Obra em AMA lota hospital em São Miguel Paulista
Os pacientes acostumados a ir até a AMA (Assistência Médica Ambulatorial) Tito Lopes da Silva, em São Miguel Paulista, na zona leste de São Paulo, têm que se dirigir, agora, ao hospital municipal Tide Setúbal, a 230 metros de distância. La são atendidos junto com os outros pacientes no pronto-socorro. Com a mudança, o hospital agora fica lotado.
Segundo a SMS (Secretaria Municipal da Saúde), a AMA recebia 10 mil pessoas por dia.
Ao término da obra, a AMA passará a ser a Unidade Hora Certa de São Miguel Paulista, “que oferecerá consultas com especialistas, exames de apoio diagnóstico e cirurgias eletivas para os moradores”, segundo a secretaria. As AMAs atendem apenas casos de pequena complexidade. No ano passado, foram inauguradas seis unidades Hora Certa. Até 2016, a prefeitura promete entregar mais 26.
O Tide Setúbal, porém, também está em manutenção. “São serviços de manutenção predial e uma obra no subsolo, para futuras instalações do laboratório.” A prefeitura diz ter transferido todos os serviços que funcionavam na AMA para o hospital. “Levamos uma base do Samu, um Núcleo Integrado de Reabilitação e uma Assistência Médica Ambulatorial.” Ao todo, foram alocados os seis clínicos gerais e os quatro pediatras que atuavam na AMA.
Entretanto, os pacientes, que antes podiam ir à AMA, reclamam do tempo de espera para serem atendidos no hospital.“Eu sempre tenho que vir porque tenho dois filhos pequenos. Aqui, normalmente, já é muito lotado, agora está ainda pior”, afirma Tatiana Aparecida, 28, dona de casa. “Infelizmente, é a única opção que a gente tem atualmente”, conclui.
Já o office boy Silas Pereira, 23, conta que esperou três horas para que o seu filho, de 9 meses, fosse atendido por um médico. “É a primeira vez que venho aqui. Tive que vir porque o hospital de onde eu moro [Itaim Paulista] não tinha pediatra”, diz.
A auxiliar de limpeza Elisângela Tibúrcio, 40, escuta Pereira e defende o hospital: “olha, não tenho nada para falar [mal] daqui. O atendimento é ótimo e rápido”, afirma. Ela demorou duas horas e meia para ser atendida.
NÚMEROS DA OBRA
Os moradores da região não têm como saber desde quando ocorre a obra, o prazo de entrega e os valores. Isso porque no local não há nenhuma placa de fiscalização, como deve existir em todas as obras de São Paulo. Normalmente, essas placas têm o número do contrato, a ata do registro de preço, o valor, a empresa de engenharia responsável, além da data de início e o prazo de execução.
Contatada pelo Mural, a SMS informou que o valor da obra é de R$ 6,9 milhões e que “a previsão é de que a inauguração ocorra neste ano”, afirma, em nota.
De acordo com os trâmites legais para a construção ou reforma de qualquer obra no país, existe a fase de “fiscalização de obras”. Nela, há duas variações: a partir da prefeitura ou do Crea (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia). Enquanto a administração municipal controla as obras mediante denúncia, o conselho verifica se a construção está sendo acompanhada por um profissional qualificado.
Embora a AMA Tito Lopes não tenha a placa de fiscalização, o mesmo não acontece com o hospital Tide Setúbal. Iniciada em 5 de agosto do ano passado, a reforma do hospital deveria ter sido finalizada em novembro. O valor da obra está estimado em R$ 480.659,23.
Luís Adorno, 20, é correspondente da Vila Jacuí
@LuisAdorno
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