Imigrantes latinos em São Paulo se organizam para correr na São Silvestre
Pelo terceiro ano consecutivo, bolivianos que vivem em São Paulo se reunirão para correr na São Silvestre, no dia 31 de dezembro, na capital paulista. A corrida já é tradicional para os paulistanos e também deve se tornar um hábito que antecede o Ano-Novo para imigrantes na cidade.
A participação dos latinos no evento foi organizada por Antonio Andrade, 40, um boliviano radicado no Brasil há cerca de 20 anos e que fundou um site de notícias voltado para a colônia chamado “Bolívia Cultural”.
“Para nós imigrantes é importante ocupar os espaços públicos. Quanto mais expusermos nosso lado positivo, melhor. Esta é uma oportunidade de mostrar o perfil positivo de nossa comunidade”, disse.
De acordo com Antonio, 80 pessoas, entre bolivianos, peruanos e paraguaios, já confirmaram presença na corrida, mas a meta é reunir 150 corredores. Eles se concentrarão na avenida Paulista, a partir das 7h30 em frente ao MASP, para irem juntos ao ponto de largada.
Em clima de festa, os atletas terão ainda o apoio de cerca de 60 pessoas na torcida em uma barraca no viaduto do Chá, onde serão distribuídas garrafas de água. Lá também haverá comidas típicas, como a salteña, que é um tipo de empanado, e muitas bandeiras bolivianas.
Nascida no Brasil, mas filha de bolivianos, a advogada Ruth Camacho, 51, participou das duas últimas edições e levou consigo a família para correr. “[Este ano] vou participar de novo mesmo não chegando até a final. Vamos eu, minhas filhas, minhas irmãs e meu irmão”, disse.
Para a advogada, na São Silvestre os brasileiros podem ganhar novas percepções sobre os bolivianos.
“A participação é importante porque demonstra a força, a juventude e o lado esportivo que a comunidade tem. Este é um evento que acolhe esportista do mundo inteiro”, afirmou.
Muitos bolivianos em São Paulo já estão integrados à cultura brasileira, mas na corrida eles estarão uniformizados com uma camiseta saudosista que mostra o amor pela terra natal.
A peça, que tem como lema “Eu Amo Bolívia”, é parte de uma campanha criada pelo Bolívia Cultural que visa melhorar a autoestima dos bolivianos no Brasil e mostrar o lado positivo dos imigrantes no país.
Thiago Baltazar, 25, é correspondente do Butantã
@thi_baltazar
thiagobaltazar.mural@gmail.com
Bravo aos Bolivianos! Desejo sucesso no seu intento.
No entanto, me pergunto até quando nós brasileiros vamos manter a postura incoerente de chamar outros sul-americanos de latinos, sem perceber que a língua portuguesa e, por extensão, todos os lusófonos, somos tão latinos quanto os que se expressam em castelhano, francês ou romeno?
Seria interessante e ousado se a Folha capitaneasse um movimento de esclarecimento a este respeito para diminuir o clima xenofóbico que começa a crescer no país como reação a estas novas ondas migratórias, particularmente dos bolivianos.
Poderia ser algo como: Todo Brasileiro é Latino! ou Brasileiro Também é Latino! (só não percebe quem não quer!)
será que todos estes imigrantes estão legal no pais?