Fé e assistência atraem imigrantes latinos a igreja evangélica
São Paulo abriga imigrantes de diferentes países da América latina. Da Bolívia, por exemplo, segundo o Consulado, há 200 mil imigrantes no estado de São Paulo e a Associação de Residentes Bolivianos estima que sejam 1 milhão em todo o Brasil. A Polícia Federal registrou 81.139 no país, em maio.
Tirar documentos para trabalhar, juntar dinheiro e investir em um projeto de vida são prioridades dessa comunidade, com forte presença na capital. Mas os imigrantes também se preocupam com a religiosidade.
Eles chegam tímidos e desconfiados a São Paulo, para enfrentar longas jornadas nas oficinas de costura, e muitos vão às igrejas em busca de apoio espiritual e social.
Na esteira do fluxo imigratório, a Aviva Camhi (Centro de Adoración Misión Hispana) chegou ao Brasil há oito anos e criou a Casa del Pueblo. Com sete templos na capital, a igreja realiza atendimentos sociais no Brás.
“É para ficar próximo do trabalho das pessoas”, justifica o pastor e coordenador geral, Ronald Mancilla, 27. “Quem procura assistência é atendido, sem importar a nacionalidade ou religião”.
Um exemplo é o peruano Guillermo Flores, 53, costureiro. Católico e há oito anos no país, ele quer regularizar os documentos de parentes que chegaram recentemente. “Moro na Vila Gustavo e trabalho no Brás. Já vim três vezes para tratar dos papéis”, revela.
Evangélicos, os bolivianos Walter Gonzalez, 27, e Bibiana Gonzalez, 19, também foram atualizar a documentação. O casal mora na Vila Maria Alta e planeja construir uma casa em La Paz. Se conheceram em São Paulo e retornaram à Bolívia para o casamento, em 2011. “Foi só no cartório civil, mas nossas famílias participaram”, conta Walter.
A Casa del Pueblo também orienta em questões de saúde, segurança e habitação e realiza aconselhamento familiar, jurídico e psicológico. “Temos profissionais voluntários que ajudam. Para os cursos técnicos, há pequena colaboração financeira dos alunos”, diz o pastor Mancilla.
O estudante Diego Mamani, 25, busca capacitação. Em La Paz, apenas estudava, agora trabalha em uma oficina de costura e poupa dinheiro para pagar os estudos em música e se tornar professor na Bolívia.
Mamani já toca alguns instrumentos, como a tradicional zampoña, um tipo de flauta. “Quero voltar ao meu país em 2015 e uso o tempo livre para estudar. Fiz a inscrição para o curso de montagem de computadores”, comemora.
FESTA ANDINA
Nos dias 9 e 10 de agosto, sábado e domingo, os imigrantes festejaram a independência boliviana. O Memorial da América Latina recebeu 50 mil pessoas para curtir o “Eu Amo Bolívia 2014”, evento de fé, cultura, música e gastronomia andinas. Os cultos realizados pela igreja Aviva Camhi na Vila Maria também tiveram caráter festivo nesses dias.
Sidney Pereira, 58, é correspondente de Vila Maria
@sidneypereira00
sidneypereira.mural@gmail.com
SAIBA MAIS:
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Parabéns matéria, muito interessante , não imaginava que a comunidade fosse tão unida ,cada qual com sua religiosidade, comemorando mesmo longe ,as festividades de seu PAÍS. ótimo.
Sr. Sidney, meus parabens pelo seu trabalho e apreço pela vida e bem estar das pessoas. Continue com força e muita vontade de vencer. Humberto