Peregrinos da JMJ fazem intercâmbio cultural em bairros da zona leste
Cerca de 1,5 mil peregrinos de países como Iraque, Bolívia, Peru, Chile, Guatemala, Panamá, Espanha e Itália se hospedaram na casa de moradores dos bairros do Itaim Paulista, São Miguel Paulista, Jardim Helena, Guaianases, Artur Alvim e Itaquera, todos na zona leste de São Paulo. Eles se juntaram aos 2,1 mil jovens da região e juntos seguiram rumo ao encontro com o papa Francisco, no Rio de Janeiro, na 28ª Jornada Mundial da Juventude (JMJ).
Segundo informações da Diocese de São Miguel Paulista, a organização da hospedagem começou no ano passado, logo após a passagem da Cruz Peregrina e do ícone de Nossa Senhora pela Diocese, em setembro de 2011. “Os visitantes foram distribuídos em dezenas de residências divididos em grupos de quatro a 20 pessoas”, diz o gerente comercial André Andrade Santos, 38, que ajudou na organização.
“A maior dificuldade foi o idioma, mas nada que a mímica e o google tradutor não ajudasse”, explica Santos, que é morador do Jardim Helena e hospedou dez iraquianas. Pai de duas meninas e um homem, ele revelou que o filho teve de sair de casa para ficar em outro local, pois hospedaria um grupo de mulheres.
A dona de casa Maria Lucia Lima, 64, moradora de Artur Alvim, abrigou quatro peregrinos vindos da Áustria, Camarões, África do Sul e El Salvador. “Foi bom recepcioná-los. Aprendi a cultura deles e eles a nossa. Mesmo com as dificuldades do idioma nos entendemos”.
Para ocupar o tempo e conhecer a cultura brasileira, os visitantes passearam pelos museus, templos sacros, mesquitas, igrejas e parques, como a capela histórica de 1622, de São Miguel Paulista. Responsável pelo espaço, Alexandre Galvão estima que 500 estrangeiros visitaram as relíquias sacras que estão no local. “Tive que me virar no espanhol, inglês e na mímica para explicar a importância da capela para o Brasil”, diz.
“Fiquei emocionado pela riqueza cultural que este lugar nos traz. O bairro de São Miguel Paulista é muito bonito, mas esta capela nos tira o fôlego”, destaca o peregrino da Guatemala Alex Besil, 32. “Fui muito bem acolhida pelos moradores daqui [Artur Alvim], gostei da vila onde fiquei. Só achei que o bairro é frio demais”, comenta Iolanda Cepel, 53, também da Guatemala.
Um grupo misto de peregrinos, de El Salvador, Camarões, Áustria e Colômbia, participou do Sarau “O que Dizem os Umbigos?”, no Itaim Paulista. Durante as apresentações literárias, a austríaca Bárbara Karner, 25, e o colombiano Elder Barrera, 25, tocaram músicas de seus países de origem. Uma freira vinda de Camarões sentou-se no meio dos participantes e gostou das apresentações que assistiu, apesar de não entender a língua. “Entendo pouco o português, mas me viro para saber o que dizem”, comenta a irmã Caroline, 40.
“Acolhi cinco peregrinos em minha casa e pode ter certeza que fiz mais cinco amigos. Este é o propósito da JMJ, unir os jovens pelo mundo cristão”, completa a estudante Fátima Corrêa, 24.
Vander Ramos, 51, é correspondente do Itaim Paulista.
@vander521
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Eu também hospedei 5 peregrinos de El Salvador, Colômbia, Peru e dois da Venezuela. Aprendi muito com eles. E agora estou no Rio de Janeiro fazendo novas amizades. Parabéns Folha de São Paulo pela matéria com olhar para a periferia.
Parabéns pelo Blog.
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