Direito à cidade é um dos temas da terceira edição do Estéticas das Periferias

Agência Mural

“Do interior ao centro, inevitável movimento”, dizia repetidas vezes o musical Orfeu Mestiço, que vai do rap ao jongo, principal atração na abertura da terceira edição do Estéticas das Periferias 2013, que ocorreu na terça-feira (27), no Auditório Ibirapuera, na zona sul de São Paulo. Realizado pela ONG Ação Educativa, o projeto vai até o próximo domingo, primeiro de setembro, com mais de 150 atrações e em 43 espaços culturais, sendo 40 deles nas periferias da cidade.

Público durante musical Orfeu Mestiço, no Auditório Ibirapuera, na zona sul de SP (Foto: Daniel Salles Pascowitch/Divulgação)

Este é o primeiro ano que o projeto é denominado como “encontro”. Antes, era definido como mostra e seminário. Segundo a associação, a alteração ocorreu por não ser mais um evento central e ter se tornado cada vez mais múltiplo, tanto em participantes, como em parcerias e espaços. Neste ano, os eixos temáticos serão culturas negras, direito à cidade, produção de difusão cultural e cultura de paz.

Antonio Eleilson Leite faz a abertura do evento e fala sobre a violência que ocorre nas periferias de São Paulo (Foto: Daniel Salles Pascowitch/Divulgação)

Durante a cerimônia de abertura, Antonio Eleilson Leite, 45, coordenador de cultura da ONG e um dos idealizadores do encontro, reforçou a importância da edição. “Além da arte, o evento dá destaque a violência que ocorre nas bordas da cidade”.

Como forma de levantar a bandeira contra a violência nas periferias, a edição faz homenagem póstuma ao rapper Dj Lah, morto na chacina do Campo Limpo (zona sul) no início deste ano; MC Daleste, assassinado no último mês de julho; Niggaz, grafitero do Grajaú (também na zona sul), que morreu na represa Billings em 2003, e ao rapper Sabotage, morto no mesmo ano.

A bancária Caroline Correia, 22, moradora da cidade de Osasco (Grande São Paulo), soube do evento no mesmo dia, via redes sociais. Ela ainda não conhecia, mas achou essencial estar lá. “É importante que a cultura da periferia ocupe cada vez mais esse tipo de espaço [Auditório Ibirapuera] e que pessoas da periferia ou não estejam lá pra assistir o avanço”, disse.

Já o editor de vídeo Alexandre Marques, 29, morador do centro de São Paulo, acompanha a programação pelo segundo ano consecutivo. Em sua opinião, o encontro é fundamental para projetar o trabalho artístico cultural que ocorre nas periferias e valorizar seus produtores. “É um espaço merecido, necessário, e que proporciona conexões, aproxima pessoas com ideias semelhantes, causa reflexões e fortifica o segmento”.

Em uma metrópole que tem 60 dos 96 distritos com índice zero no quesito “centros culturais, espaços e casas de cultura” e uma concentração média de 9% dos equipamentos nas regiões da Sé e Pinheiros, segundo dados da Rede Nossa São Paulo, com referência em 2012, uma semana da cultura periférica em foco é, além de essencial, resistência.

 

 

Semayat Oliveira, 24, é correspondente da Cidade Ademar
@Semayat
semayat.mural@gmail.com

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