Personagens azuis ‘invadem’ muros da zonas leste e norte de SP

Agência Mural

Quem passeia pela zona norte de São Paulo, talvez já tenha visto os ‘índios azuis’ desenhados nos muros dos bairros.

Quem os desenha é o artista Fábio de Oliveira, mais conhecido como Crânio. Seu personagem, diz ele, veio de “uma busca natural de um estilo original brasileiro”.

Grafiteiro desde 1998 –quando estava no colégio–, Crânio tem inúmeros trabalhos espalhados pelo bairro onde mora, o Tucuruvi, zona norte.

Um deles, próximo à estação do metrô, retrata o assassinato do índio Galdino Jesus dos Santos, que foi queimado vivo em 1997 enquanto dormia em uma praça pública em Brasília.

Grafiti na rua dos Ferroviários (Tucuruvi, zona norte) representa Índio Galdino, morto em 1997

Moradores da zona norte reconhecem os desenhos do artista mesmo em outros locais. “Eu não prestava muita atenção, mas comecei a reparar nos índios e ainda mais por serem azuis. Eles são muito engraçados e com a sunga desenhada com a bandeira do Brasil”, comenta o estudante Bruno Izaías, 20.

“O grafiti é minha vida e é como o ar que respiro. Na cidade essa arte é como um passaporte para o mundo paralelo”, finaliza Crânio.

Muro no Jardim Romano, zona leste de São Paulo

Na zona leste, o grafiteiro Cristiano Alves de Lima, 30, conhecido como Ignoto, também desenha seu personagem azul em muros e paredes do jardim Romano, bairro onde mora desde que nasceu. O personagem é conhecido como Azulão e é retratado em diversas posições.

“Gosto de colocar ele em diversas situações, acho isto legal e vira meio que uma história em uma parede. Às vezes ele está fazendo uma coisa, em outra situação tá totalmente diferente. Os muros respondem por mim, pois o personagem é o mesmo em situações bem diferentes.” comenta.

Grafiti no Jardim Romano ilutra alagamento de três meses que atingiu o bairro

Para o morador do jardim Romano Samuel Alves, 22, o personagem acaba virando um representante do bairro, pois está em muitos muros da região e fora dela “Outro dia eu vi o azulão na avenida Paulista em frente ao MASP, num quadro. Senti-me representado pelo boneco.”

Priscila Gomes, 28, é correspondente de Vila Zilda.
@prigomes1983
priscilagomes.mural@gmail.com

Vander Ramos, 51, é correspondente do Itaim Paulista.
@vander521
vander.mural@gmail.com

Comentários

  1. Faz algum tempo comecei a perceber a importância do grafite na nossa metrópole e no brasil a fora o tão quanto representa os anseios de uma sociedade mais justa e igualitária. Parabéns aos artistas e os correspondentes Priscila e Vander pela divulgação.

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