‘Estéticas das Periferias é também uma ação política’, diz organizador

Agência Mural

Ocorreu nas últimas semanas a quarta edição do Encontro Estéticas das Periferias, promovido pela ONG Ação Educativa e parceiros. O evento, com foco na divulgação da arte produzida na periferia, contou com uma programação em diversos locais da cidade de São Paulo.

Na avaliação dos organizadores, o objetivo foi alcançado. “A gente conseguiu o que esperava do evento, que são as experimentações. A abertura deste ano foi emblemática. Mas a gente está evoluindo ainda”, relata Antonio Eleilson Leite, coordenador da área de cultura da Ação Educativa.

Entre a abertura do encontro, com a apresentação da peça “Favela” no auditório do Ibirapuera, até o encerramento, com um show de Emicida para mais de 4 mil pessoas na Vila Nova Cachoeirinha, zona norte, ocorreram diversas apresentações de música, teatro, debates, além de percursos temáticos.

A edição 2014 homenageou a escritora Carolina de Jesus e o fundador do Teatro Experimental do Negro, Abdias do Nascimento.

“O Estéticas das Periferias quer promover a produção estética e, ao mesmo tempo, combater uma visão que só promove a periferia pelo lado social, de quem está de fora, das ONGs, da mídia, dos pesquisadores deslumbrados”, reforça Leite. “É uma iniciativa que é também uma ação política”.

Cena da peça 'Favela', apresentada na abertura do evento. (Foto: Capulanas Cia de Arte Negra)
Cena da peça ‘Favela’, apresentada na abertura do evento. (Foto: Capulanas Cia de Arte Negra)

Idealizado em 2009, o encontro ocorreu pela primeira vez em 2011 em um formato acadêmico, restrito a convidados, com o objetivo de discutir e refletir sobre a produção artística que se desenvolve nos bairros periféricos da capital.

O nome foi inspirado na exposição ‘Estética da Periferia’, realizada em 2005 e 2007 no Rio de Janeiro e no Recife, respectivamente, com curadoria de Gringo Cardia e Heloisa Buarque de Holanda, que se tornou parceira da Ação Educativa e participou dos encontros em São Paulo.

Em sua segunda edição, em 2012, o evento ganhou uma nova forma e os movimentos e grupos culturais passaram a participar da organização. Uma mudança conceitual e significativa foi a transição do nome do singular para o plural.

“Periferia não é só uma questão geográfica, de pobreza, há periferias de outros tipos. Em torno do termo há muitos significados”, comenta o coordenador.

Há dois anos, as atividades passaram a circular em vários espaços de diferentes regiões do município e as mostras artísticas ganharam mais destaque. Em 2013, a ação passou a ter apoio do Governo do Estado e a prefeitura aumentou sua participação – a programação se disseminou nos CEU’s (Centro de Educação Unificado) de vários bairros.

Após a avaliação da quarta edição, a equipe deve começar a planejar o evento de 2015, mas Leite já antecipa alguns desejos. “Vou propor desde já Os Racionais. Espero que dê certo”.

Lívia Lima, 27, é correspondente de Artur Alvim
@livialimasilva
livia.mural@gmail.com

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