Reflexos de um toque de recolher

Agência Mural

Era véspera de feriado de Finados, normalmente um dia de diversão e música alta nas ruas do Campo Limpo, bairro da zona sul de São Paulo. Contudo, ao contrário da agitação costumeira, a região estava em silêncio.

Não tinha funk, forró, nem brega, muito menos a efervescência de motos em alta velocidade e carros pelos caminhos estreitos. Os bares estavam fechados, as pessoas voltavam para suas casas apressadas.

Apenas um helicóptero em sobrevoo fazia um barulho. A natural agitação do Campo Limpo foi quebrada pela Operação Saturação, da Polícia Militar, também ampliada ao Capão Redondo, na zona sul, no dia 1º de novembro.

Desde que os “boatos” de toque de recolher começaram a se multiplicar, os movimentos das pessoas e de veículos à noite causam receio à população. Tudo parece suspeito, mas é preciso ignorar a sensação de insegurança e voltar à rotina. “Se não a gente não vive”, defende uma moradora.

Dias depois da operação da polícia, num domingo ensolarado, um grupo de meninos corria pelas ruas do bairro. Os mais jovens se divertiam e davam altas gargalhadas ao brincar de “guerra de água” para escapar do calor. Alguns traziam em suas mãos mangueiras, outros baldes e até mesmo armas d’água para brincadeira.

“Você é polícia, bandido ou inocente?”, questionava um dos meninos com uma arma d’água em punho. “Eu sou inocente”, dizia outro garoto, que, logo em seguida, recebia um jato de água no rosto.

“Resposta errada, ‘rapá’, pois quem está morrendo agora é inocente”. Com o fim do interrogatório e a suposta “punição”, as crianças saíam em disparada molhadas, com sorrisos estampados e os pés descalços.

Patrícia Silva, 23, é correspondente do Campo Limpo.
@Patricia_Aps
patriciasilva.mural@gmail.com

Comentários

  1. Infelizmente o que se vê hoje em dia com relação a esses traficantes, é tudo culpa da nossa sociedade, que vê o mesmo como um benfeitor, admirando-os como se fossem a melhor coisa do mundo., não vê a sociedade que eles matam nossos conhecidos, pessoas inocentes, atacam ônibus prejudicando desse modo a população. Nós enquanto sociedade organizada temos que apontar esses criminosos pra policia seja eles conhecidos nossos, amigos ou não pois são eles o cancer que maltrata a sociedade ordeira.

  2. Ainda bem que não tinha funk, forró, nem brega, muito menos a efervescência de motos em alta velocidade e carros pelos caminhos estreitos. Só quem tem que morar perto de música alta sabe o quanto tudo isto é inconveniente. Ainda bem que os bares estão fechados… as pessoas deviam beber menos, atrapalhar menos os vizinhos, se acidentar menos e estudar mais.

    1. Persio, realmente, ninguém gosta do funk, forró e brega alto de madrugada. Porém, o fim dessa efervescência só é bom se vier pela EDUCAÇÃO, e não pelo MEDO, como foi relatado.

      1. Pelo menos, vendo apenas o lado bom das coisas, é fato que há menos gente bebendo e estragando o fígado, e menos barulheira na rua, pois aguentar funk, forró, brega ou a efervescência de motos em alta velocidade e carros pelos caminhos estreitos ninguém merece. Não sei de onde a jornalista tirou que isto é bom.

        1. O lado bom ds coisas é policial e bandido deixando “esses bandidos favelados” dentro de casa enquanto você pode dormir sossegado e sem barulho em seu apartamento em Pinheiros, né, amigo??? Não o incmoda a “efervescência de motos em alta velocidade e carros pelos caminhos estreitos” em Capão Redondo, há quilômetros da sua “humilde residência”. O que o incomoda é a felicidade dessa gente simples com coisas simples. E pra você, o “lado bom” é que, pelo menos esse pessoal vai ficar em casa de bico fechado por um fim de semana. Essa é a verdadeira razão de sua felicidade. A infelicidade de quem, na sua visão, não a merece…

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