Em Guaianases, mulheres vítimas de violência escrevem livro de contos

Agência Mural

Todas as quartas, um grupo de mulheres se reúne no Centro de Convivência da Mulher, no bairro de Guaianases, zona leste de São Paulo. O objetivo é escrever um livro de contos, produzido inteiramente por mulheres que sofreram violência doméstica.

Trata-se do projeto Contos de Viviane, que estimula a produção literária de mulheres que sofreram ou que ainda sofrem violência doméstica. O programa tem apoio do VAI (Programa de Valorização de Iniciativas Culturais), da prefeitura da capital.

Nesta terça (25), é celebrado o Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher. De acordo com o Observatório Nossa São Paulo, na região de Guaianases, ocorrem 234 internações motivadas por violência doméstica para cada cem mil habitantes, índice maior do que a média da cidade. O dado é de 2007.

Participantes escrevem suas histórias em cadernos
Participantes escrevem suas histórias em cadernos

O processo do livro está na fase final e deve sair em dezembro. Uma das responsáveis pela ideia é a estudante de Serviço Social Roseane Arévalo, 30. Para ela, a escrita dos contos permite que as mulheres sejam ouvidas. “Quando elas escrevem, desabafam um pouco daquilo que viveram e isso é emocionante.”

Mercedes Aurélio, 60, que tem deficiência auditiva, sofreu maus-tratos desde a infância, com o pai e, depois,  com o marido. “Estou maravilhada com o projeto e escrevendo algo em um livro que alguém vai ler e saber quem sou eu”, afirma.

Apesar da história de sofrimento, Mercedes é conhecida pelo bom humor. “As mulheres dizem que eu sou a alegria delas”, comenta.

Para Roseane, a ação surtiu efeito na medida que delas já começaram a escrever inspiradas nas autoras trabalhadas, como Cora Coralina e Carolina Maria de Jesus. Além de compartilhar as histórias umas com as outras, as mulheres podem levar para casa os livros da biblioteca do local.

O centro de convivência, chamado Viviane dos Santos, foi aberto há dez anos e atende mulheres que sofreram algum tipo de agressão. A cada mês, mais de cem frequentadoras participam de rodas de conversa, debates e atividades como dança e ginástica.

Lucas Veloso, 20, é correspondente de Guaianases
lucasveloso.mural@gmail.com

Comentários

  1. SUPER, SUPER, SUPER!!!!!!!!!!!!
    ROSEANA ARÉVALO: gostaria de contatar-me com você; estou em uma linha paralela a esta da matéria dos CONTOS. Por aqui não seria possível falar sobre. Poderia contatar-se comigo? Sou Psicóloga e moro em Brasília, DF. Agradeço, antecipadamente. E… ABRAÇO A CADA UMA DESTAS VALENTES MULHERES. Meu respeito aos que à frente desta iniciativa. Mouna Moura

  2. Excelente iniciativa. Lembro-me de “Freedom Writers Fundation” quando uma professora inicia um trabalho semelhante com um grupo de estudantes “problemas” em um bairro violento de Long Beach EUA. Essa iniciativa resultou em um filme de relativo sucesso intitulado Freedom Writers (Escritores da Liberdade). Vale a pena conhecer.

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