Grafiteiros revitalizam comunidade no Morro Doce

Agência Mural

No último domingo (8), quem andou pelos corredores estreitos da Favela da 16, comunidade do Morro Doce,  no Distrito Anhanguera, zona noroeste de São Paulo, acompanhou a construção de uma galeria de arte a céu aberto.

Usar a arte para revitalizar espaços deteriorados e esquecidos é a proposta do projeto “Art in Home”. 130 grafiteiros deixaram suas marcas em vielas e casas na 4ª edição do evento.

Casas são revitalizadas no Morro Doce, zona noroeste de São Paulo (Créditos: Divulgação)
Casas são revitalizadas no Morro Doce, zona noroeste de São Paulo (Créditos: Divulgação)

Além de intervenções de graffiti, a programação contou com discotecagem, sarau, roda de leitura, oficinas de reciclagem, show de rap e apresentação de maracatu. Os participantes também puderam ter orientação sobre saúde bucal, em parceria com a Unidade de Saúde, cortar o cabelo gratuitamente e participar do “Varal Solidário” – espaço voltado para doação de roupas.

A iniciativa partiu do coletivo “Lado Sujo da Frequencia”, formado por jovens do Distrito Anhanguera, em parceria com a crew de graffiti “Loucos pela Arte”, também integrada por moradores da região.

“Esta edição teve muito mais estrutura que as anteriores graças ao subsídio que o ‘Loucos pela Arte’ recebeu do VAI (Programa de Valorização de Iniciativas Culturais da Prefeitura de São Paulo). A adesão da comunidade e apoio de grupos e projetos parceiros foi crucial para a realização do evento”, compartilha Bruno Pog, 30, membro do “Lado Sujo da Frequencia” e um dos organizadores do evento.

 casal Carlos André Carvalho, 34, e Roselene Martins, 32, que há 15 anos mora na favela, observava atento os traços do dragão que ia se formando no muro da casa. “Hoje estamos em festa. Bastante gente veio para conhecer a comunidade e o trabalho deles. E isso é bom, assim quem vem de fora sabe que aqui é um lugar sossegado e que morador de favela não é bandido”, explica Carlos André.

Ao todo, 210 artistas participaram da programação, cada um vindo de uma região de São Paulo e do Brasil. Carolina Jaued, 25, veio de Belo Horizonte para prestigiar o evento. “É o primeiro ‘Art in Home’ que participo. Aqui a gente revê amigos, ri, pinta. Vale muito a pena”, afirma entusiasmada a integrante do coletivo “Minas de Minas”, composto somente por mulheres de BH.

“Estamos satisfeitos com o resultado, os moradores da 16 nos receberam super bem. Até saímos daqui com a demanda para uma segunda edição no mesmo local, mas vamos analisar, já que este projeto é itinerante. Temos que decidir até outubro, pra quando está prevista a 5ª edição”, explica Pog.

Thaís Santana, 23, é correspondente de Anhanguera
@thastn
thaissantana.mural@gmail.com