No Jardim Antártica, moradora terá casa demolida para a construção do Rodoanel
A aposentada Ivalda Mariano, 64, há cerca de 30 anos moradora do Jardim Antártica, distrito de Vila Nova Cachoeirinha, na zona norte de São Paulo, está prestes a ter sua vida completamente modificada por conta da construção da principal obra viária do Brasil atualmente em andamento: o trecho norte do Rodoanel.
Ela é uma dos 2.500 proprietários que, segundo a Dersa (órgão do Estado responsável pela obra), estão no processo de desapropriação de suas moradias, iniciado em junho.
Avaliada em cerca de R$ 250 mil, sua residência com dois quartos, sobrado e garagem é a “casa dos sonhos” da aposentada, “um trabalho de anos e anos, com muita luta e suor”, ressalta.
Além de ser obrigada a deixar sua moradia, Ivalda, que desde a separação do marido mora sozinha no imóvel, corre o risco de não receber nenhuma indenização, já que a escritura nunca lhe foi entregue pelo antigo proprietário.
“Há anos que estamos pedindo a escritura, mas nunca recebemos. Pago IPTU todo ano e já paguei várias multas desse terreno”, afirma, enfatizando já ter contratado um advogado para entrar com um processo contra o antigo dono.
Para aumentar sua aflição, com a visita de um perito da Dersa, em agosto, foi informada de que em até dois meses receberia um comunicado solicitando sua saída da casa. “Isso [a visita do perito] já faz três meses. O aviso pode chegar a qualquer momento e hoje não tenho para onde ir. Vai acabar com a minha vida”.
Segundo a Dersa, as famílias que apresentarem títulos de propriedades do terreno serão atendidas por meio do Programa de Desapropriação, que pagará uma indenização calculada com base no relatório do perito e no valor do mercado imobiliário da região.
Já as pessoas que não possuem a documentação serão atendidas por meio do Programa de Reassentamento, que, a partir de uma pesquisa socioeconômica e avaliação das edificações, oferece duas alternativas: indenização ou uma unidade habitacional.
POLÊMICAS
Com um custo de R$ 5,6 bilhões, a obra, que promete retirar 17 mil caminhões das marginais da capital paulista e atender 65 mil veículos por dia, tem causado polêmica não apenas por conta de seus impactos sociais e ambientais, mas por sua possível ineficácia, segundo especialistas.
Para Horário Augusto Figueira, engenheiro de tráfego de transportes, “o número de veículos que atravessam a capital com destino ao interior ou ao porto é muito menor do que a quantidade de veículos que vêm para dentro da cidade.”
Ainda de acordo com o engenheiro, a construção é desnecessária, pois quem vem do interior para o porto já tem a alternativa dos trechos oeste e sul do Rodoanel, assim como quem segue do interior para o Rio tem a rodovia D. Pedro, que se liga à Dutra.
João Paulo Brito, 25, é correspondente da Vila Nova Cachoeirinha
@JoaoP_Brito
joaopaulobrito.mural@gmail.com
Hoje eu já li a matéria do Jornal Estado de SP e a sua agora. Posso afirmar, que tudo o que foi dito pelos moradores afetados pelas explosões são plenamente verdadeiras. Morro aqui na Cohab do Jd. Antártica há 22 anos e nunca ninguém desta Obra veio nos informar que haveria explosões de tais proporções. Chegaram a fazer explosões até já quase no período da noite. Eu mesmo não aguento mais do barulho do martelete que eles fazem aos finais semanas, e até nos feriados começando as 7h:00 da manhã. Uma amiga disse que viu há um tempo atrás duas pessoas tirando fotos dos prédios aqui da Cohab. Ela como síndica perguntou o porquê! – Disse a mulher que tirava a foto, que era uma das 15 engenheiras que assinava esta Obra!!! E só… e não deu mais nenhuma informação!! Estou sabendo que, alguma pessoas já invadiram parte do terreno ao lado de onde está sendo construído a entrada do Túnel de número 4. Disseram que iriam ser indenizados futuramente para saírem do local. João prefiro nem comentar… Dalva