Antes marcada por violência, praça recebe show ‘À Favor da Vida’
“Eles só queriam falar da chacina e a gente queria era falar do Samba [do Bowl]”. Foi assim que o educador social Fábio Alves Barbosa, 24, descreveu a forma como o Jardim Elisa Maria, na Brasilândia, zona norte de São Paulo, era visto pelos veículos de comunicação, principalmente, após ficar marcado por três episódios de assassinatos que envolveram menores de idade.
Um dos casos, inclusive, dá nome à Praça dos Sete Meninos, que em agosto foi palco para o show “À favor da vida”, promovido pelo CCJ (Centro Cultural da Juventude) em parceria com a Kaza Zumbi Onijà -espaço cultural que organiza encontros e oficinas para os jovens da região.
O evento integrou o especial Mês da Juventude, promovido pela Secretaria Municipal da Cultura. Entre diversas apresentações, ele contou com a participação de artistas como o rapper Mano Réu e o Dj Bolívia.
Coordenado por Barbosa, o Samba do Bowl também marcou presença durante o show. O nome do grupo faz referência ao local em que acontecem as apresentações, em cima de uma rampa de skate. Com o apoio de outros grupos, como o Inquérito, a iniciativa de se apresentar no local foi uma forma de chamariz para que esse evento fosse realizado na praça.
Alexandre Piero, 32, diretor geral do CCJ, explica: “Queremos que o evento se mostre como um espaço consciente de valorização à arte e a cultura, não a morte de jovens, vítimas de violência policial e cotidiana”.
Com um palco bem estruturado, esquema de luzes e DJ, a praça contou com um público estimado de 250 pessoas, um bom número em relação a outros eventos. “Hoje tá ótimo! Em dia de semana não é assim”, observa Fleuri Dantas, 33, autônomo, enquanto filmava o filho jogar bola no campo de várzea que abrigou o palco do show.
Mesmo tendo apenas a praça como ponto de lazer próximo, Dantas afirmou que gosta do local. Só esperava que fosse mais bem conservado. “Eu até arrumei o playground pro meu filho usar”, desabafa.
Na Praça dos Sete Meninos, a principal queixa dos moradores é a iluminação. No período da noite, a falta de luz afasta o público do local. Barbosa acrescenta que, devido à falta de energia elétrica, eles realizam o Samba do Bowl utilizando a energia do bar vizinho.
Para melhorar a estrutura do espaço, o educador social já diz saber o que fará com o seu cachê, recebido da Prefeitura pela apresentação. “Vamos organizar nosso espaço e comprar equipamentos. O nosso cachê vai ser pra praça”, afirma.
Jéssica Costa, 23, é correspondente de Taipas
@eujessicacosta
jessicacosta.mural@gmail.com
SAIBA MAIS:
– Músicos usam samba para mudar cenário de violência na Brasilândia
– Jovens buscam incentivo para desenvolver projetos culturais
– Boato de toque de recolher assusta moradores do Jardim Damasceno