Moradoras criam página para catalogar cães de rua em Perus

Agência Mural

Quem caminha pela praça Inácio Dias, no bairro de Perus, zona norte de São Paulo, depara-se com um grande número de cães acomodados nas gramas, calçadas ou escadarias.

São animais de vários tamanhos, cores e raças. A solução para diminuir o número seria a adoção, porém, a maioria da população só quer os filhotes, enquanto os maiores continuam em situação de abandono.

Essa é a constatação da auxiliar administrativo Danielle Souza, 23. Ela criou, em 2012, uma página no Facebook que catalogou os animais de rua do bairro. No perfil “Ajude os animais de Perus“, ela divulga o nome e fotos dos bichos, além de sua localização. O objetivo é sensibilizar os moradores à adoção dos animais abandonados.

“As pessoas não adotam cachorros grandes com facilidade. Querem filhotes peludinhos, que são adotados em até dois dias. Os grandes são mais difíceis de serem doados, mas nós realizamos os mesmos procedimentos de castração e divulgação”, aponta Danielle.

Meses depois, a microempresária Adriana Pereira, 35, passou a auxiliar a amiga na divulgação e demais cuidados com os cachorros e gatos  em situação de rua –o que envolve a higienização, vacinação e castração.

Todos os interessados em adotar um animal respondem a um questionário formulado por elas, que aponta, entre outras coisas, o compromisso dos cuidados para com o bicho. Questionam a razão pela qual a pessoa quer adotar, se todos os integrantes da família estão de acordo e se o interessado mora em casa ou apartamento.

Depois, elas dão um parecer na página: pode adotar ou não. O parecer é teórico, claro, pois nada impede que o animal de rua seja adotado pela pessoa.

As “cuidadoras voluntárias”, como preferem ser chamadas, costumam realizar tours por Perus para levantar o número de animais deixados nas ruas. Segundo o levantamento, há cerca de 40 cachorros nas ruas do bairro, no cemitério e em construções abandonadas.

Para as cuidadoras, outra forma de enfrentar o abandono é investir na castração dos animais, por meio da conscientização da população.

“O pessoal não tem a conscientização de castrar seu próprio animal. Animais fogem, cruzam, dão cria e voltam para casa. Acredito que muita gente gostaria de castrar, mas não possui condições financeiras. O preço varia de R$100 a R$200, variando de acordo com a clínica e tamanho do animal”, afirma Adriana.

Elas deixam claro, porém, que o trabalho não tem fins lucrativos, não é uma ONG e muito menos um abrigo. “As pessoas acabam confundindo o trabalho e pedindo ajuda para seus próprios animais, sendo que nosso objetivo são os que estão na rua. Infelizmente, não conseguimos recolher todos os animais, pois não temos tem um abrigo físico. Pedimos lares temporários”, diz Danielle, que já adotou dois cães.

Ela diz que, em Perus, há muitas pessoas que se solidarizam, muitas levam comida ou água e algumas chegam até mesmo a levar vários animais para casa.

No dia 8 de fevereiro, a prefeitura fez uma campanha de castração em Perus, mas a divulgação foi tímida, segundo as cuidadoras. Para ajudar, Danielle e Adriana contrataram um carro de som e colagem de panfletos nos postes.

Jéssica Moreira, 22, é correspondente de Perus
@gegis00
jessicamoreira.mural@gmail.com

Comentários

  1. Foi muito gratificante para nós fazer essa entrevista. Agradecemos muito e espero que ela ajude a conscientizar mais pessoas de nosso bairro em relação aos animais.

    Parabéns pelo ótimo trabalho.

  2. Que iniciativa legal. Eu também fico muito nervosa com a situação de abandono dos animais, embora more no centro e veja bem menos. Espero que orientem os novos donos a castrar os cães para diminuir a quantidade de animais de rua. Parabéns para essas pessoas.

  3. Conheço o trabalho( voluntário) da Daniele souza, é árduo, dispendioso, financeiramente falando, feito por amor aos animais abandonados, sem esperar nada em troca,como muitos fazem,visando o lucro.
    Dispõe de seu tempo e seu dinheiro,para comprar ração, remédios, vacinas,custear o transporte para entregar os animais que são doados aos seus adotantes,enfim,nunca a vi pedindo auxílio para nada ,mas sei que precisa de ajuda,visto que a cada dia surgem mais e mais animais nas ruas de nosso bairro. tento pedir o tempo todo no face, que compartilhem os animais que são colocados para adoção , mas percebo que muita gente , parece não se importar com a situação ,pois não compartilham de jeito nenhum, mesmo sabendo que isso não custa nada e ajuda muito a conseguir adotantes, quem sabe essa reportagem ajude a divulgar esse belo trabalho ,e traga apoio à causa animal a que ela e tantas outras suas amigas
    ( Vivi, Graciete, Adriana …)se dedicam aqui em perus…obrigada pelo apoio!
    Parabéns à elas pela bela iniciativa , que deveria, na verdade,partir do Poder Público… mas…

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