Perus recebe exposição sobre vala comum aberta durante a ditadura
Na noite de quarta (4), a plateia do auditório do CEU de Perus, zona norte de São Paulo, estava lotada. No palco, não havia peça de teatro ou banda musical, mas sim uma palestra sobre a ditadura militar no Brasil e como ela marcou a trajetória do bairro.
Mais de cem pessoas, entre moradores, líderes comunitários e estudantes, estiveram presentes para assistir a palestra que marcou o lançamento da exposição fotográfica “Vala Clandestina de Perus – Desaparecidos Políticos, um Capítulo Não Encerrado da História Brasileira” e a distribuição do livro de mesmo nome, que traz artigos de vários autores e pode ser acessado neste link.
Na década de 1990, foi descoberto no cemitério do bairro, o Dom Bosco, uma vala clandestina de três metros de profundidade onde foram encontradas ossadas de mais de mil presos políticos do regime militar, que durou de 1964 a 1985.
A exposição mostra uma linha do tempo histórica e fotos do dia que as ossadas foram retiradas para a perícia.
Jaine de Lima, 48, tinha apenas 11 anos quando tudo aconteceu. Assim como a maioria da população peruense, Jaine também desconhecia na época a existência da vala comum. Mas a curiosidade da garota se estendeu até a vida adulta, fazendo com que ela fizesse uma especialização de História na Unicamp sobre a vala clandestina de Perus.
Hoje, Jaine é professora da rede pública estadual no bairro e faz questão de trazer conteúdo local para a sala de aula. “Sou um instrumento dessa história e não podemos deixar passar em branco”, afirma.
“Eventos como esse resgatam aquilo que o CEU deve ser: uma esquina do bairro, onde os moradores e movimentos sociais se reúnem para seus problemas e fortalecer a identidade local”, disse Márcio Bezerra, gestor da unidade. Ele ressalta ainda que ações como essa trazem outro olhar sobre a própria história do Brasil.
A exposição está aberta para visitação no CEU Perus, das 9h às 22h até 14/9. Depois, a mostra segue para o CEU Anhanguera.
O CEU Perus fica na r. Bernardo José de Lorena, 79, próximo à estação Perus da CPTM. Mais informações aqui.
Jéssica Moreira, 21, é correspondente comunitária de Perus
@gegis00
jessicamoreira.mural@gmail.com
Excelente matéria sobre uma excepcional atividade….parabéns