Moradores criam grupo para discutir poesia no Itaim Paulista
Todo o primeiro domingo do mês, um grupo de aproximadamente 15 pessoas, a maioria com mais de 60 anos de idade, se reúne na Casa de Cultura do Itaim Paulista, na zona leste de São Paulo. O objetivo: declamar obras literárias, aprimorar a habilidade de escrever e o gosto pela literatura.
Eles fazem parte do Ita, coletivo criado há 22 anos, e que tem a participação de profissionais do teatro, da metalurgia, artes plásticas, escritores, educadores, entre outros. Os participantes já lançaram duas antologias [coleção de trabalhos literários] com suas obras, uma em 1998 e outra em 2001. Apesar de ter um formato parecido com um sarau, o grupo se considera apenas um ‘ajuntamento de poetas’.
Durante o encontro, os integrantes se sentam em círculo e recitam os versos que criaram ao longo do mês. Quase todos são do Itaim Paulista ou do extremo leste de São Paulo.
“Fui um dos fundadores e me lembro dos lugares por onde abrigamos nossos encontros poéticos, como na ACRIPA (Associação Cultural e Recreativa do Itaim Paulista), Centro de Estudos do Guarani e depois na Casa de Cultura”, conta o poeta Cícero Dias, 58. “Os anos se passaram e o grupo está sempre se renovando”, ressalta.
Uma das mais novas integrantes é a escritora Terezinha Cordeiro de Farias, 61, ou Tere Cordeiro, como assina. Ela entrou no Ita há três anos e, de acordo com os outros membros, serve de inspiração. “Até pouco tempo, eu nem sabia escrever. Hoje escrevo e dizem que sou poetiza. Tive uma vida sofrida, de campo e roça, e só depois de velha resolvi estudar e me formei”, conta.
O nome Ita significa “pedra” em tupi-guarani e também serviu de homenagem ao bairro do Itaim, traduzido como pedra pequena.
Hoje, os encontros têm a participação da nova geração. É o caso do estudante Guilherme Ferreira, 9, que vai às reuniões ao lado do pai, o morador Brás Ferreira de Souza, 58. “Estou no grupo desde 1998 e, agora, trago ele, que gosta de escrever e declama os versos. Meu outro filho de 5 anos vem às vezes e espero que se interesse pela poesia no futuro”, diz.
O aposentado Mário Ferreira Neves, 71, um dos fundadores do Ita, se considera mais cronista do que poeta, já que gosta de escrever em prosa. “Só fiz o primário porque eu era muito ruim em matemática. Mas gostava de escrever. Comecei a passar as ideias para o papel, porque as coisas fervilhavam em mim e eu precisava me expressar”, explica.
A Casa de Cultura do Itaim Paulista fica na Rua Barão de Alagoas, número 340. Mais informações no telefone: 2598-3329.
Renata Asp, 23, é correspondente de Itaquera
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Vander Ramos, 52, é correspondente do Itaim Paulista
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vander.mural@gmail.com