Pedágios atrapalham deslocamentos dentro de Mairiporã
O desembolso de R$ 1,50 a cada vez que for ao trabalho, levar e buscar o filho na escola, ou até mesmo procurar atendimento médico em um hospital. Essa é a realidade vivida por moradores de alguns bairros de Mairiporã, município da região metropolitana de São Paulo.
Privatizada em 2008, a rodovia Fernão Dias, que corta a cidade, foi entregue para a concessionária Autopista, que passou a administrá-la e construiu praças de pedágio entre o centro de Mairiporã e alguns bairros.
Na época da construção surgiram questionamentos quanto a se fazer um pedágio na entrada do município, já que Mairiporã é uma cidade dormitório e possui um fluxo intenso de trabalhadores e estudantes que dependem dos serviços de São Paulo.
Após paralisações, ocasionadas por processos judiciais, o pedágio foi aberto em 2009, iniciando a cobrança em 2010.
Em 2013, outro acesso alternativo foi aberto para canalizar o fluxo dos moradores, porém, no último dia 7 de março, ele também passou a ser cobrado.
Inconformados, moradores da região conhecida como Hortolândia passaram a criar e manter desvios e acessos alternativos, que tem sido fechados pela Autopista.
Indignada, a estudante Janaina Oliver, 23, diz que faz questão de usar os desvios, mesmo que isso saia mais caro do que o pedágio.
“Muita gente usa, não estou sozinha. É absurdo não termos isenção para quem mora na cidade, eu me recuso a dar meu dinheiro para a Autopista”.
Ela cita ainda a situação do Hortolândia. “Para eles é pior. Eu ainda tenho alternativa, mas eles estão isolados [de Mairiporã]. São forçados a ir para Guarulhos ou para a capital”.
Para o músico Ricardo Massonetto, 38, a conduta da empresa é imparcial e desrespeitosa. “São R$ 3,00 (ida e volta) que nos separam do médico, do mercado, do banco, da escola e de tudo mais que a cidade oferece. Pago esta tarifa diariamente e, às vezes, até seis vezes no mesmo dia”, diz.
Questionada pelo Mural, a Autopista Fernão Dias respondeu, por meio de nota, que não há previsão de isenção de tarifa. Com relação ao isolamento de bairros e a cidade de Mairiporã, afirmou que existem outras alternativas viárias que podem ser utilizadas sem a necessidade de utilizar a rodovia e passar pelos pedágios.
“A cobrança de pedágio no trecho concedido é prevista no contrato assinado com o governo federal e a arrecadação é revertida em obras e melhorias, de acordo com o cronograma previsto”, destaca a nota.
Humberto Müller, 23, é correspondente de Mairiporã
@lagomuller
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O Governador de São Paulo deveria construir uma rodovia alternativa para os moradores dessa cidade afinal já pagamos muitos impostos