Brasilândia vira cenário para gravação de curta-metragem
“Me traz um cigarro e um café?”
É assim que o público tem o primeiro contato com uma mulher cega, negra, magra e de estatura mediana. Seu nome, ninguém sabe, mas suas características psicológicas ficam cada vez mais transparentes em cada palavra que diz.
A cena faz parte do curta-metragem “O Encontro”, produzido por oito alunos do último ano de Rádio e TV da Universidade São Judas Tadeu e inspirado no conto “A cultura do terror”, do escritor uruguaio Eduardo Galeano.
A história é contada pelos olhos de uma mulher cega e acontece no Jardim Elisa Maria, localizado na Brasilândia, zona norte de São Paulo. O curta traz ao público diversas situações que acontecem no cotidiano periférico, como problemas sociais e racismo.
“É um conteúdo 100% original, desde o roteiro, trilha sonora, captação e edição. A inspiração foi do ponto cego do conto [A cultura do terror]”, comenta Diogo Moreira, 21, diretor e roteirista. “Produzir a trilha sonora do curta foi um exercício que praticamos para colocar nas cenas todo o sentimento que estava presente em nós em determinados momentos”, explica Vinicius Sobrinho, 21, assistente de direção.
Por se tratar de um trabalho de conclusão de curso, os alunos encontraram algumas dificuldades para produzir, tanto financeiramente como no dia a dia, “O roteiro foi finalizado em junho. Nós tivemos mais ou menos dois meses para produzir o curta inteiro”, comenta Diogo.
“Fazer a produção foi complicado, porque o nosso orçamento era baixo. Tivemos que buscar diversas alternativas para administrar as gravações externas e a logística dos atores que foram contratados”, explica Mayara Gumauskas, 23, coordenadora de produção.
“Encontrar as locações também foi uma dificuldade, então optamos por lugares que o Diogo [diretor e morador do Jardim Elisa Maria] conhecia”, complementa Vinicius Miguel, 26, produtor e diretor de arte e figurino. “Vale ressaltar que fizemos uma grande divulgação nas redes sociais [para conseguir o elenco] e tivemos um retorno muito positivo em relação ao número de pessoas interessadas em participar”, diz Vinicius.
Para o diretor do curta Diogo, foi gratificante fazer uma ficção na região e poder representar a Brasilândia. “Gravar no meu bairro foi algo bacana porque eu estava em casa, com os meus vizinhos, no lugar que nasci.” Segundo ele, durante as filmagens apareciam muitos curiosos querendo assistir, mas isso não atrapalhava as gravações. “Periferia não é só violência e drogas, nós também fazemos arte, produzimos um bom conteúdo!”, completa.
FICHA TÉCNICA
Direção e roteiro: Diogo Moreira;
Assistente de direção: Vinicius Sobrinho;
Coordenadora de Produção: Mayara Gumauskas;
Direção de arte e Figurino: Vinicius Miguel;
Produção: Briza Senedez, Bruna Franco, Joyce Orlandeli, Vinicius Miguel;
Assistente de produção: Jéssica Silva;
Câmera e direção de fotografia: Cadu Silva;
Sonoplastia e Edição de som: Renê Vignoli;
Elenco (principal): Tatiana Godoi (mulher Cega) e Alison Falconeres (enfermeiro).
Jéssica Souza, 23, é correspondente de Guarulhos
jsouza.mural@gmail.com
Parabéns a todos, um parabéns a uma especial, cadu.