Aposentados produzem alimentos orgânicos na Vila Nova Cachoeirinha

Agência Mural

Feijão, milho, coentro, abóbora e mandioca, além de hortaliças e árvores frutíferas, como bananeiras e até jaqueiras, são alguns dos alimentos cultivados na horta comunitária do Jd. Flamingo, na zona norte de São Paulo. Há cinco anos o espaço vem servindo como fonte de comida orgânica para comunidades da periferia da Vila Nova Cachoeirinha e entorno.

Localizado na estrada Santa Inês, na saída de São Paulo para Mairiporã, a área de 8 mil m² já foi um terreno abandonado propício a ser depósito de lixos e entulhos. Hoje é local de trabalho e fonte de renda para os aposentados Manoel Joaquim Filho, 70; João Ferreira da Conceição, 68; Elias Pereira de Paiva, 61; e Francisco Ferreira, 71, conhecido por todos como “Chicão”.

Apesar de os preços dos alimentos saírem pelo dobro do que é vendido nas feiras, “tudo que é colhido é vendido, falta é o que vender”, garante Chicão, o morador mais antigo a trabalhar na horta.

Segundo o próprio, o sucesso se dá porque os compradores não são apenas moradores da região, mas também de bairros vizinhos, como Jaçanã, Santana e Casa Verde, também na zona norte, e até mesmo do município de Guarulhos, na Grande São Paulo, que buscam alimentos mais saudáveis.

Uma parte da colheita é doada para famílias de comunidades mais pobres, como Jd. Flamingo e Jd. Antártica. Outra parte do que não é comercializado abastece a mesa dos próprios agricultores.

O expediente vai das 6h às 18h, com duas horas de “enxada”, duas de almoço e “o restante é pra atender o povo”, brinca o Seu Manoel, que confessa que a principal razão em trabalhar na horta é “por causa da saúde, porque se a gente só fica em casa deitado, engordando, o corpo não aguenta”.

Cedido pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), o terreno integra o programa “Mãos à Horta”, realizado pela empresa em parceria com a prefeitura da cidade.

No projeto original, 20 pessoas da comunidade do Jd. Flamingo foram cadastradas e receberam um curso sobre agricultura orgânica antes de começarem a trabalhar. A ideia da horta, porém, quase foi abortada quando os participantes, sem sucesso com as plantações, alegaram que a terra era improdutiva.

“Mas eu sei que não existe terra improdutiva, o que existe é terra mal cuidada”, afirma Chicão, que resolveu se “apossar” do terreno com seus três ajudantes e fazer a horta dar certo. E deu.

A água é fornecida gratuitamente pela companhia de sanemanto, que impõe como única condição cultivar as plantações de forma orgânica. Chicão conta o segredo para afastar as pragas sem usar veneno: “pimenta do reino, com alho pisado e álcool. Bota de molho dez dias e sai aguando que num se cria uma lendia mais”, revela.

A cada 15 dias uma agrônoma da prefeitura visita a horta para dar orientações e fiscalizar o trabalho.

O único problema são os constantes furtos noturnos, que tem como principal alvo as ferramentas de trabalho, como enxadas, foices e facões, para serem revendidas em ferros-velhos.

A solução paliativa arrumada pelos agricultores comunitários foi soltar um cão de guarda à noite pela horta e armar uma rede na casinha das ferramentas para Seu João dormir e ficar de vigília durante à noite.

“Se vier alguém pra roubar, eu vou tá esperando ele com o meu cutelo”, disse Seu João, exibindo o facão de açougueiro.

 

João Paulo Brito, 25, é correspondente da Vila Nova Cachoeirinha
@JoaoP_Brito
joaopaulobrito.mural@gmail.com

Comentários

  1. Li a matéria e fiquei encantado com o fato, se todos os idosos tomassem a mesma atitute talvez diminuissemos a gde parcela de pessoas carentes de nosso pais,
    Obs; se possivel me man dar a receita do veneno usado para espantar as lendias. qtos de peimenta,qto de alho etc em quiantos litros de água, ficarei grato se atendido(sou da cidade de Paranacity, no estado do Paraná, e completo 70 anos, em setembro

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