Coletivos da zona sul de SP organizam ‘Quebrada Cultural’

Agência Mural

De hoje a domingo (24) ocorre a “Quebrada Cultural” da Cidade Ademar, evento organizado por uma rede de Coletivos Culturais da Cidade Ademar e Pedreira, distritos da zona sul de São Paulo. A programação começa com maracatu, tambor de crioula e manifestações contra o “genocídio da juventude pobre e preta” (Marcha para Zumbi). O encerramento será feito pelo rapper RAPadura Xique-Chico.

As atividades se concentram no CEU Alvarenga, também na zona sul.

A rede é formada por mais de 40 pessoas que atuam em 15 coletivos diferentes, reunidos com o objetivo de ocupar um vazio cultural dos bairros. A iniciativa partiu do DJ e arte-educador Erry-G, 34, e de Aurélio Prates, 34, que se autodenomina “brincante de cultura popular”. Os dois começaram a convocar coletivos culturais da região para pensarem em políticas públicas para Cidade Ademar.

“Descobrimos que tem muito fazedor de cultura aqui, mas por conta da escassez de equipamentos, todos trabalham fora do bairro. Desde junho, nos reunimos com regularidade no CEU Alvarenga”, contou Aurélio.

Os coletivos trabalham com maracatu, samba de terreiro, tambor de Crioula, artes visuais, cinema, música e outras vertentes. A primeira ação será a Quebrada Cultural, organizado em parceria com a Agência Solano Trindade.

“A Quebrada Cultural é um projeto da Secretaria da Cultura, mas na gestão anterior os coletivos não tinham abertura. Este ano conquistamos espaço para desenvolver um evento com o conceito da quebrada. É uma proposta piloto e a ideia é torná-la o mais democrática possível, já temos ideias para o ano que vem”, disse Erry –G.

A realização do evento marca o início da empreitada. Aurélio bate na tecla de que o objetivo vai além de ‘fazer festa’. “Não somos uma produtora, somos pensadores de políticas públicas e sabemos bem o nosso foco. Queremos mais fomento cultural para Cidade Ademar”, reforçou.

E essa preocupação refletiu na programação, que traz elementos de resistência cultural, racial e a proposta de debater a carência de equipamentos. No sábado (23), ocorre um debate para fomento financeiro e políticas públicas para Cidade Ademar, a partir das 16h, com a presença de representantes dos coletivos, da Secretaria de Cultura e subprefeitura.

ESCASSEZ

A subprefeitura da Cidade Ademar tem uma população média de 410.998 mil pessoas, dados com referência em 2010. Segundo a Rede Nossa São Paulo, a maioria dos indicadores culturais da região são iguais a zero: acervo de livros infantis ou para adultos; centos culturais, espaços e casas de cultura, cinemas, museus, salas de show, concertos e teatros.  Os números se referem ao anos de 2011 e 2012.

No Quadro de Desigualdade, disponível no site da Rede Nossa São Paulo, em relação a cidade toda, a região tem um dos piores índices de equipamentos públicos culturais –0,43%.  O melhor distrito é o Butantã, na zona oeste, com 11,86% ou 28 equipamentos disponíveis (dados de 2010).

 

Acesse o evento do Facebook e veja a programação completa.

Semayat Oliveira, 24, é correspondente da Cidade Ademar
@Semayat
semayat.mural@gmail.com