Mal cuidados, túneis da Lapa causam transtorno aos pedestres
Desde que Kely foi expulsa de casa pela mãe devido à sua terceira gravidez, a vida da jovem de 28 anos sofreu uma reviravolta. Há pouco mais de quatro meses, ela pede dinheiro na estação Lapa, linha 7 da CPTM (Companhia Paulista de Transporte Metropolitano) para comprar comida e pagar o aluguel do cômodo onde mora, em Taboão da Serra, na Grande São Paulo. Vivenciado diariamente o vai e vem dos passageiros, Kely é testemunha das dificuldades que eles enfrentam ao transitarem pela passagem subterrânea 12 de Outubro, na Lapa, zona oeste de São Paulo.
O túnel é uma das alternativas para quem chega ou sai da estação de trem e dá acesso tanto para a rua John Harrison, quanto para a Wiliam Speers. Temido por muitos, o local é frequentemente vítima de alagamentos e infiltrações.
Em dias de chuva, não é raro ver pedestres improvisando pontes com pedaços de madeira para transitar sobre a água. Dependendo da época do ano –no mês de janeiro a situação é mais crítica– e da quantidade de chuva, a água pode alcançar um metro de altura. “Chegaram a fazer uns serviços por aqui, colocaram cobertura nas entradas dos túneis, mas não adiantou nada!”, diz Kely.
Perto dali, outra passagem subterrânea dificulta a vida de quem transita pelo bairro. Chamada de “Toca da Onça”, ela é estreita, tem baixa iluminação, lixo espalhado pelo chão, mau cheiro e um teto com pouco mais de 1,80m. O local, um dos acessos para o Mercado da Lapa, é alvo há anos de reclamações devido à sua degradação.
Além dos constantes alagamentos, os pedestres também relatam que já foram furtados e que durante a noite dão uma volta maior do que necessária e fazem a travessia pela passarela ou pelo viaduto porque têm de medo de passar no túnel.
Uma comerciante de 59 anos –que prefere não se identificar– afirma que a subprefeitura só faz a limpeza das tubulações no túnel 12 de Outubro, enquanto que no outro as grelhas de escoamento ficam tomadas de lixo.
“Quem entope na maioria das vezes são vândalos que querem roubar os pedestres, pois em dias de chuva, os túneis enchem de água, dificultando a caminhada das pessoas e facilitando a ação desses ladrões. Além disso, eles destroem as lâmpadas e deixam os túneis mais escuros ainda. Eu já fui ameaçada várias vezes, presenciei muitos roubos e procuro sempre alertar as pessoas que circulam por aqui”, conta. De acordo com a comerciante, os furtos ocorrem normalmente das 7h às 20h.
O Mural tentou contatar a subprefeitura da Lapa por vários dias, mas não obteve êxito.
Rafael Carneiro da Cunha, 23, é correspondente da Lapa.
@rafaelccunha
rafaelccunha.mural@gmail.com
Não sabia que bairros têm correspondentes, a ideia é muito boa! Gostaria de sugerir que V proponha a criação de mais pontos de ônibus ao longo de vários trajetos na Lapa . como, por exemplo, as Ruas Clélia e Guaicurus: os pontos distam, em média, absurdos 500/600 m entre si. A Rua Tito também é assim, e várias outras. Obrigado.
Passo diariamente nesse túnel e é absurdo a escuridão mesmo durante o dia. Ações de vândalos, ladrões e até “tarados” são frequentes no local.