem capacete na periferia do que em outros lugares, você vê as pessoas implorando por uma lombada eletrônica por causa dos abusos de velocidade dos automóveis. Tem que ter calçada, sinalização, faixa de pedestre, transporte coletivo melhor.

Qual sua proposta de política habitacional para os moradores em áreas de risco? E qual vai ser a primeira medida?

Temos que garantir o encaminhamento correto para cada um. Se é uma família muito numerosa, que mora em uma casa de quatro pavimentos, você não vai colocá-la em um apartamento Cohab de dois dormitórios. Se as pessoas têm uma vida ali naquela região, emprego, escola, amigos, você não pode querer que ela mude dali para um local longe. E se não for possível arrumar um lugar definitivo para essas pessoas, não pode dar R$ 400 de bolsa aluguel, que não dá para alugar nada. Não vale pagar R$ 5 mil de indenização e falar se vira. Tem que haver mesmo uma solução emergencial transitória decente.

Há grandes distritos das periferias que não têm leitos hospitalares e o atendimento básico de saúde é precário. Como pretende mudar essa situação?

Tem lugar que falta hospital mesmo. Se você ver a relação de quantidade de leitos por habitantes, é absolutamente insuficiente. A gente precisa construir novos hospitais. Mas, se a gente melhorar o atendimento básico, não vai precisar de tantos leitos em hospitais, porque se há uma demora na primeira consulta, para fazer o exame, para levar o resultado para o médico, e não tem o remédio, as pessoas vão ficar cada vez mais doentes e precisam cada vez mais de um tratamento de alta complexidade.

 Na atual administração as subprefeituras perderam boa parte de suas antigas atividades. Ficaram basicamente com o serviço de zeladoria. Como funcionarão as subprefeituras se você for eleito?

Não é só uma limitação de atuação, de atribuições, é uma limitação de recursos também. Tem ter recursos maiores, não só para cuidar das coisas, mas também para equipamentos novos, para fazer investimentos em melhorias e transformação. Tem que ter muita participação da comunidade, porque 31 subprefeituras é pouco. Há 96 distritos na cidade: eles são enormes e muito diferentes entre si. Por mais que o subprefeito conheça a região, ele não vive todos os dias, todos os distritos, todas as diferenças. Em cada distrito você tem que ter vários conselhos temáticos, como cultura, juventude, meio ambiente etc.

 Como planeja reverter os benefícios da Copa do Mundo para os moradores locais?

Acho um absurdo fazer um estádio com recursos públicos como indutor do desenvolvimento. Se um time quer fazer um estádio particular é direito dele. O dinheiro público investido em preparação para a Copa tinha que ser em infraestrutura pública. Agora que o erro já foi feito, o que a gente tem a gora é que realmente garantir que a mobilidade melhore para depois. Também precisamos ter cuidado para que os preços em Itaquera não aumentem ao ponto em que uma pessoa que hoje mora lá não tenha mais condições de se manter depois da Copa.

O transporte público é uma das reclamações dos moradores da periferia. Ônibus que atrasam, que não passam, a superlotação. Quais suas propostas para melhorar essa situação?

Começando pelo que não tem: tem linha de ônibus que não circula nos fins de semana, o que é um absurdo. Não tem ônibus à noite toda. O transporte público tem que ser 24 horas. Agora, durante o dia, durante a semana, uma coisa urgente é melhorar a operação do corredor de ônibus, porque quando você só cria uma faixa exclusiva e junta todos os ônibus nessa faixa, sem fazer uma remodelação, o corredor de ônibus vira um congestionamento de ônibus.

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Comentários

  1. Com ceretza ela tem idéias boas, para melhorar e somar, só não concordo com a teoria que a grande são paulo , precisa se urgente de pedágio urbano, na minha humilde opinião aqui não funcionaria!!!!!!!

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