Centro empresarial leva emprego para periferia, mas enfrenta falta de qualificação
O Centro Empresarial de São Paulo (Cenesp) chegou ao Jardim São Luís, na zona sul de São Paulo, em abril de 1977. A concentração de mais de 50 empresas em um único espaço trouxe melhorias para o bairro, como a geração de empregos. No entanto, a ausência de qualificação dos candidatos dificulta a chance de se conquistar uma vaga perto de casa.
O local é referência para jovens da região que procuram seu primeiro emprego. O estudante Jonathan Godoy, 18, acaba de ser efetivado em seu trabalho, onde antes era aprendiz.
“Minha mãe me incentivou a participar do programa e quando me disseram que haveria uma vaga, não pensei duas vezes. Lá dentro, vi o quanto a empresa era grande e o quanto o lugar é valorizado, por isso me empenhei muito e fui efetivado”, conta.
Localizado próximo da marginal Pinheiros, avenida João Dias e ponte Transamérica, o tráfego na avenida Maria Coelho Aguiar é sempre intenso. Por isso, quem mora no Jardim São Luís opta quase sempre em ir a pé para o trabalho.
“Tudo isso trabalhando há 15 minutos da minha casa, é muito bom”, ressalta ele, entusiasmado, que também começou um curso de inglês patrocinado pela empresa.
O local também abriga funcionários de Diadema, Grajaú e de outros bairros próximos. O principal diferencial entre os candidatos não é a proximidade de moradia com o local de trabalho e, sim, a qualificação.
A vendedora Daiane Lima, 21, mora no Jardim São Luís desde que nasceu. Ela não concluiu o ensino médio e hoje trabalha em uma loja de calçados da região. Daiane conta que tentou um emprego no espaço, mas que só a chamaram uma vez para entrevista.
“Antigamente, não precisava ir ao RH de lá, porque era só passar nas lojas e nas empresas e deixar o currículo. Fiz isso várias vezes, mas a única vez que me chamaram foi para uma central de operação, porém, como não tenho muita noção de informática, não fiquei.”
Daiane não é um caso atípico. Existem muitos jovens do bairro que mal concluíram o ensino médio e a única noção de informática que possuem é usar o Facebook. Muitos também veem o Centro Empresarial como um patrimônio da região e acreditam, assim, que nunca vai faltar oportunidade de emprego.
A concentração de empresas em um único local também resultou em mudanças físicas no bairro, como o desenvolvimento do comércio local e a valorização do Jardim São Luís.
O Centro Empresarial traz, também, vagas para adultos e idosos, de acordo com o perfil de cada empresa empregadora.
Karen Ferreira, 21, é correspondente do Jardim São Luís
ferreirakaren.mural@gmail.com