Moradores de São Miguel relembram tempos de ditadura no bairro
O bairro de São Miguel Paulista, zona leste paulistana, foi o local onde o sindicado dos Químicos e outras entidades oposicionistas ao Golpe Militar de 1964 promoviam várias reuniões escondidas com o objetivo de desarticular o regime militar.
O músico Sacha Arcanjo, 64, lembra que o exército não estava presente nas ruas do bairro, mas a Polícia Militar perseguia especialmente grupos com mais de três jovens. “Tinha blitz em quase todas as esquinas e se você não tivesse carteira de trabalho assinada, tinha que dar explicações”, lembra.
Sacha pertenceu ao Movimento Popular de Arte (MPA), que promovia atividades culturais no bairro. Ele recorda que no fim da década de 1970, na praça Fortunato da Silveira, os moradores gritaram contra a ditadura. “Foi o dia mais significativo de mobilização. Havia centenas se manifestando”, conta.
Sobre a imprensa local, a Folha de São Miguel, em circulação desde 1966, era o jornal mais atuante, cobrando melhorias para a região. Uma intervenção abalou o jornal após um dos sócios fazer denúncias contra um general na televisão.
“Meu tio investigava sobre terras devolutas em Itaquaquecetuba e descobriu que um general era o dono e abusava do poder. Ele o acusou em rede nacional e, no outro dia, o DOI-CODI o prendeu”, lembra o jornalista Antônio Teixeira, 66, sócio do jornal.
Virgílio Gomes da Silva, político desaparecido e falecido em 1969 durante sessão de tortura, era morador de São Miguel Paulista. Conhecido como Jonas, era ativista sindical dos químicos e militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB), braço direito de Carlos Marighella e comandante do Grupo Tático Armado da Ação Libertadora Nacional (ALN).
Somente em 2004 a família teve acesso ao laudo de morte de Virgílio. Parte dos familiares ainda mora no bairro, mas prefere não falar sobre o assunto.
O Movimento Democrático Brasileiro (MDB) também estava presente na região. Fausto Tomaz de Lima, ex-vereador e ex-deputado estadual, é o mais antigo político do bairro, hoje com 96 anos de idade.
Vera Tomaz de Lima, sua filha, conta que o pai foi cassado e que a mãe foi a primeira presidente do partido. “Minha casa era local de reuniões, então éramos muito vigiados e tinha grampos por toda a casa”.
HOMENAGEM
Para lembrar a atuação dos movimentos artísticos da região que lutaram contra a ditadura, a Subprefeitura de São Miguel promove no dia 4 de abril, às 19 horas, o show “Canções de Resistência” do cantor Jocélio Amaro. O show ocorre na sede do órgão, na rua Dona Ana Flora Pinheiro de Souza, 76.
Renata Asp, 23, é correspondente de Itaquera
@renataasp_
renataasp.mural@gmail.com
Vander Ramos, 52, é correspondente do Itaim Paulista
@vander521
vander.mural@gmail.com
É claro q a policia tem q fazer bli tis para ver quem esta sem carteira,mais porque as pessoas tem que dar satisfação por não ter carteira de trabalho assinado.Algumas pessoas não conseguem achar um trabalho,
é muito interessante saber que a população saiu nas ruas gritando contra a ditadura militar.E as pessoas que roubam devem mesmo ser presos ,mais não para ficar 2 anos e já sair tem que ficar ate m….