Professores e alunos do Jardim Ângela reivindicam melhorias nas escolas

Agência Mural

Desde o dia 13 de março, os professores da rede estadual de ensino de São Paulo estão em greve. Até o momento, diversos protestos já aconteceram pela cidade e na zona sul de São Paulo não tem sido diferente.

Professores, alunos e a comunidade das escolas estaduais Profº Luís Magalhães de Araújo, Jardim Esperança, José Lins do Rego, Prof. Orlando Mendes de Moraes e Honório Monteiro, foram às ruas do bairro Piraporinha para fazer um ato em apoio aos docentes.

No dia 26 de março, houve uma aula aberta e uma caminhada na Estrada do M’ Boi Mirim e Guarapiranga, e no dia 1º de abril, um ato no Largo do Socorro. Nesta quinta-feira (9), às 15h, haverá no mesmo local o II Grande Ato Unificado Zona Sul – Em defesa da educação pública de qualidade.

“Estamos juntos nessa por melhorias nas escolas públicas, principalmente em nossa região, já que aqui as escolas são esquecidas. É difícil encontrar escola com laboratório, sala de informática que funcione. Não há biblioteca; existem livros mas não podemos pegar”, revela Saulo Vilanova Nascimento, 16, aluno do 3° ano do Ensino Médio da E.E Profº Luís Magalhães de Araújo.

Moradora do Jardim Vera Cruz, a professora Nivea Macedo, 39, leciona as disciplinas de Língua Portuguesa e Inglesa no Ensino Fundamental e Médio do Colégio Prof. Orlando Mendes de Moraes. Ela conta que aderiu à greve por conta das péssimas condições na educação.

“Os alunos têm que estudar em salas lotadas onde não conseguem se locomover. Há salas com mais de 50 alunos, mas temos conhecimento de escolas com mais de 60. Os professores compram até papel higiênico com o próprio dinheiro e não têm materiais básicos para dar uma aula descente”, relata.

Gabriel Barbosa Morais, 16, morador do Jardim Horizonte Azul e estudante do 2° ano do Ensino Médio da Escola Orlando Mendes, diz que, mesmo sem greve, eles ficam com aulas vagas.

“Quando vamos à escola, temos uma ou duas aulas com professores que não estão de greve, e nas outras ficamos no pátio, pois a escola não libera mais cedo. Parece que a greve é apenas pelo aumento do salário, mas na verdade é por melhores condições no ensino”, acredita.

Maria Consoladora da Silva, 51, mais conhecida como professora Dora, mora na Guarapiranga, tem 32 anos de magistério e há 15 anos atua com dois cargos na rede estadual de ensino. Com uma carga horária de 64 aulas semanais, trabalhando de 12h a 14h por dia, ela recebe um salário base de R$ 1.858,41.

Segundo Dora, ela já deveria ter se aposentado por um dos seus cargos, mas tem passado por diversas dificuldades para conseguir este direito. Atualmente ela leciona Ciências Físicas e Biológicas na E.E. Antonio Manoel Alves de Lima (Jd. São Luís), e matemática na E.E. JD Capela IV e E.E. Luís Magalhães de Araújo (Jd. Ângela), escola na qual acompanhou os alunos na Quanta – Competição Internacional de Ciência e Matemática, na Índia.

“Estou em greve porque nas escolas não têm laboratório equipado. Quando fazemos uma experiência, temos que comprar produtos do nosso bolso. Os laboratórios das escolas são depósitos de livros. Não existem salas de informática com computadores e softwares adequados para uma classe inteira. Nos terceiros anos do Magalhães tem turmas com 53 alunos. No Capela IV, tem um sétimo ano, que não dou aula, mas sei que tem mais de 40 alunos. Como dar uma aula de qualidade numa série lotada assim?”, desabafa.

De acordo com a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, a média de comparecimento de professores nas escolas estaduais foi de 92% ao longo da última semana e a pasta conta com um cadastro de 35 mil professores substitutos, acionados para suprir ausências diárias nas unidades de ensino.

A secretaria informa que o padrão no primeiro ciclo do ensino fundamental é de 30 alunos por sala, no segundo ciclo, 35, e no ensino médio, 40. Em relação à superlotação de salas, a Secretaria diz que não há turmas com 50 estudantes.

“Há inclusive, salas de aula abaixo da média. Na Escola Estadual Luís Magalhães de Araújo, por exemplo, há uma média de 27 alunos nas salas dos anos finais do Ensino Fundamental e de 39 alunos no Ensino Médio”, afirma a secretaria.

 Cíntia Gomes, 31, é correspondente do Jardim Ângela
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