Escritora do Jardim Damasceno viaja pelo mundo da literatura fantástica

Agência Mural

Aos oito anos, ela corria para TV quando chegava da escola em busca de um seriado com vampiros sanguinários. Não gostava de desenhos animados convencionais. Hoje, aos 22, a escritora Andy Azous, pseudônimo de Andressa Souza, não consegue se livrar dos personagens irreais na produção de seus textos e busca seu espaço no universo da literatura fantástica.

“Os personagens vêm. Já cheguei a parar uma sessão de autógrafos e pedir bloquinho e caneta para escrever sinopses de outras histórias. Juro que já tentei escrever romance água com açúcar, mas não dá certo. Tem que ter um vampiro, uma sereia ou alguma coisa fantástica para acontecer”, diz Andy.

Mãe dos gêmeos Gabriel e Miguel Menezes, 5 meses, Andy mora no Jardim Damasceno, zona norte de São Paulo, e estuda o curso de Letras desde o ano passado. Com contos e poesias, participou de quatro coletâneas: “Dias Contados III” e “Histórias Envenenadas II”, ambos lançados pela editora Andross, “Fantasiando”, da editora Regência, e “Versos Vampíricos”, da editora Literata.

Andy Azous com coletâneas recheadas de seus contos e poesias fantásticas

Viciada em literatura fantástica, a jovem descobriu como poderia colocar no papel as suas histórias ao participar de diversos eventos ligado ao gênero; sempre vestida a caráter. “Me transformava. Ia toda trabalhada na vampira malvada, com lente de contato azul e cabelo vermelho escorrido”.

A partir desses encontros, seu lado autora desencantou. “Fui conhecendo pessoas do meio e descobrindo o que eu posso fazer, corro atrás de editoras pequenas, enfim. No primeiro ano, mandei textos para todas as editoras e não tive nada aprovado”, diz a jovem, que enfrentou dificuldades financeiras, mas não desistiu dos seus ideais.

“Infelizmente, é muito difícil ver escritores fazendo sucesso aqui. Para isso, é preciso ter verba não só para publicar como também para investir em campanhas de marketing ou lançar fora e trazer a obra traduzida”, observa.

Fazer contatos frequentes com escritores, revisores e produções independentes é a principal dica de Andy para quem está a fim de produzir o seu livro e não tem condições financeiras.

“Tem que saber aonde ir. O nosso governo não incentiva os escritores. Em outros países, quem tem apenas um livro publicado ganha até bolsa de estudo em faculdades. Aqui, não. E, outra, tem que gostar muito, sem pensar em fazer por dinheiro”, alerta.

Com a maternidade, a autora precisou se afastar do meio literário para se dedicar em dose dupla aos gêmeos. Contudo, não parou de produzir. Andy conta ter 300 histórias começadas e outras 20 prontas na gaveta.

Dois projetos já estão encaminhados com seus personagens sobrenaturais. Entre eles está o seu o próximo sonho a ser realizado: o tão esperado livro solo. “Há uma brincadeira no meio literário sobre o Stephen King ter o nome maior que o título da obra na capa dos seus livros. Um dia quero ter o meu nome assim, lá no alto, pois vou saber que estou arrasando”, diz, cheia de graça, com os olhos brilhando.

 

Cleber Arruda, 32, é correspondente do Jardim Damasceno
@CleberArruda
cleber.mural@gmail.com

Comentários

  1. É bom demais saber conhecer histórias de jovens como a Andressa, e isso justifica a nossa luta para que o Espaço Cultural não se transforme apenas num escritório para o Parque , quero ressaltar a importância do trabalho do Cleber Arruda de mostrar divulgar o outro lado dos bairros pobres as coisas boas, positivas apesar da ausência de investimento Público.

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