Moradores debatem qualidade da água em Embu das Artes

Agência Mural

A Sociedade Ecológica Amigos de Embu – SEAE organizou no sábado (27) o evento “Sede no Berço das Águas”, que reuniu estudiosos do meio ambiente, moradores da região, pesquisadores e interessados em debater o tema e pensar em soluções, no município de Embu das Artes, na Grande São Paulo.

A iniciativa foi apresentada pelo presidente da SEAE, Rodolfo Almeida, 33, e surgiu da necessidade em informar à população sobre a gravidade da poluição nas águas da cidade, que tem 59% do seu território em Área de Proteção aos Mananciais, pertencentes aos sistemas Guarapiranga e Alto Tietê. Contudo, até 2010, apenas 15% dos 44% de esgoto coletado era tratado.

Os geógrafos Helga Grigorowitschs e Marcos Ummus abordaram a importância das áreas florestadas para a manutenção das bacias hidrográficas em Embu das Artes – compostas pelos rios Cotia, Embu-Mirim e Pirajuçara –, o mapeamento da ocupação do solo e a qualidade das águas.

O rio Embu-Mirim é responsável por um terço da composição do sistema Guarapiranga, que abastece São Paulo e a região metropolitana. “Em 2010, 51% das Áreas de Preservação Permanentes nas várzeas do rio Embu-Mirim estavam irregulares, com grande ocupação industrial”, afirma Marcos.

Com isso, a água que vai à Guarapiranga, na zona sul da capital, chega com alta concentração de poluentes, antes de abastecer as casas das pessoas. “As várzeas são delicadas, pois conduzem rapidamente resíduos para os aquíferos, contaminando rio, córregos e até os poços das imediações”, aponta o geógrafo.

O socioecólogo Rafael Ummus abordou os parâmetros utilizados na mensuração da qualidade da água (físicos, químicos e biológicos) e os resultados de análises do rio Embu-Mirim, no ano de 2010.

“O nível de qualidade da água sofre altos e baixos, conforme o impacto dos outros rios e córregos quando atingem o Embu-Mirim”, comenta. “Essa piora decorre do esgoto doméstico depositado pelos córregos sem tratamento neste rio.”

O climatologista do INPE, Paulo Nobre, aponta a importância em mobilizar os moradores. “O desafio hoje é preservar a Reserva da Biosfera em Embu das Artes e região, que produz água potável e ar puro, além da necessidade do engajamento da população para cobrar ações a exemplo de Campinas, onde os esgotos estão em vias de serem 100% tratados”.

O público se dividiu em rodas para pensar em ideias possíveis de conscientização sobre os recursos hídricos. “É preciso transformar os dados técnicos em linguagem mais acessível; promover educação ambiental nas escolas, para atrair os jovens e comunidades”, afirma a jornalista Fabíola Lago, moradora de Embu.

Também falaram ao público Mauro Scarpinatti, da “Aliança pela Água” e Caio Ferraz, criador do documentário “Volume Vivo”.

SEAE

Criada por moradores da cidade, a entidade surgiu nos anos 1970 para atuar na preservação ambiental de Embu e região e desenvolve projetos educativos. Para conhecer e colaborar acesse o site.

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Sílvia Vieira Martins, 33, é correspondente de Embu das Artes
@silviacomunica
silviamartins.mural@gmail.com

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Comentários

  1. Sem água potável não há condições para a vida. Por que a população não está cobrando das autoridades, de forma intensa, planos de saneamento básico, destinação adequada do lixo e preservação das áreas florestadas? Falta conscientização e interesse?

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