Moradores de Perus fazem roda de samba em feira livre
Além de batatas e cenouras a preços baixos, quem costuma ir até a feira de domingo no Jardim do Russo, em Perus (zona norte de SP), conta com uma trilha sonora totalmente gratuita. É que, desde 2012, o local também se tornou palco da roda de samba realizada pela Comunidade Partideiros do Samba de Perus.
Formada por moradores da região, a ideia da Comunidade surgiu quando seus membros ainda eram estudantes de escolas públicas do bairro.
A paixão pelo samba de raiz fez com que a amizade entre eles ultrapassasse os muros do colégio, levando-os a se encontrar em maio de 2012. Além disso, eles juntaram as habilidades musicais de cada um. A ideia de um conjunto de samba se oficializou e os integrantes resolveram se apresentar à comunidade local por meio da feira.
Diego Barbosa, 28, é um dos responsáveis pelo grupo e, para ele, a Comunidade tem o objetivo de resgatar o samba de raiz e trazer essa modalidade musical para a comunidade, principalmente para as crianças, que muitas vezes não têm acesso ao ritmo.
Organizador e também percursionista do grupo, Gustavo Pagua, 29, demonstra a vontade dos Partideiros em ampliar a roda, fazendo disso um evento com infraestrutura suficiente para atender a todos, com banheiros públicos e brinquedos para as crianças, por exemplo. “Atividades como essa são importantes para que os moradores menos favorecidos possam curtir uma boa música sem precisar gastar dinheiro. E também para os mais velhos, que já não possuem opções de lazer”, diz.
O motorista Eduardo Bita, 53, não é integrante do grupo. Mas, ali, bem ao lado da roda, faz questão de mostrar sua habilidade em imitar uma cuíca. O som da boca do rapaz se mistura ao instrumento e, assim, é cumprido o objetivo dos integrantes: trazer o samba de raiz para a cultura local e agregar qualquer pessoa que tenha vontade de entrar na roda.
“É a maior felicidade estar aqui, até me arrepio em ver Perus tendo algo assim ao vivo e à cores. Da mesma forma que a chuva faz a população descer o morro, o samba também faz”, diz Bita, que acredita que a prefeitura deveria dar mais incentivos a todos os grupos culturais do bairro.
Os moradores presentes dizem que, de 1998 a 2003, a cena do samba em Perus era muito mais forte, já que diversos grupos locais se apresentavam aos fins de semana na Praça do Samba, na Vila Nova Perus.
No princípio, a prefeitura colaborava financeiramente, o que atraia também a população dos bairros vizinhos. Mas, passado um tempo, a falta de investimento afastou os músicos e a praça também deixou de ser uma referência cultural.
Com a iniciativa dos Partideiros, esse cenário vem mudando. O operador de máquina Fábio da Silva, 37, mora em Caieiras, região metropolitana de São Paulo. Soube do samba por meio de uma amiga e há cinco meses, todo segundo domingo do mês ele marca presença no evento. “Existem poucos eventos gratuitos pela região”, reforçou.
A balconista Rosemara Ribeiro, 30, trabalha aos domingos em uma padaria no bairro de Pinheiros (zona oeste de SP). Mas, o samba no segundo domingo do mês fez até com que ela convencesse a patroa a lhe dar uma folga. “Nos outros domingos, não há nada. E a gente reza pra chegar logo o segundo domingo, para ter uma diversão”, é o que diz a amiga de Rosemara, Bruna Buscanollos, 17. Para as amigas, a feira não tem a mesma graça nos domingos sem o samba.
Serviço
O samba acontece todo segundo domingo do mês, na feira do Jd. do Russo, que tem início na av. Dr. Silvio de Campos, em Perus. O evento é gratuito.
Para maiores informações sobre a Comunidade Partideiros do Samba de Perus e agenda de apresentações, entre na comunidade do grupo no Facebook, clicando aqui.
Jéssica Moreira, 21, é correspondente comunitária de Perus.
@gegis00
jessicamoreira.mural@gmail.com.
O samba da Comunidade é de responsa e ainda traz muita cultura para o bairro.
Perfeita, a mistura de samba com feira.