Com centro cultural fechado, coletivos de Guaianases debatem em casa do norte

Agência Mural

“Aqui é onde a cultura acontece”, comentavam entre si as cerca de 40 pessoas que se reuniram na noite do dia 22 de fevereiro na casa do norte do seu Manoel, na rua Professor Cosme Deodato Tadeu, em Guaianases, zona leste de São Paulo.

A poucos metros, na mesma rua, a Casa de Cultura do bairro estava fechada, mesmo com agendamento prévio feito pelos organizadores do evento para utilização do espaço público.

“Reservamos por meio de ofício, convidamos a subprefeita e o chefe de gabinete, e ao chegarmos aqui, as portas estavam fechadas”, contou Renato Almeida, coordenador no Instituto Paulista de Juventude e um dos idealizadores do encontro.

A proposta era reunir diversos coletivos e grupos artísticos de Guaianases e de outros bairros do “fundão da leste”, como eles gostam de definir, para compartilhar as ações e demandas para a cultura da região.

Coletivos de arte de Guaianases, na zona leste, fizeram um debate em uma casa do norte

“Queremos mostrar que existe um movimento organizado, temos teatro, dança, poetas. Tem que ter mais casas de cultura”, afirmou Tita Reis, do Coletivo Dolores Boca Aberta.

As portas fechadas serviram para exemplificar as dificuldades que os grupos enfrentam para se manter e apresentar sua arte para o público, que tem poucas opções de lazer e entretenimento no bairro.

Segundo pesquisa da Rede Nossa São Paulo de 2010, não havia nenhum espaço cultural em Guaianases, bairro com população de 270 mil habitantes.  A Casa de Cultura, porém, que já foi até a sede da subprefeitura, foi destinada a este fim em 2009.

Ao final do encontro, em meio a petiscos, cervejas e caldos de mocotó, os participantes resolveram criar uma comissão para assuntos deliberativos do movimento, e de representação frente aos órgãos públicos, além de todos se comprometerem em participar das discussões que estão acontecendo em Ermelino Matarazzo, bairro vizinho.

“Que os movimentos se alastrem em contato com outras regiões. Tem que pensar a cultura não só por setor, mas para toda São Paulo”, afirmou Herbert Henrique, da Descompanhia Teatral.

A subprefeitura de Guaianases não respondeu qual o motivo do fechamento do espaço.

Lívia Lima, 24, correspondente de Artur Alvim.
@livialimasilva
livia.mural@gmail.com

Comentários

  1. De fato ficou registrado mais uma vez o total desrespeito com os movimentos do bairro frente a uma discussão fundamental para a população. “Eles” precisam saber que o povo não quer só comida, mas também diversão e arte.

  2. Ainda bem que não dependemos do poder público para trabalhar pela transformação..masn nem por isso ficaremos parados “com a cabeça nas nuvens e os pés no chão”….viva o Movimento CulturaL de Guianases!

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