Jornal mais antigo de Poá fecha as portas após 30 anos
Em 31 de outubro de 1982 surgia a primeira edição do jornal “Notícias de Poá”. Em março deste ano, no mesmo mês em que a cidade da grande São Paulo comemorava o aniversário de 65 anos de emancipação, a publicação mais antiga deixou de circular.
Ao menos 15 profissionais, entre repórteres, freelancers, diagramadores e pessoas responsáveis pela administração, trabalhavam no prédio da redação instalado na Avenida Brasil.
Segundo o proprietário, o jornalista Sílvio de Carvalho Filho, 59, uma das razões do fechamento foi financeira. Ele justifica que não foi possível concorrer com as mídias online.
“A falta de cultura popular do hábito da leitura é a principal pedra no caminho da imprensa escrita. Com a introdução da mídia eletrônica, novas gerações leem menos ainda”, desabafa.
O jornal mantinha um site no ar, mas a página já não existe mais. “A versão online estava a cargo de uma equipe em forma de parceria, mas eles não viram perspectivas comerciais positivas”, explica Sílvio.
Outro motivo decisivo para a não sobrevivência do jornal era o baixo interesse da publicidade local. “A imprensa regional tem um alcance menor se comparado com a grande mídia e, por isso, recebe menos investimento publicitário”, esclarece Marcelo Domingues Tomaz, 24, editor do NP, como também é conhecida a publicação, no último ano.
A suspensão de anúncios e os atrasos nos pagamentos dos funcionários fizeram com que Carvalho, após conversas com a redação, tomasse a decisão de fechar o “Notícias de Poá”.
Guaraci João Calil, 51, que trabalha em uma banca em frente à estação de trem, diz que se surpreendeu quando recebeu as últimas edições para vender.
“É história, né! Hoje em dia, com essa internet, esse Facebook, pouca gente compra jornal. É uma pena”, disse, tentando achar uma edição que guardou.
O jornalista Leandro de Jesus, 30, representa a imprensa alternativa da cidade com o Blog de Poá, há sete anos em atividade. “Restaram alguns jornais que não seguem uma periodicidade fixa. Outros talvez nem dê para chamar de jornal, tal o nível da produção”.
Apesar do fim do jornal, o editor Tomaz segue esperançoso. “Jornalismo de verdade, que realmente faz diferença na vida da população, se faz pessoalmente, com contato humano”. O título do editorial na derradeira edição resume a posição do jornal: “Missão cumprida”. A última edição pode ser conferida neste link.
Tamiris Gomes, 23, é correspondente de Poá
@tamigomes_
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