No Jabaquara, jovens lançam start-up para ajudar professores em sala de aula
Quando tinham 15 e 16 anos, os amigos Felipe Correia e Marcio Araújo recorriam aos livros da escola para se conectar a um universo desconhecido. De biblioteca em biblioteca, no bairro do Jabaquara, periferia na zona sul de São Paulo, ganharam o gosto pela leitura.
Hoje, 11 anos depois, os livros nas prateleiras de madeira deram espaço aos tablets e computadores. Com 26 e 27 anos eles dividem o gerenciamento da ACRIA (Aprendizado Criativo), uma start-up de tecnologia e educação.
A amizade surgiu quando ainda estavam na creche. Apaixonados por tecnologia e educação, viram na dificuldade enfrentada por professores em sala de aula, uma oportunidade de empreender. Com um investimento de R$ 1 mil, segundo Marcio, em 2012 eles fundaram a empresa.
No início, o foco eram livros digitais interativos, incluindo animações. Em parceria com a autora de livros, Tania Ricci, a dupla chegou a lançar o e-book “O Robo SY”, disponível gratuitamente na App Store.
Hoje, a atuação mudou. No lugar de livros interativos, passaram a investir no desenvolvimento de software. “Fizemos uma plataforma que auxilia os professores na avaliação formativa do aluno”, conta Marcio, que possui formação na área financeira.
O parceiro Felipe, formado em Análise de Sistemas e Gestão de Negócios, ficou encarregado de criar a primeira plataforma virtual da start-up, o Eduqa.me. Disponível na web, a ferramenta auxilia o professor de educação infantil a fazer seus relatórios pedagógicos.
Se antes, ao realizar uma atividade com a turma o educador precisava anotar tudo em um papel, com o Eduqa.me esse processo pode ser realizado on-line, em computadores ou dispositivos móveis.
Com a opção de criar registros separados em módulos, como “linguagem e movimento”, o professor consegue gerar um relatório para acompanhar o desenvolvimento de cada aluno em uma determinada área. O projeto pretende que, no futuro, os pais também possam acompanhar pela internet como está o aprendizado do seu filho.
A start-up trabalha no modelo B2B (business to business), ou seja, vendendo a plataforma para escolas. A cada número de crianças cadastradas no sistema, a instituição paga um valor mensal.
Atualmente o projeto também faz parte do Programa Dignidade Brasil da Fundação Dom Cabral, onde passa por um curso de formação executiva na própria fundação. Em 2012, ela foi selecionada para participar da Raiz, uma iniciativa da Faculdade de Engenharia de Sorocaba que visa facilitar o processo de criação e infraestrutura de novos negócios.
RECONHECIMENTO
Em 2013, os amigos receberam o prêmio de melhor projeto na categoria Empreendedorismo no concurso Launching People – Revelando Talentos, da empresa Samsung, com o projeto “Education Analytics” (primeiro nome dado ao Eduqa.me), dentre 500 projetos.
Atualmente o projeto está em fase de testes em quatro unidades de educação infantil da rede privada de Sorocaba, região metropolitana de São Paulo, atingindo cerca de 150 crianças.
“Pensamos grande, queremos ser uma plataforma com capacidade para atender todo o Brasil, conclui Felipe. Segundo os amigos, a burocracia ainda é um empecilho para implementar a ideia nas escolas públicas.
Vagner Vital, 25, é correspondente do Jabaquara
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