Morador de Itaquera vê a Copa do Mundo como promessa de melhorias no bairro

Agência Mural

Faltando exatamente 365 dias para o início da Copa do Mundo, o bairro de Itaquera, na zona leste de São Paulo, já vive o clima da competição. Comerciantes e moradores se preparam para receber os turistas, enquanto as obras de infraestrutura seguem a todo vapor dentro e fora da Arena Corinthians, que realizará o jogo de abertura. Em dezembro, quando a construção deverá ficar pronta, Almir Fontenele, 44, poderá colocar em seu currículo mais um trabalho realizado.

“Meu maior prazer vai ser assistir pela televisão algo que ajudei a construir”, afirma ele, que é técnico de segurança do trabalho e há mais de 20 anos mora em Itaquera.

O piauiense Almir Fontenele vive em São Paulo desde 1992 e hoje trabalha como técnico de segurança na Arena Corinthians

Nascido em Brasileira, norte do Piauí, Fontenele tem uma trajetória que se confunde com a de muitos nordestinos que migraram para São Paulo. Ele deixou a sua cidade natal em 1990, mas só chegou à capital paulista dois anos depois, após morar em Minas Gerais e no Rio de Janeiro. Começou na construção civil como auxiliar de segurança e por influência do pai, mas nem imaginava que um dia iria trabalhar na obra de um estádio de Copa do Mundo.

Antes, o piauiense havia trabalhado em um posto telefônico e como locutor na rádio Sete Cidades, de Piracuruca, no Piauí, apresentando o programa musical “Show da Manhã”. “O rádio é uma paixão antiga. Sempre gostei de ouvi-lo e sempre tive facilidade para comunicação”, conta.

O amor ao veículo também foi levado para o canteiro de obras. Fontenele é um dos locutores e gestores da Rádio Estádio, montada na Arena Corinthians.

A obra do Itaquerão, como a arena também é conhecida, é de responsabilidade da construtora Odebrecht

Seu início de vida em São Paulo foi marcado pelos apertados alojamentos ─ onde dormia ─ e pela vivência durante 24h no ambiente da obra. O primeiro trabalho na cidade foi a canalização de um córrego na avenida Jacu-Pêssego. “Quando falei para os meus colegas do Rio que iria trabalhar em Itaquera, eles disseram que isso aqui era a Faixa de Gaza. No início fiquei receoso, mas hoje tenho uma visão totalmente diferente do bairro”, diz.

Ao se casar com Luciana, em 1997, Fontenele alugou uma residência e dez anos mais tarde, o casal adquiriu o primeiro imóvel próprio. Hoje, o técnico em segurança é pai de Júlia e Vitor, de 8 e 16 anos, respectivamente.

“Gosto muito de morar aqui e não penso em sair de jeito nenhum. Muitas coisas melhoraram ao longo dos anos, outras continuam do mesmo jeito. Acho que um dos piores problemas do bairro é a locomoção. As pessoas levam horas para chegar ao trabalho e os transportes circulam lotados. Mas, acredito que isso pode melhorar com a realização da Copa. Empresas vão passar a investir aqui, mesmo depois do evento”, afirma.

Esse otimismo, porém, não se aplica a seleção brasileira. Para o piauiense, o Brasil não vai ganhar a Copa do Mundo, mas, como ele é um apaixonado por futebol, não deixará sua torcida de lado.

Rafael Carneiro da Cunha, 23, é correspondente da Lapa
@rafaelccunha
rafaelccunha.mural@gmail.com

Comentários

  1. Esse cara é um exemplo de superação, um dos grandes presentes que ganhei em minha vida foi a conquista de sua amizade. Parabéns grande Almir, tô do seu lado. Agora não se iluda com pós Copa, na minha opnião será um caos. A única coisa que teremos são estádios lindos e mais nada. Seleção Brasileira ? Brincadeira, o patrocinio fala mais alto, mas, também vou torcer muito, quem sabe !!!

Comments are closed.