Morador de Santana economiza até 40% com captação de água da chuva
Há cinco anos, quando o arquiteto Ribamar Vaz, 53, iniciou mais uma reforma em sua casa, ninguém falava em crise hídrica ou racionamento. “Sempre achei que tinha que estar preparado para isso”, comenta o morador de Santana, na zona norte de São Paulo.
Com materiais que sobraram de obras que ele realizou em outras casas, Vaz construiu uma cisterna para captar água da chuva. “O único custo foi com a compra de alguns tambores que servem para armazenar a água.”
O equipamento foi projetado por um grupo de estudos do qual o arquiteto fez parte, na Universidade de São Paulo, com objetivo de produzir soluções baratas para problemas como captação de energia solar e escassez de água. A cisterna foi feita com filtro auto limpante. “A tela é feita com PVC e uma tela mata-mosquito. Não dá o menor trabalho”, comenta.
Em meio a crise da falta de água que ainda não terminou – o Sistema Cantareira tem 19,9%, contando o volume morto, ele lamenta a falta de interesse das pessoas em projetos do tipo. “Meus vizinhos sabem que aqui tem, mas não se interessam”, diz. Segundo ele, isso pode ser consequência da falta de integração da cidade.
Porém, ele avalia que a procura por alternativas ao problema hídrico aumentou em alguns bairros e há uma “preocupação maior”.
“Um vizinho não conhece mais o outro. Posso ter uma ideia, com que o outro concorde, mas é muito difícil conversar”, avalia. “A gente não tem muito do estado agindo na cidade. Quando falo cidade, não estou falando só de Avenida Paulista, Jardins, ou até mesmo Santana. Tem lugares hoje, que são uma ilha sem nada” afirma.
A cisterna, foi incluída na última reforma da casa há cinco anos. E passou a ser utilizada quando o problema da falta de água ficou mais evidente em maio do ano passado.
Ele gastou R$ 30 mil na última reforma e R$ 2 mil com a compra de equipamentos para economizar água. Apesar do sistema de captação servir apenas para o acionamento da descarga, a economia já chegou a 40%, segundo estimava dele. Ele também reutiliza o líquido para regar as plantas de um jardim que há na parte superior de sua casa.
Por conta do agravamento da crise hídrica, o custo para produzir um sistema semelhante aumentou: uma bomba de plástico, por exemplo, custava R$ 40 e, hoje, não saí por menos de R$ 180.
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Raphael Preto, 20, é correspondente da Vila Guilherme
@pretoraphael
raphaelpreto.mural@gmail.com
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Caro amigo, achei interessante o seu projeto, e eu gostaria de implantar um similar.