Ocupação do morro do Jardim Damasceno completa 41 anos
Muita luta, suor e até tragédias fazem parte da história do Jardim Damasceno, um dos muitos morros da região da Brasilândia, na zona norte de São Paulo, que completou 41 anos no último sábado (16).
A data, na verdade, é apenas o registro formal de 1972 do loteamento do bairro, que já tinha moradores. “Em 1969, já tinha umas dez casas por aqui. Era um mato fechado, não tinha nada. Para tomar um ônibus era preciso andar cerca de 2 km”, conta o líder comunitário Quintino José Viana, 68, um dos primeiros a chegar no bairro.
Nesta época, a vizinhança se abastecia com a água de uma mina, localizada ao lado de uma capelinha construída quando tudo ainda era a fazenda de um senhor chamado Damasceno. Quem cuidava da capela, hoje uma paróquia, era o Padre Ivo, um dos nomes mais importantes pelas evoluções das periferias da região.
“Não dá para falar da história do Damasceno sem falar do Padre Ivo. Ele lotava ônibus para irmos até a prefeitura brigar por melhorias. Nas épocas de chuva, ele saía preocupado, andando no morro de madrugada, ajudando quem convivia com os riscos de desmoronamentos”, relembra Seu Quintino.
Sem água, luz ou asfalto, a população foi chegando e tomando conta do espaço rodeado por uma mata fechada, com animais selvagens. “Tinha muito macaco por aqui. Existia até um gorila que todo mundo escutava. O bicho era macho, grande. Muita gente o viu, eu não o conheci. Ele só foi embora quando as máquinas vieram construir a escola”, conta o aposentado Sebastião Manuel da Silva, 68.
Seu Sebastião chegou em 1975 e foi morar na parte mais alta conhecida como Damasceno Alto, quando ainda não havia água encanada, luz, asfalto ou qualquer infraestrutura. “O sofrimento era grande. Chegava do trabalho cansado e precisava buscar latões de água na parte baixa do morro para abastecer a minha casa”, lembra.
A rede de abastecimento de água foi a primeira conquista dos moradores. Depois, veio a luz e a pavimentação. Nesse meio tempo, desabamentos ocorreram com vítimas fatais. Uma favela deu lugar a um belo parque linear e as evoluções ocorrem aos poucos. As ruas ganharam nomes. Antes, elas eram identificadas por números, mas, até hoje muitos utilizam as numerações como referências. Por exemplo, a rua Gregório Pomar é também conhecida como “Antiga Rua 17” ou só “17”.
Atualmente, o Jardim Damasceno tem 21 ruas, uma escola, duas linhas de ônibus [sendo que uma delas faz final no Jardim Paraná –bairro vizinho] e cerca de 30 mil habitantes, segundo o último censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2010.
Ainda há muito pelo que lutar. No bairro, não há feira livre, uma rua comercial [com comércios, bancos e casas lotéricas como em Taipas, Carumbé e Vila Brasilândia, bairros da região], uma base comunitária da Polícia Militar, cobertura total de internet banda larga, um posto de saúde, entre outras necessidades.
Entre os pontos positivos, os moradores destacam a construção do recente Parque Linear do Canivete e a rotina sem violência. “Não temos mortes, assaltos, nem medo de andar a qualquer hora por aqui, como acontece em áreas nobres da cidade”, destaca Seu Quintino.
Cleber Arruda, 31, é correspondente do Jardim Damasceno.
@CleberArruda
cleber.mural@gmail.com
Eu conheço o Jd Damasceno, mas não sabia da historio local.
Parabéns pela matéria Cleber.
ola boa tarde !
eu tambem fasso parte dessa historia me criei no bairro lembro de muitas coisas boas e ruins . vim qnd nao tinha conduçao a construçao da escola genesio e do pre alexandre gama onde estudei em ambos , sem falar no osem e claro ,
me recordo da primeira empresa de onibus , viacao brasilia e a cmtm e assin ate hoje .
qnd estiver mais noticias me envie .
Moro no bairro há 36 anos e concordo que houve evolução, mas ainda há muito por fazer. Como não temos uma Associação de Moradores oficial no bairro, torna-se difícil a reinvidicação de melhorias.
Por enquanto vivemos de promessas de políticos que só aparecem no bairro em época de eleições.
Queria saber quem foi o drogado que disse que nesse bairro tem banda larga, deste quando vivo de 250 kps e banda larga????. Cadê TIM, GVT, e a NET.
Olá…moro no jd damasceno a desde dez/2011 esta sendo dificil morar aqui antes morava no Mandaqui outra cultura….tudo era mais fácil ex:internet,bancos,transporte,supermercados,lojas, lazer em geral….Só que eu morava de aluguel e hoje não, a casa onde moro no mandaqui custaria em torno de 600.000,00 mil reais e no Jd Damasceno saiu por 120.000,00 bacana né o importante que aos pucos estou me acostumando pq eu ja tinha alguns amigos aqui….abraço
Roberto eu acredito que a construçao do metro brasilandia e a passagem do rodo anel reflita em melho
rias para o bairro mas tem uma escol
a estadual mal cuidada e recebe verbas e muito barulho nos finais de semana moro desde 1987
Parabéns Cleber Arruda pela bela matéria, acompanhamos o dia a dia da Brasilândia e sabemos que temos muito pra crescer e fazer. A Brasilândia é um bairro mais jovem que Pirituba e Perus e temos um futuro que deve ser pensado desde agora.
Amavb-Associação de Moradores do Alto da Brasilândia – Cláudio Rodrigues
Cleber a matéria ficou excelente !!!! com ela estou conhecendo mais um pouco da história do Jardim Damasceno, realmente era só mato porque eu passei por aqui a alguns anos atras era mata fechada de um lado e do outro. Parabens…
Olhando a primeira foto (visão da janela do Sr. Quintino), me lembro da luta dantesca do mesmo (Sr. Quintino), que agora está sendo abraçada por outros moradores do Jardim Damasceno e mais pessoas da região. Luta pela melhoria do Damasceno, que se tudo der certo, terá este ano uma UBS Integral, conforme consta do Plano de Metas da Prefeitura. Mas luta mais incrível é a defesa em prol do Parque da Brasilandia, na qual Sr. Quintino, com suas atitudes fez com vários cidadãos participassem e ainda participam. Na foto, seria a área alta bem na frente. Nesta área do outro lado, onde deverá ser o Parque da Brasilandia, tem uma invasão de mais de 1500 barracos. O Sr. Prefeito Haddad fez o favor de abrir mão da área por causa disso, matando um parque já estava nascendo.